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O impacto dos líderes tóxicos no burnout

Estamos diante de um rápido declínio da saúde mental humana. E o ambiente de trabalho é um espaço onde ele é particularmente evidente, entende especialista do Gallup

de Yuri Trafane em 12 de julho de 2024
Freepik.com

Em sua carta de apresentação do State of the Global Workplace – o maior estudo do mundo sobre o comportamento humano no ambiente de trabalho – Jon Clifton, CEO da Gallup, cita Steven Pinker: “O progresso humano é um fato observável”. Ele está se referindo aos estudos desse professor de Harvard nos quais ele mostra que nós vivemos no melhor momento da história da humanidade, apesar de todos os desafios que ainda precisamos vencer. Mas em seguida destaca que vivemos um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que experienciamos tal progresso, também estamos diante de um rápido declínio da saúde mental humana. E o ambiente de trabalho é um espaço onde esse declínio é particularmente evidente.

Seria simplista querer atribuir a apenas uma causa essa epidemia de burnout, mas certamente existem alguns fatores que são particularmente relevantes. E um deles é a liderança. Como já citamos em outro artigo por aqui, as pesquisas da Gallup apontam que 70% do nível de engajamento de um colaborador depende do seu chefe direto. E o State of Global Workplace traz alguns dados que mostram o quanto isso impacta o bem-estar dos colaboradores. “Aqueles que trabalham em empresas com más práticas de gestão têm quase 60% mais probabilidades de ficar estressados ​​do que pessoas que trabalham em ambientes com boas práticas de gestão. Na verdade, a experiência de “muito stress” é relatada com aproximadamente 30% mais frequência pelos trabalhadores que trabalham sob má gestão do que pelos desempregados.” Vejam isso: estar sem emprego é menos estressante (ainda que o seja muito) do que ter um chefe ruim.

E as conclusões não se restringem ao stress. Outros sentimentos ruins permeiam aqueles que estão em ambientes com práticas de gestão ruins: alguém que está ativamente desengajado tem aproximadamente o dobro de probabilidade de sentir raiva, tristeza preocupação e até solidão do que aquele que está engajado.

Sendo assim, fica cada vez mais claro o quanto é importante para uma empresa investir em desenvolvimento da liderança para evitar o mergulho numa epidemia de burnout. E não é apenas para evitar o pior que devemos cultivar bons líderes, mas para perseguir o melhor. Os estudos da mesma Gallup mostram que os resultados são superiores na presença deles, assim como a quantidade de emoções positivas que vivem os liderados. O que está muito bem retratado em trechos das entrevistas ao redor do mundo que o estudo divide conosco e que eu uso para encerrar esse artigo com uma energia positiva.

“Um bom trabalho é aquele em que tenho um gestor que me conhece, vê e valoriza o que faço e se preocupa com o meu futuro.” Gestor de Projetos no Canadá.

“Temos vários gestores e temos um relacionamento tão bom com cada um deles que às vezes esquecemos que eles estão de alguma forma acima de nós.” Garçonete na Geórgia.

“O que mais gosto é que ao conversar com o gestor existe um clima de compreensão. Eles sempre entendem meus problemas e me guiam na direção certa.” Conselheiro Comercial na Índia.

“O que me faz amar mais meu trabalho é que é fácil trabalhar com meu chefe. Ele não me monitora e, portanto, me sinto livre.” Profissional de limpeza em hotéis no Quênia.

“Nosso gestor nos ajuda muito e nos passa energia positiva todos os dias. Ele nos ensina como fazer as coisas melhor.” Engenheiro Industrial nos Emirados Árabes Unidos.

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Yuri Trafane

CEO da Ynner Treinamentos.