Não é de hoje que há o entendimento de que a motivação e engajamento estão intimamente relacionados à satisfação pessoal. Mas quando aplicamos essa premissa aos programas de recompensa e incentivos das empresas, nem sempre é fácil encontrar programas que ultrapassam os tradicionais elementos de remuneração, como salários, bônus, benefícios, stock options, entre outros recursos.
É crucial entendermos que o reconhecimento é muito mais do que salário e inclui fatores tangíveis e intangíveis. Quando falamos das questões intangíveis, estamos tratando de clima e cultura de trabalho; de liderança e direção; das oportunidades de carreira; do balanço entre vida e trabalho e, também, de reconhecimento.
O intangível trabalha com motivação intrínseca. Se desejarmos atrair e engajar talentos, devemos nos atentar aos motivadores intrínsecos que efetivamente irão motivar e não apenas mover as pessoas na busca de objetivos.
Em um momento em que encaramos desafios de ordem econômica, o olhar para os incentivos não pecuniários nos ajuda a trabalhar com questões que têm impactos significativos, mas que não exigem um investimento tão grande dentro de orçamentos já apertados.
Estamos falando, aqui, do vínculo entre reconhecimento e desempenho. Da forma com que as organizações podem desenhar programas institucionais que tornem a prática do reconhecimento em algo cotidiano e, ao mesmo tempo, valorizado na organização.
“Eu reconheço você, porque você demonstrou a característica X ao desenvolver sua tarefa, e isso é um valor para a nossa empresa”. A frase parece algo simples, mas oferecer um feedback positivo e é um meio muito eficaz de engajar o colaborador e, ao mesmo tempo, melhorar os resultados da empresa.
Para proporcionarmos engajamento, uma visão compartilhada de propósito é fundamental. Então, por que não pensar em fortalecer a percepção dos valores da empresa a partir do reconhecimento das atitudes dos colaboradores que demonstram um real alinhamento do seu perfil pessoal com os valores organizacionais? Quando há uma convergência de propósitos, é natural que haja motivação, engajamento e superação de resultados.
Muitas empresas já possuem programas de reconhecimento por determinadas atitudes, mas poucas associam esse reconhecimento aos valores da organização. Por exemplo, se uma empresa valoriza atitudes inovadoras, para que esse valor não fique apenas em um quadro pendurado na parede, é preciso reconhecer quando essa prática é aplicada pelo profissional. Isso é, sem dúvida, gerar energia positiva com a internalização e identificação dos valores organizacionais por parte dos colaboradores da organização.
Mais do que nunca, trabalhar com esses componentes não tangíveis, associando aos valores organizacionais, é extremamente relevante. Não que o tangível deva ser negligenciado, ele é essencial, mas não podemos esquecer que é no intangível que encontramos o verdadeiro incentivo. O empurrão está no tangível, mas a motivação está no intangível.
*Antonio Linhares é gerente de planejamento e recompensa do Grupo Wilson Sons e Mestre em Administração de Empresas pela PUC – Rio