Diante da magnitude das mudanças e da frequência com que elas ocorrem no mundo hoje, as organizações e, mais diretamente, suas lideranças, experimentam uma realidade onde há poucas referências do passado que possam de fato ajudá-las.
Isso porque os líderes não têm mais respostas efetivas, tão valorizadas no mundo executivo, por conta da dificuldade de se ter uma compreensão clara do que está acontecendo nos diferentes cenários, tanto internos quanto externos.
Isso já é suficiente para colocá-los, com frequência, na zona de desconforto, porque as respostas prontas não dão mais conta para resolver as questões diante das incertezas, ambiguidades e complexidades.
É preciso, portanto sair do piloto automático para poder entender ou interpretar os eventos e demandas, estando aberto para experimentar novas abordagens, comportamentos e até novas responsabilidades.
Arriscamos então dizer que as lideranças, em alguns momentos, podem estar falhando por focarem excessivamente nas ações ligadas ao curto prazo e a sobrevivência do negócio, deixando de olhar para as necessidades das pessoas e para o futuro.
A consequência mais direta deste descompasso pode ser observada através da entropia que vem surgindo hoje em muitas organizações, trazendo improdutividade e um clima pouco inspirador. O desalinhamento, os excessos de controles e a mudança, não gerenciada de forma efetiva, podem gerar resistência e medo e seus efeitos colaterais precisam ser analisados de forma crítica por parte da liderança de modo a provocar um novo protagonismo.
O caminho pode ser bem simples, já que traz para a agenda dos gestores a necessidade de dedicar mais tempo às conversas efetivas com seu time, no sentido de semear um clima de mais positividade para manter acesa a chama do engajamento.
Voltamos ao essencial? Sim. Nunca foi tão importante o diálogo porque ele traz a possibilidade de maior conexão, alinhamento e compartilhamento. A conversa é hoje um poderoso instrumento de gestão de pessoas, tendo como ponto de partida que o líder não é proprietário das verdades absolutas, pois elas colocam em pauta a valorização das contribuições individuais e dos times, que devem ser encorajados a demonstrarem sua capacidade de responder aos desafios de forma criativa.
Então, o que seria essencial para ser incorporado nestas Conversas? Algumas atitudes podem ajudar a viabilizá-las, como: escutar e perguntar mais, ou seja, oferecer uma escuta atenta e mente aberta que lhe possibilite fazer perguntas que gerem nas pessoas a motivação para repensar as opiniões e fazer escolhas mais conscientes; ajudar o time a estar confortável em um cenário desconfortável com serenidade para reconhecer que as respostas não estão mais 100% prontas e perceber onde sua presença de líder e apoio se tornam mais valiosos e incentivar a colaboração, influenciando o time na busca de uma atuação mais colaborativa, construindo parcerias e integrando as diversas perspectivas diante dos problemas e dilemas diários.
Outras atitudes positivas são o desenvolvimento da abertura pessoal, na qual, o líder deve procurar ser mais aberto para lidar com oposições, divergências e resistências como parte natural de um diálogo maduro.
Sendo capaz assim de conduzir conversas difíceis e verdadeiras que possam ajudar a criar referências ou novos acordos bem como o incentivo a discussão, na qual, deve-se ajudar as pessoas a absorverem novos modelos e paradigmas, influenciando e encorajando novos comportamentos, conduzindo as conversas de modo que a estratégia, metas e prioridades sejam compreendidas em um processo de emergência.
Hoje, a liderança que faz a diferença conduz boas conversas, pois estas é que irão ajudar o time a se engajar e entregar resultados melhores por adicionar valor para todos. Puro protagonismo.
Cristina Fortes, coach, consultora sênior da LHH, especialista em transição de carreira, gestão da mudança, mentoria e desenvolvimento de liderança.
Margareth Columa, coach e diretora da LHH.
Renata Tapioca, gerente de Talent Development da LHH, especialista em desenvolvimento de liderança, gestão de mudança, cultura e sucessão.