O Brasil tem hoje cerca de 50% da força de trabalho feminina, mas apenas 7% estão em cargos de direção. Além desse dado pouco alentador, as mulheres ainda têm que lidar com as barreiras culturais, preconceitos e a falta de diversidade, que atrapalham tanto as relações pessoais quanto o mundo dos negócios.
Pensando em virar de vez essa página, Mari Martins – diretora da Duomo Educação Corporativa e coach executive com experiência em palestras sobre o tema – decidiu criar o projeto Mulherar, que busca promover a equidade de gênero em prol da diversidade, ou seja, mostrar para as mulheres que antes eram conhecidas como frágeis que elas são capazes; que elas têm a autoconfiança que precisam para superar os desafios da vida pessoal e profissional.
A transformação do substantivo mulher no verbo mulherar quer fazer com que as mudanças que as mulheres querem ver na sociedade realmente aconteçam. Por meio do trabalho desenvolvido durante o projeto é possível criar um ambiente de negócio mais próspero, incorporando os melhores talentos dos homens e mulheres para gerar soluções mais criativas, e também ampliar a diversidade da organização para gerar mais receita, prosperidade, inovação e melhorar os índices de performance e adaptação à mudança.
“Quando digo feminino, não estou necessariamente falando do homem ou da mulher, essas qualidades podem estar presente em todos nós e elas estão relacionadas à empatia, espírito de colaboração, afetividade, relação, etc. Cá entre nós, o mundo está ou não está carente desses aspectos? O que adianta termos acesso à mais alta tecnologia se negligenciarmos a sustentabilidade do mundo e o crescimento saudável do ser humano? O mundo está carente do feminino”, afirma Mari Martins.
O projeto possui quatro fases: diagnóstico e preparação; palestras; workshop; e estímulo à prática. Durante o diagnóstico acontecem as reuniões tanto com os gestores quanto com os colaboradores para afinar quais serão os temas principais. Na palestra intitulada Inteiras para Mulherar o Mundo, é discutido o cenário que elas vivem na empresa, as ameaças e obstáculos internos e externos para a ascensão feminina e as mudanças necessárias em prol da diversidade. Já na fase do workshop acontecem sete encontros que discutem temas recorrentes, como inteligência emocional, estereótipos e preconceitos. Por fim, vem o estímulo à prática, onde cada etapa leva um tempo maior para acontecer por meio de um game interativo.
O primeiro case do projeto foi na Renault, fabricante francês de veículos com sede em Curitiba. Durante seis meses as 25 colaboradoras da empresa passaram por todas as etapas do projeto, discutindo, aprendendo e entendendo o verdadeiro significado da palavra sororidade, empatia e protagonismo. No final, todas as mulheres deram depoimentos dizendo o quão importante foi fazer parte das discussões, já que para elas o meio empresarial sempre foi competitivo e também um ambiente muito desafiador.
O fortalecimento do diálogo e a troca entre as mulheres é fundamental diante do cenário social atual. O projeto Mulherar acredita que equipes mais diversas apresentam melhor desempenho, trazem perspectivas diferentes que podem levar a soluções inovadoras e criam um ambiente corporativo mais colaborativo e humanizado.