Era uma tarde de sexta-feira quando, em uma reunião do grupo de diversidade da empresa, um dos participantes comentou: “Você sabia que no Brasil, a cada 21 segundos, uma pessoa completa 50 anos?”
Sorri e, quase sem pensar, me dei conta: eu sou uma delas.
Tenho 51 anos e três décadas dedicadas ao universo de Recursos Humanos. Nesse tempo, vi o mercado mudar inúmeras vezes. Chegaram novas tecnologias, novas gerações e novas formas de trabalhar. Mas também vi algo persistir de forma silenciosa: o ageismo. Esse termo, ainda pouco discutido no Brasil, se refere ao preconceito ou discriminação contra pessoas com base na idade, especialmente em relação aos mais velhos.
Liderança humanizada e a força da bagagem
O mundo mudou, a expectativa de vida aumentou, as pessoas querem, e precisam, se manter ativas por mais tempo. Segundo a ONU, hoje existem mais avós do que netos no planeta. Ainda assim, muitos profissionais experientes esbarram em barreiras invisíveis: vagas que nunca chegam, entrevistas que não se concretizam, olhares que subestimam.
Foi nesse cenário que percebi que a solução não viria apenas das políticas públicas ou de grandes discursos empresariais, mas de uma liderança capaz de enxergar pessoas para além de suas datas de nascimento. Uma liderança humanizada, que entende que idade não é peso, é bagagem. É experiência que impulsiona, não que limita.
Conexões entre gerações e inovação
Quando diferentes gerações se encontram dentro de uma mesma equipe, algo poderoso acontece. Os mais jovens trazem energia, ousadia e fluência digital; os mais experientes oferecem visão estratégica, calma diante de crises e a sabedoria construída em décadas de prática. É dessa mistura que surgem as ideias mais inovadoras.
Diversidade é uma riqueza que precisa ser cultivada. E não basta falar sobre inclusão; é preciso criar espaços e processos que, de fato, conectem a pluralidade e valorizem cada trajetória.
Práticas inclusivas na Bionexo
Hoje, a Bionexo tem 33% de negros, 45% de mulheres, idade média de 35 anos e 5% de profissionais acima de 50; um número que, embora ainda seja pequeno, representa avanço em um mercado no qual a presença de profissionais dessa faixa etária é rara.
Para ampliar essa participação e estimular trocas intergeracionais, temos adotado ações como rodas de conversa para falar abertamente sobre diversidade e combater estereótipos; mentoria reversa, na qual os mais jovens ensinam colegas mais experientes a explorar novas ferramentas digitais e mídias sociais; plataforma de treinamentos contínuos, independentemente da idade; e políticas internas inclusivas que incentivam a contratação e o crescimento de profissionais com diferentes perfis.
Diversidade etária como futuro do trabalho
Essa agenda se soma a um movimento que também cresce em outras empresas brasileiras, que investem em programas de contratação para pessoas acima de 50, mentorias intergeracionais e planos de desenvolvimento personalizados, práticas que vêm trazendo benefícios concretos para o clima organizacional e para os resultados de negócio.
Para quem já passou dos 50, o chamado é claro: não se limite ao passado. Busque atualização, desenvolva novas habilidades, descubra o que te faz feliz hoje. Carreiras não têm prazo de validade; elas podem se reinventar em qualquer fase da vida.
O futuro do trabalho não pertence apenas aos jovens. Ele pertence à diversidade. E quanto antes compreendermos isso, mais preparados estaremos para construir ambientes realmente humanos, inovadores e sustentáveis.

 
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