Estamos vivendo uma nova era nas organizações e atualmente os escritórios possuem um propósito diferenciado nas organizações. O olhar passou a ser mais voltado para o uso do espaço de maneira cada vez mais estratégica e inteligente, com a tendência do momento, que são os 4C’s: colaboração, criação, conexão e celebração.
É fato que o que mais assombra as lideranças é manter os ganhos do remoto e desvendar que o híbrido, apontado como o melhor caminho, seja menos complexo. O que aponta isso é a pesquisa da consultoria Think Work Lab, realizada com cerca de 70 empresas no Brasil. Sobre este modelo de trabalho, os RH’s se mostraram indecisos sobre dois pontos cruciais e mais burocráticos que colocam panos quentes nos fãs do anywhere. Entre os entrevistados, 24% disseram que ainda não têm clareza sobre a mudança de contrato ou que os grupos seriam contemplados. E 25% ainda não definiram como será a gestão de benefícios do híbrido.
Considerando o contexto acima, é indiscutível o papel do RH nessa retomada por serem os protagonistas dessa inovação corporativa. Afinal, o que é fundamental para que o retorno, presencial ou híbrido, seja menos traumático e tranquilo?
Uma das alternativas e o que realmente funciona, é como o RH se posiciona a esse novo modelo de rotina nas companhias. Por exemplo, estar atento à necessidade ou não do retorno presencial, já que a maioria dos funcionários prefere seguir com o modelo híbrido por diversas razões como: evitar o deslocamento até a empresa, um dos grandes motivos de estresse diário; outro, poder estar mais perto da família e ter mais qualidade de vida.
Já para as empresas o ganho é a possibilidade de poder ocupar instalações menores e de poder assistir suas equipes de maneira remota. E onde fica a gestão de tudo isso? Como especialista acredito que o melhor a se fazer é estabelecer uma estratégia de inovação corporativa.
Uma função antiga do RH, que era praticamente a de focar em benefícios aos colaboradores, por exemplo, ampliou-se e está cada vez mais desafiadora. Hoje a demanda está atrelada à análise de quanto os colaboradores estão envolvidos e engajados nos valores da empresa e esse movimento está totalmente ligado aos resultados e o quanto suas atitudes irão repercutir nos negócios da empresa.
Outro ponto, no entanto, é um futuro reservado aos gestores de RH de ter uma visão da experiência do colaborador atrelada ao departamento de Facilities, porque enquanto as áreas de Facilities focam no dia a dia dos escritórios, de mantê-los funcionando, ao RH irá sobressair a necessidade de dar atenção ao pessoal, suas expertises e quanto sua jornada está agregando à sua carreira na empresa. É extremamente necessário ter a visão de que é preciso estar preparado para ouvir, criar engajamento e desenvolver um processo colaborativo.
Para ter um parâmetro ainda maior do que estou dizendo, uma outra pesquisa da consultoria Newmark, realizada com 218 empresas, apontou que elas reduziram cerca de 35% do tamanho de suas sedes. Em outro estudo, do Gartner Group, realizado com profissionais do mundo inteiro, aponta que 36% dos entrevistados dizem ser mais produtivos no home office. Essa flexibilidade foi um grande salto para aumento de desempenho no trabalho e eu creio que esse movimento comece a ser materializado e os profissionais de RH passem a ser ainda mais conscientes desse processo. Desta forma, tecnologia e cultura corporativa são determinantes para a oferta da melhor experiência do colaborador.
Listei abaixo algumas dicas para que esse processo seja realizado de uma maneira facilmente adaptável.
5 passos para uma transição tranquila:
- Modelo de trabalho. É importante entender como cada empresa irá atuar no sentido de adotar um modelo específico de trabalho, porque cada organização possui um conjunto de diferentes necessidades: com áreas, características e perfis variados. Além disso, é também importante entender que existem negócios e rotinas distintas voltados para cada tipo de negócio.
- Rotina. A flexibilização da rotina de trabalho é importante e precisa ser entendida e gerenciada para consolidar a rotina de trabalho. O teletrabalho, por exemplo, é exclusivo para trabalhar em home office sem a necessidade de frequentar o trabalho. Já o híbrido pode-se estabelecer quantos dias estar em casa e quantos no escritório.
- Cultura. Estabelecer uma cultura inclusiva nas empresas é uma forma de incorporar totalmente os modelos de trabalho, objetivando aumentar os níveis de excelência no dia a dia e tornar positiva a experiência dos colaboradores.
- Valores. O colaborador precisa ser entendido pelo RH de forma única, por meio de suas rotinas, e isso deverá ser vinculado a todas as outras análises pessoais, como desenvolvimento de carreira, jornada de trabalho, turnover da empresa e a geração de valor nas atividades de trabalho voltadas ao negócio.
- Ambiente. Vincular qual o perfil do profissional, sua experiência e de quanto sua jornada de trabalho agrega a ele, à empresa e ao seu time, são fatores essenciais para contribuir para a satisfação do colaborador e o ambiente o qual ele está integrado.
Quanto mais rápido as empresas se adaptarem a esses novos modelos de trabalho, mais preparadas estarão para o futuro e seus desafios hoje propostos para que a jornada de trabalho da sua empresa seja conquistada com menos traumas possíveis e com ganhos de ambos os lados. Um líder ou gestor precisa ter como rotina acompanhar a evolução e as tendências do mercado para que, dessa forma, possam fazer projeções e tomar decisões mais assertivas.
Flávio Pimentel é CEO da Neowrk, possui mais de 25 anos de experiência com desenvolvimento de soluções em inovação corporativa, negócios e produtos de tecnologia, gestão de start-ups e programas de inovação em empresas. Tem vasta experiência em intra-empreendedorismo e gestão de tecnologia, além de incentivos fiscais em P&D&I. É graduado em Engenharia Civil, possui Mestrado em Ciência da Computação e pós-graduação em Economia e Marketing.