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3° Fórum Melhor RH ESG e Comunicação encerra com cases e estratégias para evitar comportamento “washing”

Organizações já se conscientizaram de que a pauta é transversal. RHs já reconhecem a necessidade de protagonismo do setor na consolidação de uma cultura de responsabilidade socioambiental

de Redação em 25 de setembro de 2024
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No segundo e último dia do 3º Fórum Melhor RH ESG e Comunicação – No limite da mudança, as tenências e técnicas para uma implantação de sucesso fizeram parte dos painéis. Foi um evento online e gratuito. Promovido pelas Plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH e pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação

O evento abriu com o painel: “Sem tempo irmão – Por onde começar se sua empresa ainda não pensa em ESG”, com Gabriel Clemente, especialista Sênior em Sustentabilidade Corporativa da Vale; Geraldine Mauro, head de ESG no Brasil da Boehringer Ingelheim; e Ricardo Fortes, responsável pelas iniciativas ESG no escopo e foco das ODS da ONU e Pacto Global da FIAP.

Geraldine começou falando da importância de conhecer o conceito de sustentabilidade, que para ela, é a usada pelas Nações Unidas: “Atender as necessidades do presente sem comprometer as capacidades das gerações futuras”.  Por isso, a sustentabilidade está no centro do core business da empresa onde atua. E para acontecer precisa implementar mudanças culturais e estruturais. “A parte cultural está relacionada a Recursos Humanos e envolve a liderança comprometida, treinamento, valores, comunicação transparente, engajamento de todos. E as lideranças são chaves”, ensina. Continuando, estruturalmente, ela cita o exemplo da Boehringer Ingelheim que tem um comitê de sustentabilidade. Com lideres de diferentes áreas que colaboram. “Governança também tem que existir negócios éticos, e metas definidas e públicas – como por exemplo atingir 50 milhões de pessoas com projetos de saúde”.

Clemente chamou a atenção para o fato que, para fazer ESG não precisa ser grande empresa. Primeiro passo é pensar simples. E a figura líder de alguém bem engajado com o tema que queira trazer isso pra dentro da organização. “Também não é de responsabilidade de uma área”. Outra recomendação, antes de tudo, é conhecer quem são os stakeholders que impactam a organização, quais públicos que estamos nos relacionando. “E assim percebemos um impacto negativo ou positivo da empresa e como funcionam as dinâmicas com essas partes interessadas”.

Fortes acredita que se deve estabelecer uma rotina da prática de ESG. Também concorda que é transversal e não precisa ter uma área específica para cuidar disso. “Na FIAP convidamos empresas para colocar projetos aqui e desafiar nossos alunos. Muitos desses desafios são pautados em cima das 16 ODS estabelecidas pela ONU. Até para proteger o planeta de nós mesmos. Pois somos a única raça que se autodestrói. Assim, nossos alunos para resolver os problemas desafiados pelas empresas. Usando tecnologia para resolver diversos problemas do meio ambiente. E conscientizar os alunos que o futuro é deles”.

O próximo painel tratou da  necessidade de não se acomodar nunca: “No limite da mudança – A responsabilidade do RH na execução e evolução de metas ESG”, com Edna Rocha, diretora de RH da Sonepar; Maurício Chiêsa Carvalho, gerente de RH e Responsabilidade Social na Tamarana Tecnologia Ambiental; e Ricardo Burgos, VP de Pessoas e Segurança do Grupo Amil.

Edna disse que a forma que a empresa contribui, no seu caso, uma empresa familiar, percebe que as novas gerações cobram muito mais ações de sustentabilidade, de governança, de proteção do planeta. “Por isso temos metas sérias sobre o assunto. Temos um sistema de treinamento de formação  online com capitulo inteiro falando sobre ESG.  E como aplicar tudo isso. Traz o conceito para a prática e as pessoas vivem os princípios no dia a dia. Temos semana da sustentabilidade, programa de portas abertas, trazemos famílias para dentro da empresa e falamos de ESG. Buscamos de maneira educativa envolver todo mundo no conceito e na prática”.

