A Lei 12.764, de 2012, conhecida como Lei Berenice Piana, incluiu o espectro autista no rol das deficiências, abrindo espaço para a inclusão garantida em lei do público com autismo nas companhias. Já o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), outro padrão neurodivergente, é tema de Projeto de Lei que tramita em caráter conclusivo em comissões parlamentares, para a mesma finalidade. Acima de qualquer legislação, no entanto, e como nestes dois exemplos, os desafios e oportunidades para a inclusão de pessoas neurodiversas são muitos. Uma discussão sobre o tema integrou o 3° Fórum Melhor RH Diversidade e Inclusão, promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação, em formato online e gratuito no início de dezembro. Um outro aspecto foi apresentado, para além daqueles que dizem mais respeito à seleção afirmativa desses públicos: o diagnóstico tardio entre colaboradores da empresa.
No painel “Atualização de perfil: neurodiverso – Como apoiar colaboradores frente a diagnósticos tardios”, Laís Nunes de Jesus, mentora e consultora de Acessibilidade na Comportamento e Diversidade, e Caio Bogos, CEO da aTip, debateram como gestores podem ajudar nesse processo e acolher os neurodivergentes nas organizações.
Bogos destaca a importância de reconhecer as habilidades que estes profissionais podem trazer para as empresas. Ele ressalta que a neurodiversidade não é uma desvantagem, mas sim uma forma diferente de processar informações e interagir com o mundo.
Laís concorda: “É preciso ir além dos déficits e abordar a questão das habilidades que essas pessoas podem trazer. A gente do RH é bombardeada com aquilo que essas pessoas apresentam de gaps e é preciso ir além”, enfatiza, por sua vez, a executiva.
Ela sublinha a importância de criar ambientes de trabalho que valorizem a diversidade de habilidades cognitivas e promovam a inclusão de profissionais neurodiversos. Ela destaca a necessidade de oferecer suporte e recursos adequados, além de promover a conscientização e compreensão sobre as necessidades desses profissionais, nem supervalorizando suas potencialidades, nem subestimando-as.
Para Bogos, a conscientização é essencial. A mudança de atitude com as pessoas neurodiversas, no entanto, é um obstáculo à parte. “A maioria dos desafios relacionados à inclusão de pessoas autistas e outros está no fato de que as lideranças precisam mudar seus comportamentos, o que já é um desafio gigantesco, pois a mudança de crenças é algo desafiador.”
A mudança para um ambiente de trabalho inclusivo, que valorize a diversidade e as diferentes formas de pensar, é vantajosa em todos os aspectos, entende o executivo. As empresas que abraçam a neurodiversidade se beneficiam de uma equipe mais criativa, inovadora e produtiva, acredita Bogos.
Para promover a transformação cultural a partir das lideranças, Laís destaca, principalmente, uma mudança de postura quanto à comunicação com o público neurodiverso, que em geral deve ser mais direta. “O senso de justiça também pode ser aguçado”, observa a executiva, explicando, contudo, que existem diferentes nuances e personalidades, e que é importante o cuidado em acolher a singularidade de cada colaborador.
(*Com reportagem do Portal da Comunicação)
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