Para alguns, a área de recursos humanos é muito idealista, falta pragmatismo. Para outros, ao contrário, ela é vista como muito pragmática, com o idealismo deixado de lado. Para Ricardo Guimarães, fundador e presidente da Thymus, consultoria estratégica de apoio a líderes na condução de planejamento e gestão de aspectos intangíveis do negócio, RH tem de ser mais pragmático a partir de agora. Mas calma, sempre há o espaço necessário para o idealismo.
Aliás, esse é um dos temas da edição especial digital do CONARH, que acontece neste 27 de agosto, das 9 horas às 19 horas. Serão cerca de 10 horas de duração e 14 palestras, que vão conectar profissionais com executivos renomados para discutir o futuro da gestão de pessoas nesse novo tempo. Confira a programação aqui. E uma das palestras é “O RH pé no chão! Idealismo ou pragmatismo?”, que será capitaneda por Guimarães e moderada por Caroline Carpenedo, líder de recursos humanos e responsabilidade social do Grupo Gerdau.
RH tem de saber colher evidências concretas
Entre o caminho do idealismo e o do pragmatismo, a área de recursos humanos vem caminhando nos dois, com um pé em cada um. Como explica Guimarães, RH tem atuado de forma idealista por cuidar de humanos e de forma pragmática por cuidar de recursos. Mas, neste atual cenário, o percurso ganha novos contornos ou uma nova bússola. “A pandemia acelerou um processo de transição da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento e as pessoas se transformaram no principal ativo estratégico para a perenidade da empresa. Para cuidar desse ativo tão importante, o RH não precisa mais ser tão idealista porque a evolução já colocou o humano num patamar muito relevante para a empresa e para a sociedade”, diz.
Por essa razão o consultor afirma que, para cuidar de algo tão estratégico como pessoas, o RH tem de ser mais pragmático. E o que isso significa? Isso se traduz, por exemplo, em saber colher evidências concretas e úteis para gerenciar melhor as pessoas e suas condições de trabalho, para que elas possam entregar aquilo que só as pessoas podem entregar. “O objetivo é, efetivamente, criar uma cultura que tenha o fator humano como ponto de partida e referência para definição de estrutura, processos, sistemas etc. Essa é a diferença entre empresa máquina humanizada e uma empresa de fato humana, que é estruturada como sistema vivo.”
O idealismo também deve estar sempre presente
E o espaço do idealismo nessa história? Antes, vale entender o que vem a ser esse conceito. Para Guimarães, idealismo é uma estrutura de valores que orientam nosso comportamento na direção do melhor, que servem para criticar a realidade e propor soluções em qualquer âmbito, seja desde para questões práticas do dia a dia até para a formulação e atualização de leis e normas. “Nesse sentido, o idealismo deve estar sempre presente, não aumenta nem diminui. O que muda, para o futuro, é com que empenho você vai interferir na realidade com a qual você não concorda quando usa seus valores para fazer uma avaliação. Nesse caso aumenta, sim, a necessidade do pragmatismo, dos bons fundamentos de fatos e dados, ciência, enfim.”
Nesse cenário, Guimarães acredita que, daqui para a frente, a área de RH vai ter de se envolver cada vez mais com o negócio na perspectiva estratégica, uma vez que as pessoas se tornam um ativo cada vez mais estratégico. “E não é apenas para cuidar das pessoas nesses negócios, mas para liderar os negócios em que pessoas são o ativo estratégico”, diz, alertando: “E que não se confunda empresa intensiva em gente, o que em geral significa custo para empresa, com gente para criação de valor. Neste caso temos, sim, pessoas como ativo estratégico”, finaliza.