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Sustentabilidade sem exageros

Empresas querem seriedade nas ações de ESG e criticam a tentativa de greenwashing, que é uma falsa ação de sustentabilidade divulgada como sucesso

de Redação em 17 de agosto de 2022

A sustentabilidade tem um preço, tem custos e responsabilidades, e isso é inegável. Infelizmente, algumas companhias pressionadas pelo mercado, por investidores ou por compromissos de melhorias no impacto no meio ambiente que não conseguem cumprir, preferem esconder os problemas debaixo do tapete. Maquiam números e resultados negativos de ESG com propaganda enganosa. E, como a mentira tem pernas curtas, a verdade acaba aparecendo e os gestores que optaram por esse caminho obscuro fazem com que suas empresas tenham abalos na credibilidade.  É o chamado greenwashing, na tradução literal do inglês, “lavagem verde”, “maquiagem verde”, quando organizações criam uma falsa aparência de que estão fazendo todos os esforços para a  melhoria do meio ambiente, da diversidade e inclusão, da boa governança e de outras pautas ligadas ao ESG.

Em sentido horário: André Senador, CEO da Perennial Consultoria, Comunicação, Imagem e Reputação; João Dias, gerente de Sustentabilidade da Accor; e Vivian Broge, diretora de Recursos Humanos da Iguatemi S.A.

Esse assunto delicado foi discutido no painel “Greenwashing, aqui não”, no Fórum Melhor RH ESG e Comunicação, promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação. Participaram os speakers João Dias, gerente de Sustentabilidade da Accor; André Senador, CEO da Perennial Consultoria, Comunicação, Imagem e Reputação; e Vivian Broge, diretora de Recursos Humanos da Iguatemi S.A., responsável pelas estratégias de ESG.

João Dias lembra que esse é um tema atual, e tem exposto muitas empresas a crises de imagem e reputação. E assim caem no indesejável greenwashing, práticas supostamente sustentáveis, “mas não tão verdes assim”.

Vivam exemplifica os desafios a serem transpostos e que muitas ações podem ser feitas com voluntariado, citando, por exemplo, a Diversidade & Inclusão (DI), praticada em sua empresa: “DI é coisa certa a ser feita. Diversas pesquisas e escolas de negócios falam da riqueza de DI em todos os níveis da organização. Escolhas tem renuncias. A pandemia afetou drasticamente os nossos negócios. O RH se voluntariou, no tempo que tinha, porque não estávamos recrutando profissionais naquele momento. Ajudamos pessoas desempregadas a rever o seu currículo e criar sua narrativa para entrevistas. Para processos seletivos conosco ou para o mercado. Foi uma iniciativa que teve muita adesão. Quando terminou ficamos felizes do resultado. E nos perguntamos como criar mais impacto. Aí pensamos nas pessoas que estavam no final da fila da empregabilidade na pandemia e surgiu a ideia de fazer parceria com empoderamento de refugiados. Realizamos uma turma de formação, com o apoio do Facebook. Empoderamos e contratamos 10 mulheres e 1 homem. Colocamos o ser humano no centro e aí vem a diversidade, porque somos todos diversos e imperfeitamente perfeitos”.

A Accor também esteve no centro do furacão na pandemia, com diversos hotéis fechados em todo o mundo. Como aprendizado, Dias firma que houve uma reinvenção grande durante esse período, que passa por uma estratégia de sustentabilidade que leva em consideração essa diversidade cultural, geográfica e os diferentes níveis de maturidade dos diferentes países. Ele explica que a empresa, que atua em vários continentes, tem diferentes réguas de ESG e governança, e como é cotada na Bolsa de Valores de Paris, segue uma régua europeia, bem alta em relação a outras regiões. O desafio “é equalizar esses níveis de maturidade”. Uma das estratégias para resolver isso, são programas de treinamento.

Outra questão, apontada por João Dias, é o custo x benefício do ESG: “Não tem jeito, estamos no mundo coorporativo e existe a velha frase do money talks, o dinheiro fala. Se não atrelarmos a nossa estratégia de sustentabilidade a estratégias financeiras da empresa, fica muito difícil qualquer ideia ou qualquer projeto ir pra frente”. A empresa, segundo o gerente, tem 100% dos colaboradores elegíveis a bônus, com 20% de seu bônus vinculado a metas corporativas da empresa, e cada um, por isso, está olhando a temática ESG.

