Gestão

Os sinais e os ruídos

de Dorival Donadão em 24 de janeiro de 2014
Dorival Donadão
Dorival Donadão é consultor em gestão e desenvolvimento humano

A volatilidade e a inconstância dos cenários vêm se tornando um lugar-comum para aqueles que ainda se atrevem a elaborar projeções futuras. De fato, apostar em tendências ou em hipóteses econômicas, sociais ou até mesmo políticas é um exercício arriscado e que, em várias ocasiões, tem sido motivo de descrédito para quem formula a hipótese.

E o ato de liderar nessas circunstâncias, como é que fica? Qual a mensagem de credibilidade de um líder quando se trata de analisar os contextos futuros de um negócio ou os possíveis desdobramentos de um movimento econômico ou sociopolítico? As oscilações desses e de outros campos de análise não deixam quaisquer dúvidas: é melhor aprender a diferenciar os “sinais” e os “ruídos” das tendências. Mas o que vem a ser cada um desses itens?
Os sinais são aqueles que demonstram uma linha sequencial e regular, formando um quadro bastante provável de repetição ou de evolução. O exemplo mais corriqueiro é o do fortalecimento da China como potência econômica nos últimos 30 anos. Os sinais foram e são muito nítidos, mesmo com um ritmo decrescente neste ano, conforme é possível verificar.

Os ruídos, por sua vez, são os sinais tênues, que não permanecem de forma consistente e gradual, representando um ou outro fenômeno episódico. Isso acontece regularmente em vários países da Europa, com seus movimentos econômicos do tipo stop-and-go (melhorias espasmódicas e recuos frequentes ao estágio anterior). Bem diferente do processo chinês, a Europa continua a conviver com a incerteza das suas conquistas de progresso.

Trazendo essa análise para o contexto brasileiro, quem poderia prever, com alguma nitidez, os movimentos e as manifestações violentas nas ruas e nas estradas, justificadas ou não, em seus motivos de origem? E, em consequência, como projetar os desdobramentos desses eventos no curto e no médio prazos? Com a chegada do período de eleições neste ano, o cenário político-social irá ganhar mais “lenha na fogueira”? Ou os próprios líderes da política nacional conseguirão atenuar a espiral de violência?

Fazendo, agora, a analogia de todo esse quadro para o mundo corporativo, podemos refletir sobre como ele irá impactar o dia a dia da liderança. Como o líder pode captar, com maior clareza, os sinais e os ruídos do macrocontexto externo e avaliar os impactos para o negócio e para o ambiente organizacional?

#L#Encontrar as respostas não é uma tarefa fácil, sem dúvida, mas certamente permanecem as questões. E provavelmente elas continuarão ganhando evolução e complexidade. Sinal dos tempos (ou ruído?…).
Antes de terminar este artigo, vale fazer uma observação importante: para os interessados em aprofundar o conhecimento sobre os dois aspectos explorados acima, recomendo fortemente a leitura do livro recentemente publicado pela Editora Intrínseca O sinal e o ruído, por que tantas previsões falham e outras não, do autor americano Nate Silver.

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