Diversidade

Pensar em diversidade é pensar no futuro dos negócios

de Redação em 15 de junho de 2018
Crédito: Shutterstock

Por Kleber Wedemann, diretor de Marketing do SAS América Latina

No ambiente corporativo competitivo e dinâmico que vivemos, o ideal de diversidade que muitas empresas buscam – ou precisam urgentemente buscar – não está mais restrito ao universo do empoderamento feminino ou da inclusão racial, como ocorria até pouco tempo. Hoje, o desafio é formar equipes de trabalho que sejam diversas não apenas no gênero, na cor ou mesmo na orientação sexual, mas também nas faixas etárias, nas formações acadêmicas, nas experiências profissionais e de vida.

Isso ocorre porque os problemas de negócio apresentam também um grau cada vez maior de complexidade. E equipes diversas, que unem talentos e conhecimentos abrangentes, são mais capazes de encontrar soluções criativas e eficientes para esses problemas.

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Não há dúvidas de que a diversidade ultrapassa as questões sociais e, de certa forma, contribui para a perenidade do negócio, ajudando na tomada de decisões, gerando mais produtividade, inovação e engajamento. No fim das contas, é valor gerado para empresa e para os clientes.

Tudo isso, porém, só faz sentido se as empresas fizerem o que estão pregando em relação ao tema. E aqui, cabem várias perguntas: Os colaboradores de sua empresa acreditam na diversidade e a colocam em prática? Qual é o grau de aderência desse tema no ambiente de trabalho? Clientes e parceiros enxergam essa questão sabendo que discurso e prática caminham juntos ou a veem como algo estranho e oportunista?

No contexto das organizações, a ideia da diversidade está diretamente associada à realidade atual do país em termos de representatividade demográfica. Basta selecionarmos alguns resultados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, onde há informações relevantes sobre as mulheres ou a população negra no país, para citar apenas dois exemplos.

Ciente dessas informações, pensar em diversidade ganha um significado mais amplo e também engloba a ideia de inclusão, uma vez que as empresas precisam verificar se esses grupos estão sendo bem representados dentro da organização. É quando a companhia precisa saber se a tão valorizada diversidade não tem sido usada como instrumento para que as pessoas deixem de crescer no ambiente corporativo.

É preciso avançar mais

Muito ainda precisa ser feito nesse sentido. Se observamos com atenção, a maioria dos ambientes de trabalho são classificados como homogêneos, tendo em sua maioria colaboradores homens, brancos e sem a presença de deficientes físicos. Entre as mulheres, infelizmente são poucas as que ocupam algum cargo de liderança e o mesmo se pode dizer no caso das pessoas da raça negra.

Embora seja possível identificar alguns avanços, não há como afirmar que, na maioria das empresas, profissionais negros e deficientes tenham espaço garantido em posições de destaque. Para se ter uma ideia mais clara, uma pesquisa do Instituto Ethos e do BID divulgada em 2016 mostrou que apenas 3,6% das 500 maiores empresas brasileiras possuem alguma política de inclusão de profissionais negros em seus quadros de funcionários e apenas 4,7% dos profissionais negros ocupam cargos executivos. Entre as mulheres, o porcentual é ainda mais baixo: 0,6%.

Ainda assim, é possível afirmar que tivemos algumas evoluções nos últimos anos. Como resultado, a diversidade já faz parte da pauta das grandes empresas, principalmente das multinacionais, onde houve um amadurecimento dessa questão, enquanto que as empresas nacionais têm buscado avançar nesse processo.

Pensando na competitividade, as empresas precisam e devem continuar, sim, contratando e trabalhando com os melhores profissionais do mercado, mas é necessário os processos de recrutamento sejam repensados, para que seja possível ir ao encontro de outras pessoas talentosas, mas que nem sempre se veem com as portas abertas durante um longo período de suas vidas.

Estabelecer um ambiente de inclusão é responsabilidade de todos e a área de Recursos Humanos tem um papel importantíssimo a ser desenvolvido nesse processo. Cabe a ela elaborar políticas eficazes atreladas à diversidade e a engajar os demais colaboradores para que abracem a causa. Às empresas, é impossível deixar essas discussões de lado. Do contrário, perderão e muito em competitividade e em valor de mercado. O tempo dirá.

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