a expansão dos negócios na América do Sul esbarra na falta de mão de obra qualificada. Se, por um lado, empresas de pesquisa como a IDC apontam que a América Latina será a região com o crescimento mais rápido no mercado de TI este ano (segundo o estudo IDC Latin America Predictions 2013), por outro a mesma IDC concluiu, na pesquisa Habilidades em Redes e Conectividade na América Latina, que já em 2015 haverá quase 300 mil postos de trabalho tecnológico na região que não poderão ser totalmente ocupados por profissionais latino-americanos.
O problema se reflete nos negócios. Países com um histórico de crescimento econômico acima da média mundial, como observado nos últimos anos na América do Sul, tendem a sofrer uma carência de mão de obra qualificada caso a bem-vinda alta no PIB não seja precedida por investimentos em educação. Vamos aplicar essa equação no mercado de segurança eletrônica. Hoje, diversas empresas são incapazes de assumir mais projetos porque carecem de profissionais com os conhecimentos técnicos exigidos, especialmente num período de transição da tecnologia analógica para a digital nesse setor.
Atualmente, é possível identificar três perfis de empresa que dependem da capacitação de seus funcionários para expandir os negócios em videomonitoramento. Um dos casos é o de integradores que tinham sucesso com a tecnologia anterior e precisam se adaptar às novas necessidades do mercado por soluções de vídeo em rede e não mais sistemas analógicos. Outro tipo de situação envolve integradores que trabalhavam em outras áreas e enxergam agora a possibilidade de prestar um serviço mais completo aos seus clientes pela oferta de soluções de videomonitoramento IP em complemento ao seu portfólio. Finalmente, um terceiro perfil de integrador é aquele que está preocupado com a otimização de suas operações e com as implicações disso sobre sua competitividade.
Todos esses casos dependem de capacitação para obter êxito. Mas o que fazer depois que um engenheiro ou gerente de projetos participa de um treinamento? Seja qual for o perfil da empresa, a maioria delas tem algo em comum: o conhecimento, quando alcançado, não é compartilhado. Os gerentes devem criar um fluxo que garanta a extensão do know-how a todos os envolvidos, ao passo que é dever dos fabricantes disponibilizar material no idioma local. Isso diminui os problemas entre os fabricantes, integradores e clientes, e menos conflitos significam custos menores.
Embora alguns relutem em retirar seus profissionais do atendimento para se dedicar por alguns dias à obtenção de um certificado, o investimento em educação é estratégico como instrumento de adequação às novas oportunidades de negócio. Em um momento em que as empresas quase sempre têm dificuldade para completar seu quadro de profissionais, é importante tirar o melhor proveito dos recursos disponíveis.
Sergio Fukushima é gerente técnico da Axis para a América do Sul