Quando falamos em cultura organizacional, ainda percebemos a dificuldade de compreensão sobre esse conceito. Não é para menos. Esse é um organismo vivo, que tempera todas as relações em uma organização de forma invisível.
Afinal, o que é a cultura de uma organização? É como agimos, decidimos e nos relacionamos com as pessoas, sejam elas do nosso time, nossos pares, líderes, clientes ou fornecedores. Por exemplo: se hoje sua empresa está sofrendo com a gestão a distância e a falta de controle sobre o tempo que as pessoas estão trabalhando ou não, possivelmente a cultura precisa ser modernizada urgentemente.
Se você ainda ouve de alguém que precisa separar o pessoal do profissional, mais um indicador da necessidade de modernização. As pessoas se adaptam ou não à cultura. Quem não se adapta, sofre e até adoece, não se encaixa e se sente um peixe fora d’água.
Já as pessoas que são mais responsáveis e maduras, gostam de saber o porquê das atividades e, inclusive, preferem a autogestão. Esse perfil de pessoas sofre em uma organização em que líderes direcionam as atividades e se sentem subutilizadas.
Atenção: não existe certo ou errado. O que existe é a percepção de que lá fora o mundo não é mais o mesmo e que as empresas precisam encontrar um equilíbrio entre o que respiram enquanto cultura interna e o que o “novo normal” espera das corporações.
No ano de 2020, empresas no mundo inteiro perceberam que a cultura enraizada por corporações não fazia mais sentido em um momento em que se exigiu tamanha velocidade em decisões e mudanças, empatia com a situação do outro e conhecimento para encontrar alternativas diante das adversidades impostas pela Covid-19.
Esse mundo, tachado desde 2010 como Mundo VUCA ou VICA (alusão a uma sigla usada pelo exército americano para “volátil”, “incerto”, “complexo” e “ambíguo”), surge como um novo normal para organizações em diferentes países, segmentos e portes. Então como se diferenciar em cenários tão competitivos?
Em uma análise sobre os impactos da nova gestão em culturas organizacionais, percebo que os líderes estão cientes da necessidade de um novo formato de trabalho, mas nem todos conseguiram dar o primeiro passo para uma adequação aos negócios pós-Covid 19. Nesses casos, eu aposto na Transformação Cultural, um novo formato para as empresas pararem, analisarem modelos que deram certo diante das adversidades da pandemia e que encontraram um equilíbrio que fez sentido, da diretoria às equipes de trabalho. Mas como sair na frente em momentos como o provocado pelo novo coronavírus?
Partiram adiantados aqueles que tinham cultura de estar sempre buscando novos modelos de gestão de negócios; aqueles em que a cultura os mantém na vanguarda; os que estão sempre procurando maneiras mais eficientes e leves para fazer as tarefas do dia a dia. O problema é que muitos são aprisionados pelo cotidiano e não tem tempo para ter esse olhar, essa busca, esse aprendizado.
Aprender com amor é isto: perceber que o mundo está alinhado por negócios com propósitos claros, que façam a diferença para as comunidades, que começam de ideias do topo da cadeia, mas são amplamente abraçadas por terem significado. Aprender na dor é justamente o oposto. É achar que está bom como está, fechando-se em um casulo, e que quem está fora da bolha tem obrigação de aceitar a maneira com que a empresa faz as transações e se relaciona com cliente internos e externos.
A Transformação Cultural surge para quem percebeu que precisa se mexer e está em busca de uma nova maneira de pensar e agir no dia a dia. Simples? Sim! Complexo também, pois mexe com crenças, com heranças, com o nosso ego.
Falar de modernização cultural ou transformação cultural é falar de modelo mental, crenças, processos, modelo de negócio. É discutir de pessoas; essência; produtos; clientes; pensar todo o ambiente organizacional e ajustar isso para que a essência e os valores da organização permaneçam respeitados.
E vai além: é analisar valores e essência dos colaboradores para saber se eles realmente estão na organização pelos motivos certos. A transformação cultural só acontece quando é patrocinada e apoiada pela alta gestão, quando ela se envolve e se torna o primeiro exemplo e suporte para a mudança. Assim, as pessoas têm os líderes como referência para os motivos da transformação e compreendem o que estão ajudando a construir e para onde irão chegar.