Os cuidados com a saúde dos colaboradores têm sido uma das prioridades das organizações desde o início do surto do novo coronavírus. Uma ferramenta que tem sido mais utilizada pelas empresas durante a pandemia é a telemedicina.
Segundo Hamilton Cardomingo, superintendente de Operações Saúde na Porto Seguro, ela possui vantagens como a redução do risco de exposição à doenças, a agilização do atendimento e o amplo acesso, além da diminuição de custos. “Quando olhamos para nosso canal de pronto atendimento, temos tido um grau de resolutividade de 75% das consultas realizadas pela telemedicina, um número que demonstra que esta é uma ferramenta poderosa”.
Ele diz que a companhia iniciou um programa de atenção primária remoto durante a atual crise sanitária, o qual estaria apresentando excelentes resultados. “Em relação ao pronto-atendimento, nós tínhamos cerca de 500 atendimentos por mês na época pré-pandemia. No período de pandemia, passamos a ter em torno de quatro mil atendimentos mensais, sendo que desse número 1500 casos foram relacionados à Covid-19”, informa.
“A telemedicina encurta o espaço, melhora a proximidade e alavanca a atenção primária de forma mais eficiente, principalmente para nós que temos mais de três mil quilômetros de rodovias, inúmeras estações de metrô e aeroportos. Nossos colaboradores estão muito dispersos e precisamos ter uma capilaridade muito grande”, afirma José Antonio Coelho Júnior, especialista em Benefícios e Saúde Corporativa da CCR. Para 2021, ele diz que a companhia pretende dobrar o número de atendimentos feitos pela modalidade, atingindo dez mil consultas.
Uma questão fundamental para o bom funcionamento da ferramenta é o estabelecimento de parcerias com os RHs das empresas, enfatiza Cardomingo, para que os atendimentos possam funcionar da melhor forma possível. “Sem essa parceria, é muito difícil para nós chegarmos até os nossos segurados, que são os colaboradores das empresas. É preciso nós respeitarmos a cultura de cada organização”.
Ele acrescenta que, entre as melhores formas de explorar a telemedicina, está o pronto atendimento, o qual evita que as pessoas se desloquem até os prontos-socorros. “Outro caminho é concatená-la com a atenção primária à saúde, com os médicos de família, porque eles conhecem o paciente e ela acaba encurtando o tempo de comunicação”.
Nesse sentido, Coelho afirma que é preciso ter bem estruturado um sistema que faça a atenção primária, dentro ou fora da empresa, para que ele funcione não só como o primeiro contato, mas também como forma de estreitar o caminho de prevenção.
“A gente percebeu que, naqueles meses temáticos, como o Outubro Rosa e Novembro Azul, através de campanhas e pela promoção dentro das empresas também foi possível chegar aos pacientes e fazer um trabalho de esclarecimento em relação à telemedicina”, ressalta o superintendente.
Por meio dessas campanhas, foi possível ainda fazer um mapeamento para descobrir pacientes que precisariam ter cuidados diferenciados. A partir disso, realizou-se o direcionamento para a atenção primária fazendo uso da telemedicina para chegar mais rápido e de forma mais eficiente a esses pacientes.
Saúde e tecnologia no pós-pandemia
Alguns cuidados precisarão serem tomados no período após o surto de Covid-19. É o que afirma o Dr. Eduardo Reis de Oliveira, CEO da Saúde iD. “Nós temos uma demanda reprimida e vamos precisar de uma utilização muito coerente dos recursos no pós-pandemia para absorvermos essa procura sem impactar tanto a saúde das pessoas e os custos”.
“Infelizmente, nesse período tivemos um aumento de pacientes com problemas emocionais e de falecimentos daqueles com doenças crônicas que não as acompanharam com a mesma frequência que faziam antes da pandemia”, alerta o médico.
Oliveira defende que será necessário nesse período dar acesso à tecnologia para essas pessoas, intensificar ainda mais a telemedicina e direcionar os casos para a porta de entrada do sistema de saúde, a atenção primária, para atender todos eles, retomar os cuidados e cuidar dos pacientes com doenças crônicas.
O especialista da CCR defende que, para melhorar ainda mais os meios de prevenção usando a tecnologia, é preciso primeiro integrar dados e ter a capacidade de coletar informações por meio de dispositivos móveis, integrando-os com o prontuário do paciente e com a linha de cuidado exigida.
Outro quesito importante seria a telemetria, que consiste em utilizar dispositivos eletrônicos, como celulares e tablets, para obter dados dos pacientes de maneira constante. Coelho é a favor de usar esse mecanismo como modelo de prevenção e interação.
“É o que chamamos de instrumento colaborativo de saúde, que é quando a própria pessoa fornece seus dados médicos com a sua autorização. Eles vão desde rotina de alimentação, de sono, de exercícios e isso ajuda a complementar hábitos de vida que possam definir a predisposição ou não a riscos”.
Essa discussão aconteceu durante o Fórum Melhor RH Tech, realizado pela plataforma Melhor RH nos dias 14 e 15 de dezembro. O evento, totalmente digital e gratuito, reuniu em seus painéis e trendings gestores de RH e executivos de empresas para debater sobre os principais desafios e tendências do setor.
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