O problema, avalia Senador, referindo-se ao mercado em geral, é o afã de se fazer uma coisa muito bem feita, se apresentar como sustentável, como diverso, como inclusivo, e aí pode-se assumir o risco de assumir discursos que não são confirmados pela prática. Por exemplo, “colocar a bandeira do arco-íris, junto a sua marca, dizer que defende a diversidade e quando olhamos para o conselho executivo, encontramos em sua maioria homens, brancos, não tendo efetivas e reais práticas de diversidade”.

O consultor aconselha que o fundamental é ser genuíno: “Muitas vezes a empresa, é natural, ter no seu percurso, na sua trajetória, problemas, erros, falhas, e deve-se assumir quando elas acontecem. Mostrar o que está fazendo para corrigir, ter práticas de correção e identificação de problemas. Uma postura proativa. É importante um ativismo da liderança nessa direção”.

Vivian concorda com o conceito da jornada. “Tem coisas que podemos estar mais engajados e ter uma ação mais mobilizadora. E tem outras que a gente vai ter que aprender com o outro. E diversidade é sobre isso, essa troca de experiências”. Outra forma de aprendizado e comprometimento, propõe Vivian, é ser signatário do Pacto Global da ONU — Iniciativa da ONU para engajar empresas e organizações na adoção de dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção.  “A primeira coisa quando fazemos isso é olhar para dentro da gente e ver onde estão as nossas forças e também onde estão as nossas oportunidades”, detalha.

Além dos princípios da ONU, Vivian diz que sua empresa está engajada com a questão da equidade. “Somos uma organização que tem uma mulher CEO, estamos listados na bolsa de valores de São Paulo e temos hoje 48,39% de mulheres em postos de diretoria. Assumimos o compromisso com a plataforma do Elas Lideram de ter 50% de mulheres até 2030. Queremos atingir isso antes”.

Vivian concorda que não se deve maquiar dados: “Você não vai nos ver fazendo marketing a respeito de ESG. Quando saímos a publico falando é porque temos uma pratica consistente, com métricas, com olhar esterno, para saber se o que estamos fazendo está alinhado com o que se espera, e humildade, porque as vezes não acertamos, mas nosso compromisso é criar impacto o mínimo possível com esse erro e agir rápido para seguir nessa jornada de evolução.

Na Accor, Dias confessa que o que tem tirado o sono da empresa é a eliminação do plástico de uso único, uma ds metas da ONU. “É complicado isso, eliminar o uso dos hospedes e da cadeia de suprimentos, por outro lado sabemos da poluição do plástico no meio ambiente e nós temos aí um desafio. A indústria não tem substituto para o plástico, não está preparada”. Em outras áreas o resultado foi positivo. “A Arcor assumiu a meta de redução de emissões atmosféricas, e de trazer o carbono zero o quanto antes, até no máximo 2050, e temos orgulhos de ser o primeiro grande grupo hoteleiro a assumir isso ante da meta proposta pela ONU”

Outro compromisso cumprido pela Accor, ainda de acordo com o gerente,  foi com o bem estar dos animais, dentro do programa do PNUMA, programa da ONU para o Meio Ambiente. “Conseguimos que 20% de nossos hotéis comprem os ovos de galinhas livres, que é uma meta básica, ponto de partida para o bem estar dos animais, relembra Dias. “Qual a dificuldade para avançar? Pressão de custos muitas vezes, pressão de entrega, de disponibilidade da rede, de logística. O compromisso está assumido, até 2025 a gente chega lá com 100% de ovos de galinhas livres. Mas é uma trajetória. Temos tido dificuldades. Não é simples, mas é um caminho a ser seguido”.

Vivian destaca que as diversas ações de ESG feitas por sua empresa não é greenwashing, “não estamos fazendo isso para aparecer e sim para resolver um problema de negócio”, Como exemplo, cita a dificuldade de recrutar profissionais de tecnologia, semelhante a outras empresas. A empresa montou um programa para formar uma geração de desenvolvedores com mais de 50 anos de idade. E 15 pessoas passaram por 500 horas de capacitação. “Contratamos uma parcela desses candidatos e disponibilizamos o restante para o mercado, que faz parte de uma ótica de sempre fazer algo mais além dos objetivos de nossa empresa”. A evasão desses profissionais, após 2 anos de trabalho, foi zero, afirma.

(Fonte: Portal da Comunicação)

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