Por Leandro Bonetti
Jornada digital. Esse é um tema que está na agenda de CEOs e áreas de negócios da maioria das companhias. Não por acaso, estudos indicam que o mercado de serviços digitais é uma grande oportunidade. De acordo com a Gartner, IDC e o Cantor Fitzgerald Research, a taxa de crescimento em negócios digitais será de 25% nos próximos anos.
Basta olhar para a realidade do nosso cotidiano para observar a oportunidade da área digital. Realizamos transações bancárias com poucos cliques. Pedimos serviço de táxi compartilhado pelo aplicativo e até experimentamos roupas on-line, graças às tecnologias de realidade virtual aumentada.
Mas quando chegamos a muitos ambientes de trabalho observamos uma prática oposta. O preenchimento de documentos no papel para pedir uma simples inclusão no convênio. Cursos executivos que não conversam com a realidade digital. E a comunicação entre empresa e colaboradores ainda é feita por meios rudimentares como e-mail ou até comunicados impressos. Parece que abrimos a passagem para outro mundo ou um túnel do tempo.
As mudanças do dia a dia já batem à porta das organizações e de seus processos internos. Independentemente de os trabalhadores das empresas exercerem blue collor jobs ou white collor jobs, todos estão conectados fora dos muros da companhia. Os profissionais do século 21 são consumidores vorazes de tecnologia e valorizam a marca empregadora que se conecta com o mundo real, que leva isso no seu DNA.
Nesse contexto, a área de gestão de pessoas deve começar a pensar em relacionar-se de maneira diferente com os profissionais da organização. É preciso criar um novo mindset cultural e oferecer um novo tipo de experiência de trabalho, uma jornada digital, onde processos e áreas se conectem com a estratégia da empresa. A transparência desse processo ajuda as pessoas a encontrarem o tal propósito no trabalho.
Importante destacar que essa jornada digital não pode ser isolada. Não será um app, um site ou até um fórum de discussão descolado da estratégia de negócios que mudará o status quo dos ambientes de trabalho. O RH precisa desenvolver a transformação digital com as demais áreas da organização. A jornada digital é uma cocriação de todos, sem distinção de cargos, áreas ou funções.
A área de gestão de pessoas também encontra no setor de Tecnologia da Informação um forte aliado nessa transformação. Vale ressaltar que cada vez mais as soluções são fragmentadas: um software gera melhor os benefícios da companhia, o outro atende de
forma mais assertiva o gerenciamento das informações da avaliação de desempenho e assim por diante. Mas como integrar todos esses sistemas e conectá-los com a estratégia
da empresa? Essa é a expertise da área de TI. Ela ajudará o RH a construir um conjunto de
aplicações orquestradas por meio de diferentes canais para gerar uma experiência única
em todos os momentos em que o colaborador se relacionar com a empresa.
A criação da jornada digital pela área de gestão de pessoas também ajudará as empresas a gerar um roadmap de inovação. Com processos mais claros, equipes conectadas e ferramentas para agilizar os trabalhos, a tendência é que as áreas se comuniquem mais e que desse diálogo surjam ideias que serão constantemente lapidadas por todos na organização. Será um ambiente physical de democratizar o conhecimento em busca de inovações que vão gerar o crescimento. O mérito passa a ser de um grupo de pessoas; derruba-se assim a barreira de senso de propriedade.
Ao conduzir essa mudança cultural na organização, o RH também terá oportunidade de se relacionar mais com a estratégia da empresa e de conhecer as expectativas e necessidades das áreas de negócios. Nesse sentido, o Recursos Humanos será mais assertivo. Ele poderá propor estratégias — baseadas em dados — para a liderança que resolvam problemas que impactam diretamente o negócio. Os líderes precisam e sentem falta de informações como desempenho, ciclo de promoções, desenvolvimento, etc. para apoiar a excelência na gestão. Assim, o RH começa a ser percebido como estratégico na organização.