Relatório divulgado recentemente pela consultoria Bain & Company aponta a inovação tecnológica como fator de valorização das empresas e de criação de uma série de vantagens nas corporações. Responsável pelo aquecimento da economia global em plena recessão pandêmica, ela deve seguir impactando exponencialmente consumidores, negócios dos mais diversos segmentos e até as questões geopolíticas. Intitulado Technology Report, o documento analisou de forma quantitativa e qualitativa dados públicos de companhias e mercados globais, além de informações obtidas por meio de diversas entrevistas realizadas com lideranças de tecnologia.
Por meio de uma compilação de dados de 2015 a 2020, a consultoria revelou que as empresas tecnológicas foram as que mais geraram valor no período, com faturamentos acumulados na casa de 6 trilhões de dólares. Aproximam-se desse desempenho, contudo, aquelas companhias que incorporaram a tecnologia ao DNA de seus negócios, mesmo sem vender um produto tecnológico.
Trata-se de organizações de setores como varejo, mídia, comunicações, bens de consumo e saúde que entenderam a necessidade de se inserir em um ecossistema de inovação. Não se trata mais de migrar processos analógicos para digitais e, sim, de abraçar a tecnologia como base para um crescimento sustentável.
Inovação mobiliza o time, amplia perspectivas, estreita relacionamentos
“As empresas que mais inovam incentivam o surgimento de ideias dentro de casa, de maneira orgânica”, afirma Lívia Moura, sócia da Bain & Company, explicando uma das vantagens trazidas pelo investimento em tecnologia e inovação. Cenário que sugere campo fértil para o desenvolvimento de talentos, lideranças e de soluções cada vez mais disruptivas.
Nesse movimento, no entanto, “elas [as empresas] também olham para fora com atenção”, completa Lívia. “Essas companhias se conectam com startups e entendem as oportunidades que surgem com a combinação de negócios”, entende a executiva, por sua vez, sobre aquilo que também pode ser um fator de valorização das empresas. As condições são ideais para a ampliação de portfólios e para o estreitamento de relações com os mais diversos players, incluindo o mercado consumidor, interligando com mais facilidade os produtos a seus públicos-alvo, às suas demandas reais.
Os procurados: profissionais tech
CEOs estão reconhecendo que a competitividade de suas empresas se resume a uma coisa: “ter o talento certo” – revela, também, o relatório da Bain & Company. Há, no entanto, segundo o levantamento, uma crise de talentos anunciada entre os profissionais de tecnologia, que se tornaram essenciais na evolução e sobrevivência de companhias de todos os setores.
O mercado de trabalho que antes era regulado pelas demandas das big e small techs está se ampliando para empresas não tecnológicas. O levantamento mostra que mais de 40% das contratações de engenheiros e desenvolvedores de software foram feitas recentemente por companhias desse último tipo, número um terço superior às contratações realizadas em 2010 (dados dos EUA).
Estratégias de atração e seleção
O relatório ainda verificou que, para driblar as disputas por talentos tech, as empresas mais bem-sucedidas estão selecionando candidatos com base em um conjunto mais amplo de habilidades comportamentais (soft skills) pertinentes às funções que eles exercerão. É quando o leque de colaboradores potenciais se amplia – e as companhias reconhecem que o resto do trabalho pode ser aprendido por meio de treinamentos. E o modelo de atração e seleção de talentos se transforma, de maneira geral, nas organizações.
Segundo o levantamento, para atrair os melhores profissionais seria necessário atentar-se às políticas de inclusão, diversidade e equidade, decisivas na escolha de um lugar para se trabalhar por candidatos da área de tecnologia. Em pesquisa citada no relatório, realizada com mais de 1000 respondentes, 48% desse público revelou que trocaria de emprego se a nova companhia apresentasse um programa mais consistente nesse campo.
Esses profissionais também costumam preferir empresas cuja gerência é mais transparente e acessível – e estão de olho naquelas que possuem uma cultura de desenvolvimento de seus colaboradores, oferecendo treinamentos de excelência (algo desejado, principalmente, pelos millennials e integrantes da geração Z).