Arquitetura corporativa

O ambiente e o bem-estar dos funcionários

Escritórios que priorizam a satisfação dos colaboradores contam com equipes mais engajadas e produtivas

De modo geral, as pessoas passam a maior parte do seu dia no ambiente de trabalho. E a pressão nas organizações, somada ao ritmo intenso das atividades, pode comprometer a saúde mental dos colaboradores. 

Segundo pesquisa do ISMA (International Stress Management Association) de 2019, 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela causada pelo estresse: do total, 32% apresentam a Síndrome de Burnout (esgotamento físico e mental intenso). A mesma pesquisa também revelou que 9 em cada 10 brasileiros que trabalham têm sintomas de ansiedade e 47% deles convivem com a depressão em algum nível.

É primordial abordar o papel das empresas na promoção do bem estar dos funcionários, especialmente, no contexto da pandemia e das adaptações dos modelos de trabalho, uma vez que a saúde mental das pessoas em 2020 está diretamente relacionada a este cenário.

Afinal, um ambiente profissional que não estimule a equipe pode levar a problemas físicos e mentais, ao uso de substâncias psicoativas e falta de engajamento e produtividade. A data foi instituída em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental (World Federation for Mental Health) para incentivar a conscientização sobre a importância do tema.

“É comprovado que o ambiente físico pode impactar nosso cérebro, que trabalha a partir de estímulos externos. A neuroarquitetura, aplicada em projetos, obras e construções, consiste na observação e compreensão dos impactos arquitetônicos sobre o cérebro e o comportamento humano”, explica Denise Moraes, diretora de projetos e sócia da AKMX Arquitetura Corporativa.

Por isso, ela prossegue, é importante pensar em espaços corporativos mais humanizados, com soluções que mesclem funcionalidade e aconchego.

Um ambiente funcional e, ao mesmo tempo, harmonioso, contribui com o bem estar dos colaboradores, melhora a qualidade de vida e traz ainda mais resultados.

A especialista cita exemplos de soluções para promover o equilíbrio nos ambientes corporativos: “Uma copa com mais cara de cozinha, espaços com materiais mais acolhedores e confortáveis, por exemplo, ajudam bastante. Poltronas e sofás, com uma luz mais aconchegante, permitem a realização de reuniões on-line e trazem um diferente tipo de estímulo, trazem conforto.

Espaços colaborativos também são muito importantes, pois fazem com que as pessoas tenham mais contato humano e, assim, trabalhem mais satisfeitas e sejam mais produtivas”, afirma.

Segundo Denise, as atividades rotineiras de um escritório, mesmo que comuns, exigem processos diferentes, tais como: graus de concentração, trabalhos colaborativos, tarefas coletivas, criatividade ou, mesmo, espaços de socialização e necessidades particulares, como, por exemplo, uma ligação telefônica. É baseada nesta teoria que a empresa tem se desafiado a projetar ambientes com funcionalidade, conforto, eficiência e natureza, resultando em uma maior produtividade e qualidade de vida.

Recentemente, a AKMX apresentou o Neuro-bio-ux: Neurociência, Biofilia e User Experience (experiência do usuário), um novo conceito em arquitetura que conecta a rotina de um escritório, baseada na neuroarquitetura, na biofilia e na customização dos ambientes, de acordo com as necessidades específicas de cada empresa.

A proposta traz a natureza para dentro dos ambientes, provocando reações cerebrais positivas e resultando em uma grande mudança na experiência do usuário. “É possível, com o Neuro-bio-ux, que o escritório passe a ser reconhecido pelo seu papel na saúde e bem estar dos colaboradores”, afirma Denise.

Sobre o home office e a volta ao novo normal, a MELHOR perguntou à especialista:

Agora, que o home office passa a integrar a rotina de muitas empresas, como adaptar os espaços para essa nova realidade, que unirá trabalho presencial e remoto num modelo híbrido?
A realidade conduzida pela pandemia gerou a necessidade de readequação dos escritórios, que ganham uma nova funcionalidade: os espaços compartilhados serão de colaboração, mas a produção será dentro de casa.

O escritório será de extrema relevância como ponto de encontro, treinamento e reuniões, mas não pode mais ter a cara da ‘produção’. Ele tem que fomentar o relacionamento e a consciência colaborativa.

O novo modelo deve trazer flexibilidade e acessibilidade. Devemos pensar em soluções práticas e viáveis, que mesclem funcionalidade e aconchego. Um ambiente funcional e, ao mesmo tempo, harmonioso, contribui com o bem estar dos colaboradores, melhora a qualidade de vida e traz ainda mais resultados

Além dessa adaptação, quais outras serão imprescindíveis no mundo pós-pandemia?
Com o retorno gradual de alguns setores da economia, os ambientes de trabalho voltam, aos poucos, a ganhar vida, e os protocolos de higiene criados pelos órgãos oficiais de saúde indicam que algumas normas vieram para ficar.

As recepções a distância, com atendimento remoto através de câmeras e equipamentos, tecnologias de controle de acesso sem contato físico, como leitura facial, QR Code ou código de barras; a racionalização do uso de portas, que devem ter sua necessidade repensada, além de serem adequadas ao uso de sensores de presença para que se evite o contato físico com a porta; espaçamento entre estações de trabalho e fluxo de circulação no interior do escritório (sentido obrigatório); uso dos banheiros com limitação de pessoas e sensores que evitam o contato.

Nestes casos, materiais e sistemas autolimpantes, como luzes que eliminam agentes patológicos através de intervenção luminosa.

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