Gestão

O que está por vir

de em 22 de março de 2010
Laís, da Passarelli Consultores: a crise colocou o Brasil em evidência

Foco nos resultados e nas pessoas, confiança, automotivação e resiliência foram as competências críticas mais demandadas das lideranças corporativas para enfrentar a crise financeira mundial. É o que revela a sondagem Termômetro XXI – Competências e desafios para a gestão de talentos no Brasil e na América Latina, realizada pela Passarelli Consultores e pela Executive Search Worldwide (INAC) no final de 2009. O levantamento, que envolveu cerca de 40 presidentes de empresas, diretores de negócios e executivos de RH, aponta para o crescimento da importância das operações latino-americanas nos próximos três anos, com destaque especial para as subsidiárias brasileiras. “A crise colocou o Brasil em evidência, aumentando sua atratividade como plataforma de crescimento para multinacionais das mais diversas origens, que hoje enfrentam sérias dificuldades em outras partes do mundo, notadamente na União Europeia e nos Estados Unidos”, afirma a sócia-diretora da Passarelli Consultores, Laís Passarelli

Na visão do coordenador do estudo, Alexandre Sabbag, sócio da Passarelli Consultores, é possível vislumbrar que, no futuro próximo, o Brasil desempenhará papel ainda mais relevante dentro das estruturas latino-americanas, constituindo campo fértil para a implantação de novos projetos.

“O estudo mostra, por exemplo, que em 2010 as contratações estarão fortemente vinculadas a essas iniciativas, o que denota boas oportunidades de carreira para os executivos do país”, avalia Sabbag.

Como uma onda
E os reflexos da crise foram vividos de maneira distinta por empresas de vários segmentos. Entre os profissionais ouvidos no estudo, 44% afirmaram ter sentido o primeiro impacto já nos últimos meses de 2008, registrando o pior momento no trimestre seguinte. Um outro grupo, que representa 28% dos participantes, percorreu o mesmo caminho com um “delay” de um trimestre, ou seja, conheceu o impacto inicial entre janeiro e março de 2009, passando pelo pior momento entre os meses de abril e junho. Quanto ao início da retomada, há uma expressiva concentração (54%) no terceiro trimestre do ano.

Para quase 80% dos entrevistados, a crise foi menos intensa ou se manteve dentro dos parâmetros inicialmente previstos. Apenas 13% a consideraram mais
intensa do que o projetado, enquanto 8% disseram que a crise foi irrelevante para suas organizações.

Entre os fatores mais afetados estão os resultados financeiros e as metas de curto prazo, seguidos de perto pelo planejamento de médio e longo prazo. O turn
over de executivos foi considerado normal por quase 65% dos participantes, muito embora as operações brasileiras também tenham sido obrigadas
a cortar pessoas e despesas, ainda que apresentassem um bom desempenho dentro de suas corporações.

Diante do questionamento sobre a crise ter sido usada como pretexto para a dispensa de profissionais de baixo desempenho, 41% disseram discordar totalmente da afirmação, contra 5%. Um contingente de 49% optou por respostas que apontam para uma parcial concordância ou discordância.

Fazedores X idealizadores
Mais de 53% acreditam que a necessidade de ser mais eficiente apontou novas oportunidades para a empresa e seu time. Foco no resultado e no cliente, liderança e comunicação interna são fatores que ganharam importância com a crise.

Os colaboradores tiveram de ampliar consideravelmente o grau de resiliência, e foram instados a aumentar a capacidade de ser flexível.

“A crise reforçou a expectativa sobre os líderes quanto a exercer de fato a liderança de seu negócio e equipe, buscando a motivação das pessoas com determinação ainda maior do que antes”, acredita Sabbag. Ele explica que o perfil daqueles que superam as barreiras naturalmente exigiu mais resiliência do que visão de futuro, uma vez que a atenção esteve centrada na sobrevivência e na ação de curto prazo.

“Nesse contexto, os ´fazedores´ se sobrepuseram aos ´idealizadores´”, completa.

A postergação de projetos foi a principal medida a afetar as operações latino-americanas durante a crise, seguida de perto pela revisão das estruturas como medida complementar no enfrentamento das turbulências. “A previsão é a de que, nos próximos três anos, essas operações adquiram maior relevância dentro de suas corporações, com perspectivas otimistas especialmente para o Brasil”, observa Laís.

A pesquisa aponta ainda que, com a crise, projetos relacionados a clientes e novos negócios tiveram primazia sobre temas ligados a pessoas e inovação. A demanda foi por uma forte revisão do modelo operacional do negócio, com foco em redução de custos e otimização de recursos, tudo para maximizar a geração de caixa de forma a sobrepor as dificuldades e fazer frente a eventuais oportunidades de negócios. Manter a saúde econômica e financeira foi a preocupação primordial das lideranças, que buscaram ajustar seu estilo e o da sua equipe a uma gestão mais voltada ao curto prazo, o que enfatizou a exigência de maiores doses de austeridade e resiliência.

Nas questões abertas sobre os desafios que a crise trouxe para a empresa e para o executivo, esses aspectos foram evidenciados. Como líder, o participante mostrou-se prioritariamente focado nos assuntos corporativos, em suas competências como executivo e na gestão da equipe e das pessoas. Aparentemente, não se preocupou de forma direta com a sua carreira, concentrando esforços no desempenho de suas atividades na companhia.

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