Eis uma pergunta que se repete sistematicamente nesses quase 25 anos em que
trabalho com desenvolvimento corporativo: quando a verba de treinamento
estiver curta e não for possível fazer tudo que é necessário, qual deve ser o foco?
Obviamente não existe uma resposta única. Cada profissional de RH deve agir
com atenção às prioridades estratégicas específicas da sua organização
oferecendo aquilo que trará maior impacto.
Mas isso não significa que não existam estudos apontando capacitações que têm
maior potencial contributivo na performance e no clima empresarial. E o mais
robusto e consistente deles vem da Gallup, uma das empresas mais respeitadas
no mundo na área de People Analytics e Economia Comportamental. Recorrendo
há décadas de estudos em milhares de organizações, essa respeitada instituição
construiu o que chama de “Gallup Path”; um caminho que busca entender a
conexão entre resultados e estratégias de desenvolvimento.
Tudo começa com a constatação simples e praticamente unânime de que as
empresas estão em busca de construção de valor; seja no mercado acionário
para aquelas de capital aberto, seja no seu valuation intrínseco para as demais.
Existem vários fatores que impactam tal valor. Mas existe um que tem um papel
preponderante emergindo de todos os estudos da Gallup.
Qual seja? Bottom Line – e cada vez mais o que chamamos de Triple Botton Line:
Lucro, Impactos Sociais e Impactos Ambientais Positivos. E qual o fator
estatisticamente mais relevante na produção desses resultados de forma
consistente? Faturamento crescente consistentemente. E o que leva,
principalmente, a isso? Os estudos continuam respondendo: clientes engajados.
Que por sua vez aparecem predominantemente quando a empresa tem
colaboradores engajados. E esse engajamento está ligado à presença de doze
fatores principais, dentre os quais se destaca a capacidade de cada pessoa
conseguir focar e priorizar aquilo que tem de naturalmente bom: seus talentos. E
quem é o principal influenciador desses doze fatores (que a Gallup chama de
Q12)? O líder.
Conclusão: a prioridade de desenvolvimento das empresas em busca de
resultados é a capacitação dos seus líderes. Se a verba estiver curta, considere
essa alternativa. Fazendo o caminho oposto: grandes líderes engajam
colaboradores, que engajam clientes, que geram receitas consistentes, que
levam ao lucro, que produzem valor de longo prazo. E os profissionais de RH
parecem entender isso com clareza especial nesse ano de 2025.
Uma pesquisa do Gartner Group apontou qual as principais preocupações da área
de Recursos Humanos nesse momento e adivinhem qual é o primeiríssimo
ponto? Se você disse Desenvolvimento de Líderes, você acertou. Numa era em
que muitos jovens profissionais se desinteressaram pela liderança como caminho
de carreira (o que tem sido chamado de quiet ambition) e em que os casos de
assédio moral insistem em se fazer presentes, destruindo o clima organizacional,
empresas que conseguem construir equipes de liderança competentes têm tudo
para se destacar agora e ainda mais no futuro.