Estudos recentes, como o Relatório Tendências de Gestão de Pessoas da FGV-EAESP (2024), e o Relatório do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC sobre Cultura Organizacional e Liderança (2023), mostram que os principais temas na agenda do RH contemporâneo são o fortalecimento da cultura, a preparação para transformação digital, e o desenvolvimento de lideranças com foco em empatia e adaptabilidade. Esses relatórios reforçam que as áreas de Gente e Gestão têm um papel central na estratégia das organizações. Alinhado a essas tendências, o 3º Prêmio Melhor RH Sul, promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação, reconheceu profissionais que atuam como protagonistas da inovação, da inclusão e da construção de culturas mais humanas nas empresas.
O investimento na confiança engaja pessoas e cultura
Adner Uema, Diretor de Gente e Cultura da Positivo Tecnologia, Aguinel Waclawovsky, Gerente de RH da Coopavel, e Alejandra Nadruz, Diretora de Gente e Cultura da Softplan, discutem como o RH pode ser uma ponte entre a estratégia de negócios e as pessoas, especialmente em tempos de alta complexidade.
Alejandra Nadruz comenta que “por vezes a nossa área [de RH] fica um pouco isolada nas propostas e nas iniciativas sem escutar o que o negócio precisa.” Ela destaca a intensificação, em 2024, das soluções de inteligência artificial (IA) aplicadas à aquisição de talentos, avaliação de performance e mapeamento de carreiras. Para ela, será essencial pensar em como preparar pessoas e lideranças para a adoção da IA em suas respectivas áreas.
Adner Uema complementa dizendo que o cenário econômico desafiador exige do RH a construção de uma espécie de “sustentabilidade organizacional”. “A gente tem um cenário hoje bastante desafiador em nossa economia e eu diria que o nosso papel de RH seria a gente tentar buscar garantir uma grande sustentabilidade organizacional – dado o cenário que a gente tem e as mudanças rápidas do nosso mercado.”
Ele compartilha que, na Positivo Tecnologia, mudanças rápidas são rotina, por isso a prioridade é promover bem-estar aos colaboradores sem perder de vista o equilíbrio financeiro. “Por isso, faz muito sentido entender o negócio, entender como a companhia está no contexto também do nosso cenário nacional.” E conclui: “É importante continuar reconhecendo que as pessoas são o nosso principal ativo”.
Aguinel Waclawovsky reforça que a tecnologia deve ser incorporada ao cotidiano do RH com naturalidade. “A gente tem que viver com a tecnologia, tem que aprender com ela. Se ela existe, deve ser usada de forma benéfica.” Ele exemplifica com o uso da IA para testes psicológicos em recrutamentos.
Atuando em uma cooperativa do setor agroindustrial, Waclawovsky relata uma realidade com escassez de mão de obra operacional, onde a tecnologia ajuda a aumentar qualidade e eficiência. Ele também enfatiza a importância crescente do ESG: “Eu venho do Agro e a questão vem vindo nos últimos 5 anos de forma pesada. Para nós aqui é algo de muita importância”.
Sobre como manter o engajamento da equipe, Uema responde: “Tentando fazer o simples e o básico. Eu chamo de contato olho no olho, estar próximo das pessoas e entender as suas realidades para tentar resolver aquilo que estiver ao alcance do líder e da companhia”.
Alejandra complementa: “A gente, como área de Gente e Cultura, se perdeu em um universo muito complexo. Então é essencial voltar à base, onde as pessoas sintam autenticamente que a gente se importa com elas”. Para Waclawovsky, “uma forma de engajar as pessoas é investir na confiança”.
Propósito na carreira e fortalecimento da cultura organizacional
Claudia Duarte Vergara, Conselheira Deliberativa da ABRH-RS, Consultora e Mentora, e Daniele Hanna, Diretora de Gente e Gestão da Docile Alimentos, abordam o desafio da retenção de talentos e a importância de alinhar cultura e propósito.
Daniele Hanna coloca a política de retenção como um dos maiores desafios da área. “As gestões de desempenho, desenvolvimento e de oportunidades internas precisam estar alinhadas para que haja maior engajamento. Na empresa que eu estou, a gente tem os nossos valores muito bem claros sendo utilizados no dia a dia.” Ela destaca a importância do “jogo limpo” dentro da cultura organizacional: “Isso faz com que tu tenha um nível de engajamento maior ou não. Além disso, a gente precisa ter políticas claras de retenção com remuneração, valorização das pessoas e, também, compromisso com o desenvolvimento”.
