Há tempos temos lido notícias sobre a dificuldade das empresas em contratarem mão de obra qualificada, fenômeno considerado global e local. Em se tratando da área de Tecnologia da Informação (TI), por exemplo, a situação se agrava.
Traduzindo a falta de profissionais em números: estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), realizado em dezembro de 2021, aponta que o Brasil conta com 53 mil pessoas formadas por ano em cursos com perfil tecnológico, e a demanda média anual por profissionais desse segmento é de 159 mil pessoas.
Ainda de acordo com o relatório, a estimativa é de que as companhias de tecnologia demandem 797 mil profissionais até 2025. O ponto de atenção está no déficit de talentos, projetado na falta de 530 mil pessoas em cinco anos. Analisando o cenário, observamos que há um aquecimento das TICs (Tecnologia da Informação e Comunicação) e a necessidade urgente da ampliação da formação profissional.
Apesar de compreender que nos últimos anos o mercado priorizou a juniorização, muito provavelmente por acreditar que a relação investimento versus despesas poderia levar a uma melhor competitividade, já que quando se opta pela oferta de baixos salários, há certa conveniência pensando nessa faixa etária, temos uma oportunidade para os profissionais mais maduros, também conhecidos como 50+.
Há empresas que já estão investindo em modelos de negócios que priorizam a eficiência alinhada à produtividade, característica que predomina na maturidade. Essa é uma circunstância na qual a experiência diminui a necessidade de refazer tarefas e, de modo geral, do retrabalho.
A parceria entre os profissionais mais maduros e jovens traz a solução para práticas inovadoras, quando considera a experiência somada ao conhecimento técnico e acadêmico para melhores estratégias e aplicabilidades no negócio.
Adaptação das empresas
Mas, afinal, quais são as transformações urgentes pelas quais as empresas precisam passar para absorver, manter e qualificar a mão de obra madura em um cenário com pressão de custos e que exige maior produtividade?
Há avanços nesse sentido. Temos, inclusive, exemplos de corporações que incluem profissionais mais maduros nos processos seletivos para vagas permanentes de trabalho porque compreendem que, para além das funções determinadas, eles acabam por assumir o papel de mentores da equipe, auxiliando os jovens a obterem resultados mais efetivos, inclusive com uma perspectiva mais analítica dos fatos, algo extremamente importante no complexo ambiente de trabalho.
Outra questão desafiadora está relacionada à gestão das equipes, pois a diversidade etária pressupõe uma liderança capaz de acolher um ambiente múltiplo, incentivando requalificações e facilitando programas de integração. A liderança deve estar preparada para fazer uma boa gestão das diferenças, assegurando condições de aprendizagem e autonomia, respeito e empatia, de modo a ajudar a diminuir conflitos geracionais e contribuir para a competitividade, garantindo a sobrevivência dos negócios.
“No mundo contemporâneo, considerar pessoas velhas a partir de 40, 50 anos é um desrespeito à evolução humana”
A discussão sobre inclusão no mundo laboral tem dado conta de questões sobre diversidade de gênero, orientação sexual e etnias. Agora é tempo de colocar no centro os profissionais mais maduros no Brasil, passando por sua inserção e recolocação no mercado de trabalho.
Além disso, as áreas de aquisição de talentos precisam analisar seus processos e identificar se há barreiras tácitas, estruturais e culturais que impeçam a consideração de profissionais que não são os considerados jovens. É preciso estar aberto a reconhecer se implicitamente não estamos nós mesmos criando obstáculos que impedem a valorização de pessoas mais experientes e maduras.
No mundo contemporâneo, considerar pessoas velhas a partir de 40, 50 anos é um desrespeito à evolução humana. Estamos em uma era em que questões de saúde mental e física indicam que nossa existência e nossa potência foram ampliadas. Temos que mudar urgentemente a mentalidade sobre o que pode ser considerado velho, passado e ultrapassado, sob o risco de perder a oportunidade de ter um ambiente de trabalho mais diverso e produtivo.
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