Diversidade

Metade das iniciativas de equidade de gênero estão atrasadas ou indefinidas

No Brasil, apenas 36% dos empregadores acreditam estar rumo à equidade de gênero. Falta de políticas no setor é fonte de insatisfação para mulheres

de Redação em 25 de julho de 2024
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De acordo com a pesquisa “Women in the Workplace” da McKinsey, para cada 100 homens que avançam de cargos operacionais para posições de gerência, apenas 87 mulheres são promovidas. Apenas 5,8% das empresas listadas no ranking Fortune 500 Global têm mulheres como CEOs, revelando disparidades significativas.

Apesar de continuarem a receber salários 21% menores que os homens, as mulheres estão buscando oportunidades de crescimento. No Brasil, 21,3% das mulheres acima de 25 anos possuem ensino superior, em comparação com 16,8% dos homens, segundo dados do IBGE. A pesquisa da McKinsey destaca que cerca de 80% das profissionais desejam avançar em suas carreiras, com 88% das mulheres negras compartilhando esse objetivo.

A equidade de gênero requer um esforço conjunto, envolvendo as empresas nesse movimento. Segundo o ManpowerGroup, metade das iniciativas de equidade de gênero globalmente estão em atraso ou não foram devidamente estabelecidas. No Brasil, apenas 36% dos empregadores acreditam estar rumo à equidade de gênero.

Iniciativas concretas

Wilma Dal Col, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil, destaca a importância de iniciar mudanças “pelo topo” nas organizações. Ampliar a conscientização e as conversas sobre equidade de gênero exigirá ações concretas, identificando e resolvendo problemas sistêmicos.

Para impulsionar a diversidade, 40% dos empregadores brasileiros investem em programas de desenvolvimento de lideranças, 34% em uma cultura organizacional inclusiva e 31% em políticas de trabalho flexíveis, conforme indica o estudo do ManpowerGroup.

Além disso, a tecnologia é vista como um impulsionador da equidade de gênero. No Brasil, 70% dos empregadores acreditam que a tecnologia está apoiando a equidade de gênero. A Inteligência Artificial, por exemplo, está sendo usada para seleção imparcial de candidatos, sem distinção de gênero.

Questão de liderança

Segundo estudo do Movimento Pessoas à Frente, as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança, e as mulheres negras são apenas 15%, mesmo representando 28% da população brasileira. Em relação aos cargos públicos, a proporção é de 42% mulheres líderes, enquanto as mulheres negras são minoria, com somente 11%.

A sobrecarga enfrentada pelas mulheres, dividindo seu tempo entre trabalho, cuidado de filhos e afazeres domésticos, continua sendo um obstáculo persistente. Dados do IBGE mostram que as mulheres dedicam quase o dobro do tempo dos homens para tarefas domésticas: em média, 21,6 horas semanais, comparadas às 11 horas dos homens – uma diferença de 10,6 horas. Essas informações são extraídas do estudo “Estatísticas de Gênero: Indicadores sociais das mulheres no Brasil.”

Mesmo representando mais da metade da população brasileira, conforme o último Censo Demográfico do IBGE de 2022, as mulheres continuam enfrentando barreiras significativas.

A psicanalista e Presidente do Ipefem, Ana Tomazelli, destaca: “Apesar dos avanços conquistados rumo à equidade de gênero nas organizações, ainda enfrentamos desafios significativos. As empresas precisam investir urgentemente em políticas de diversidade e equidade, reconhecendo o potencial das mulheres para impulsionar inovação, engajamento e representatividade nos negócios.”

Outra pesquisa, conduzida pela Women Leadership, revela que a falta de políticas de diversidade e equidade é uma das maiores fontes de insatisfação para as mulheres. Para 38% delas, as empresas não oferecem apoio suficiente para a implementação de tais políticas. Além disso, 20,7% acreditam que é necessário investir mais em educação corporativa, enquanto 20,5% apontam a falta de discussões construtivas sobre o tema como um desafio.

Tomazelli enfatiza a necessidade de que as organizações não se limitem a declarações de intenção, mas adotem ações concretas. Isso engloba programas de capacitação específicos para mulheres, promoção de uma cultura inclusiva e igualitária, e uma constante revisão das políticas internas para eliminar qualquer forma de discriminação de gênero.

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