Claudia Duarte Vergara destaca que a jornada do colaborador deve ser simples, verdadeira e significativa. “As pessoas precisam ficar felizes enquanto elas estão na empresa.” Ela provoca reflexões sobre o futuro do trabalho: “Até 2030 as pessoas vão ter no mínimo três carreiras. Acho que isso é um grande desafio! Está todo mundo batendo cabeça atrás de pessoas. Não vou nem falar de gestão de talento. Estou falando de força de trabalho mesmo. Acho que o buraco tá bem mais embaixo.”
Sobre serem reconhecidas, Claudia brinca: “Eu posso pedir música no Fantástico? Porque eu sou tri!” (risos). Depois, reflete: “Sei que temos que ser estratégicos, mas eu sou uma profissional de Psicologia e meu papel é a promoção de saúde. Eu não posso deixar de tocar pessoas, corações e mentes! Isso para mim é o mais importante.” Daniele também celebra: “Passa um filme na cabeça e a gente começa a pensar do tempo da faculdade quando tu escolhe o teu propósito e o meu propósito sempre foi colaborar com as pessoas, sempre foi estar próximo das pessoas.”
Liderança inclusiva e visão estratégica
Leandro José Soares, Gerente Corporativo de Recursos Humanos da Schulz S.A., e Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future e apoiadora da premiação, compartilham reflexões sobre pertencimento, diversidade e o papel estratégico do RH.
Leandro José Soares destacou sua atuação como representação do trabalho coletivo. “Eu sou somente a personificação de todo o RH da Schulz. Na verdade, esse prêmio eu reconheço a todo o meu time de RH que tem nos apoiado! Todos os subsistemas de RH, ao total são 260 pessoas excelentes.”
Ao discutir o desafio da retenção de talentos, Leandro afirma: “Eu não gosto de usar a palavra ‘reter’, por uma questão pessoal de entender que a palavra reter é bloquear. Você bota barreiras. Bota algema de ouro, como se fosse cercear a liberdade do cara de escolher se ele quer ou não ficar dentro da nossa organização”. Ele prefere o termo “manter” ou “atrair” talentos.
Instigado por Paola Klee sobre a cultura atrativa para novas gerações, Leandro compartilha a experiência com o programa de Diversidade, Equidade e Inclusão. “Começamos com a inclusão de pessoas com deficiência e agora passamos para o pilar de gênero para trabalhar a questão do empoderamento feminino.” Para ele, além do orgulho de pertencer, o programa busca desenvolver lideranças e promover inclusão genuína. “Incluir é diferente de você integrar.” Ele encerra com um lembrete essencial: “Precisamos de um RH que goste de gente!”.
Engajamento e transformação cultural na linha de frente
Nelson Paulo Rossi, Gerente Corporativo de Gestão de Pessoas e Cultura da Aurora Alimentos, Rafael Jaworski, Diretor de Gente e Gestão do Grupo Romitex, e Regina Durante, executiva de RH das Lojas Renner, comentam os desafios de engajamento e liderança nas operações.
“A Renner é uma marca empregadora querida e desejada. A agenda de sustentabilidade é uma estratégia para a Renner continuar se diferenciando”, comenta Regina, sbre um ponto que atrai e engaja os colaboradores.
Os planos são de avanços e continuidade, de olho no mercado, em compromissos firmados e também na marca empregadora. “Estamos nos índices de sustentabilidade do Dow Jones, mas precisamos avançar mais, dado os compromissos públicos de 2030.”
Rossi, por sua vez, traz uma visão prática sobre engajamento. “Nós temos em média 50 mil colaboradores, sendo que 88% disso está dentro das indústrias. E engajar a mão de obra operacional é mais complexo do que trabalhar a mão de obra qualificada”, entende o executivo.
Jaworski complementa: “Os desafios com relação ao engajamento são proporcionais ao nível de conhecimento e de instrução que os colaboradores possuem”, entende. Nesse sentido, para ele, o papel da liderança é essencial: “O verdadeiro RH do dia a dia é o reflexo do líder da área. O RH na ponta é o gestor, é o líder, é o facilitador, porque ele é que vai receber as pessoas”.
Regina relembra o trabalho exercido com emoção, apesar de todos esses desafios: “O maravilhoso é a gente estar a serviço de transformar a vida das pessoas para que elas sejam cada vez melhores”, enfatiza.
Palavra do apoiador:
Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future apoiadora do 3° Prêmio Melhor RH Sul, lembra que os desafios podem ser transformados em oportunidades. Sobretudo sob apoio de uma consultoria especializada.
“Em um mundo em constante mutação, ajudar as empresas a estruturarem uma gestão adaptativa e conectada às novas realidades do mercado é essencial. Nosso objetivo é não apenas acompanhar essas mudanças, mas liderá-las, ajudando nossos clientes a transformarem desafios em oportunidades.“, entende a executiva.
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