No dicionário, a palavra equidade é definida como “virtude de quem manifesta senso de justiça, imparcialidade, respeito à igualdade de direitos”. Embora a palavra ainda seja pouco usual no mundo corporativo, a Fundação Tide Setubal pautou a necessidade desse debate na 2ª edição do Vozes Urbanas, que aconteceu em 6 de junho, em São Paulo. O debate foi transmitido pela página da Fundação no Facebook e já está disponível na íntegra no canal da Organização.
Com o tema “Mulheres: equidade de gênero e raça e empoderamento econômico”, o bate-papo contou com a participação de Kelly Silva Baptista, estudante de Gestão Pública na UNIFESP e coordenadora do projeto Consulado da Mulher, da marca Consul; e Rachel Maia, contabilista, palestrante e empresária com passagens por empresas como Tiffany&Co e Pandora. A mediação do debate foi realizada por Mafoane Odara, mestre em Psicologia Social pela USP e coordenadora da área de enfrentamento à violência contra a mulher no Instituto Avon.
“O Brasil é um dos países mais desiguais do mundo. Esse é o motivo pelo qual a Fundação Tide Setubal colocou na sua missão o enfrentamento da desigualdade socioespacial e a promoção da justiça social. Ao longo do ano vamos tratar com profundidade desses assuntos, mas vale destacar que até o momento já falamos sobre raça, a questão da desigualdade nas cidades, sobre periferia e hoje abordamos um tema relacionado a gênero”, explicou Handemba Mutana, coordenador de Ação Macro Política da Fundação, na abertura do evento.
Viviane Soranso, assistente de coordenação da Fundação Tide Setubal, também ressaltou a importância de colocar o debate em ambientes do mercado de trabalho. “Embora a participação econômica das mulheres tenha aumentado, a situação está longe da ideal. De acordo com a pesquisa ‘A distância que nos une’, realizada em 2017, apenas em 2089 brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil. Neste contexto, o Vozes Urbanas decidiu pautar o tema ‘Mulheres: equidade de gênero e empoderamento econômico'”, disse.
Equidade e ambiente corporativo
As convidadas compartilharam suas experiências no mundo corporativo e aprofundaram a discussão sobre a necessidade de pautar as diferenças dentro das empresas. “Quanto mais você vai para o topo da pirâmide, menos diversidade você enxerga. Não só de pele, mas também diversidade de pensamento. O negro tem que prestar atenção no negro, mas isso não significa que nós não precisamos de apoio dos brancos”, ressaltou Rachel no início de sua fala.
Ao explicar sua vivência, enquanto coordenadora do projeto Consulado da Mulher, Kelly explicou que o mais legal de trabalhar em um Instituto que trabalha com mulheres é poder empoderar outras mulheres: “Nós trabalhamos com mulheres das zonas rural e urbana, espalhadas pelo país inteiro. O que buscamos fazer é trazer autonomia financeira através de uma formação e dizer para essas mulheres que, sim, elas podem”.
Mafoane , em sua fala final, destacou que o debate é muito enriquecedor e que, além das questões e histórias abordadas, é importante que as empresas tenham em mente três pontos-chave quando se fala em equidade: “como garantir a entrada de negros no mercado de trabalho, como retê-los e – também de extrema importância – como desenvolvê-los para que tenham oportunidades iguais que as demais pessoas”.
A próxima edição do Vozes Urbanas acontecerá em 25 de julho e terá o tema “Inovação política e participação social: o voto na redução de desigualdades”.