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O que pensar numa transição de carreira

Os pontos mais relevantes para quem quer mudar algo em sua vida, para diminuir os riscos e aumentar as chances de um retorno positivo

Muito antes desta pandemia que mexeu com todas as áreas de nossas vidas, já havia um grande número de pessoas insatisfeitas com suas atividades profissionais e em busca de mudanças dentro da própria área de atuação ou em uma nova área.

Neste momento de instabilidade do mercado e de pressão continuada, estamos cada vez mais impactados pelo que o mundo está apresentando para nós de uma só vez. Nesta fase, é normal pensarmos de formas extremas: ou nos apegamos com força a nossa zona de conforto ou ficamos atirando para todos os lados, querendo experimentar novas possibilidades. Os dois lados geram conflitos se não soubermos entender o nosso momento e ter clareza do que é importante para nós.

Na crise ou fora dela, qualquer movimento de troca de carreira deve ser feito a partir de uma análise realista do cenário e da nossa capacidade de organização para viver o processo que essa ação exige. Por outro lado, passamos mais de 50% do nosso tempo fazendo atividades relacionadas ao nosso trabalho, então, a busca por um trabalho que esteja alinhado com aquilo que valorizamos é um dos grandes instrumentos motivadores para começar qualquer movimento.

Trabalho com jovens que estão em processo de escolha ou transição de carreira e insisto para que eles entendam como este novo mundo valoriza, cada vez mais, o desenvolvimento de competências que possam prepará-los para gerar pensamentos críticos e não somente a valorização de diplomas e títulos. É claro que são importantes, mas não conferem mais valor único se não estiverem acoplados às novas habilidades que o mercado exige.

A grande dificuldade de mudar é a coragem de abrir mão das verdades absolutas, dos velhos comprometimentos

O mundo VUCA já vinha sendo discutido como um processo contínuo de mudanças, mas o que eram projeções de três ou cinco anos atropelou todo mundo em três meses.  VUCA, sigla utilizada para descrever elementos que formam a visão da empresa sobre seu estado atual e futuro, é a mais exata necessidade que temos de enxergar neste momento para qualquer tomada de decisão: volatilidade (velocidade e turbulência); incertezas (falta de previsibilidade); complexidade (pontos e fatores difíceis de entender); e ambigüidade (falta de clareza nas ações). Estou insistindo na citação de algo conhecido e discutido para mostrar que todos esses elementos vieram como um tsunami, de uma vez só, e essa turbulência nos mostra a necessidade de lidar com decisões, planejamento, riscos e adaptabilidade.

As pessoas e as empresas que já estavam se preparando e desenvolvendo uma percepção real desse universo com certeza estão vivendo de forma mais resistente os “trancos” deste novo mundo. Então, se você deseja uma transição de carreira, preste atenção aos pontos mais relevantes para quem quer mudar algo em sua vida:

1. Ter clareza sobre você e até onde vai sua capacidade de ousar. Qual é o diferencial que você busca?;

2. Saber o que o deixa motivado, o que o incomoda e o que pode desafiá-lo mais;

3. Conhecer seu comportamento em processos de trabalho. É mais planejador ou executor?;

4. Listar suas principais habilidades para se comunicar e lidar com equipes. Esses pontos são importantes para avaliar o que vale a pena arriscar ou não;

5. Entender bem suas forças e fraquezas e, seja qual for o seu sonho, entrar em movimento;

6. Preparar-se para encarar desafios e possíveis imprevistos;

7. Ampliar sua visão e capacidade de interpretar oportunidades relevantes;

8. Aprender a lidar de forma mais segura com as conseqüências de suas ações e eventual preço que a mudança cobra;

9. Antecipar visões, usando a inovação e a criatividade;

10. Aprender a gerar resultados e entender que errar faz parte do processo.

Se você realmente levar em consideração os pontos acima antes de se lançar no mercado e mesmo assim continuar em dúvida se faz a transição agora ou espera esse momento passar, sugiro refletir sobre mais alguns pontos para diminuir os riscos e aumentar as chances de um retorno positivo, entendendo que nenhuma decisão na vida é 100% segura:

1. Compreenda quais são as principais causas de sua insatisfação. Por que você deseja sair? Qual é o principal motivo que o afasta do que tem hoje?

2. Liste quais são as experiências e conhecimentos que você adquiriu até hoje e que podem ajudá-lo nessa nova etapa.

3. Tenha muito cuidado com o choque entre expectativas e realidade. Avalie com critério sua condição presente e suas possibilidades futuras.

4. Pesquise, conheça cada setor que lhe interessa e busque novos conhecimentos que possam fazer você sair de sua bolha e aumentar a capacidade de criar.

5. Avalie se, abrindo mão do que tem agora, você vai conseguir se sustentar e por quanto tempo ou se você consegue fazer o que você está fazendo, mesmo não gostando muito, e ao mesmo tempo perseguir os seus sonhos. Em alguns casos você pode ter uma perda temporária e isso tem de fazer parte do seu planejamento para não se desmotivar.

6. Aumente progressivamente sua coragem, preste atenção nos medos de julgamentos que muitas vezes nos atrapalham de prosseguir e seja fiel a você.

Saia da cadeira, mas com critério, planejamento e organização. Hoje, estamos diante de muita diversidade, possibilidades e mudanças, de novas conexões e novas alternativas, sem receitas vencedoras, mas com muitas opções para serem aprendidas.

A grande dificuldade de mudar é a coragem de abrir mão das verdades absolutas, dos velhos comprometimentos, dos hábitos que nos fazem ligar o piloto automático e dos antigos formatos a que estávamos acostumados, mas agora tudo mudou e mudou para sempre!

A transição exige esforço, pois significa, em um primeiro momento, uma etapa não permanente entre dois estados. Esse conceito implica uma mudança na forma de ser ou de estar e isso precisa de tempo, olhar apurado e a humildade de reconhecer nossos limites, aprender com eles e nos reorientarmos sempre que necessário.

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Telma Abreu

Telma Abreu é comunicadora social e criadora do Método Pertenser – Orientação vocacional e desafios profissionais