Burgos disse que a complexidade de uma empresa na entrega de uma missão no segmento de saúde é algo grande. “Acreditamos muito na pauta ESG e compreender toda evolução. Temos pilares que procuramos desenvolver nos hospitais. Temos privacidade e segurança de dados, compliance, questão de segurança de nossas equipes, que cuidam de pessoas. Colocamos as pessoas no centro de tudo o que fazemos. Qualidade e segurança de nossos serviços também, com equidade, colaboração com o SUS e outras instituições. Bem estar do consumidor. Uma pauta realmente complexa. E está evoluindo, mesmo na troca recente dos controladores da empresa”.

Carvalho destaca que o Brasil é um país continental. Empresas grandes tem indicadores até de remuneração de executivos com a pauta ESG. “Empresas menores podem não ter isso, mas podem ser protagonismo em ESG tendo isso em seus propósitos. Cada estrutura é uma cultura e a pauta ESG é universal. De cumprir as cotas, as questões de segurança, é uma jornada. Letramento é uma meta qualitativa. Segundo os indicadores. E ESG não é MBA ou pós-graduação, e sim é cultura interna”.

No painel “ABC da economia – Educação financeira e gestão de recursos pelo bem-estar das equipes”, participaram Angela Schuchovski, fundadora da Pense Valor Consultoria; Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad; e Renato Acciarto, relações institucionais e especialista em Comunicação Corporativa, Interna e Digital.

Angela pontuou que os RH devem olhar para a educação financeira dos funcionários porque é bom para o bem-estar das equipes. “E fala das vidas das pessoas. Estilo de vida, do que gostamos, nossos valores. É um assunto complexo e nem tanto objetivo como parece. Se um funcionário está com insegurança financeira sua produtividade cai, tem problemas de saúde mental e física. Não basta só educação financeira, pois pessoas bem instruídas caem em armadilhas como jogos de azar. Tem outras questõe envolvidas.  Tem que desbravar os caminhos nas organizações, olhando para a cultura interna, achando o melhor jeito de abordar o tema. Pode-se fazer workshops, ter consultoria especializada para ajudar individualmente as pessoas, entre outras ações”.

Igliori apresentou que não é questão de classe social ou geracional. “Esse assunto começa a entrar no radar das pessoas. Tem a ver com a qualidade de vida das pessoas. Temos que nos alimentar bem, e a vida financeira está no centro da vida. Planejar as finanças tem um horizonte. É cidadania. Esse tema está entrando nas empresas devido a agenda ESG. Empresas que não trata disso está perdendo tempo e comendo poeira para a concorrência. As pessoas não gostam de falar de finanças, mas quem se planeja evita problemas e deixa de perder tempo ao longo do caminho da vida. As empresas devem oferecer conhecimento e ferramentas para saber lidar com isso”.

Acciarto lembrou que o tema é pouco falado nas empresas. “Parece-me que existe mais tabu no tema finanças do que ao falar de sexo. E o acesso da informação aumentou, existem muitos influencers falando sobre isso, então as pessoas tem como se preparar e cuidar desse assunto importante para a vida”.

Novo painel, “Reciclagem profissional – O impacto de programas de aprendizado e atualização para habilidades verdes”, com Fernanda Dabori, vice-presidente de Planejamento e Atendimento da Fundamento; Luciana Lanceroti, fundadora da Gestão e Design de Impacto; e Tavane Gurdos, CRO/ Diretora Geral B2B da Alura/FIAP.

Luciana veio de grandes multinacionais e empresas de tecnologia, mas se diz agora apaixonada pelo tema de sustentabilidade a partir do momento, diz ela, que parou de culpar o ambiente e os outros “e passei a assumir esse protagonismo que todo mundo fala. E sempre que eu estou na escolha entre a tecnologia e uma vida mais sustentável, eu vejo isso como ponto de partida. E quando falamos de ESG devemos olhar para os 17 Objetivos do Milênio (ODS – objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU). É um tema que vem ganhando mais fôlego na sociedade. E saber com o que você se identifica, o que podemos fazer pessoalmente, em casa e no trabalho. Se escolhermos uma ODS já é muito. Temos que começar de algum lugar”.

Tavane, falando do processo de aprendizado, disse que tem aquilo que a gente sabe, aquilo que a gente não sabe e aquilo que a gente nem sabe que não sabe. “Dentro disso tem a nossa curiosidade, um ponto importante, E fazer conexões. Como as coisas mudam muito rápido, devemos ter aprendizado contínuo”.  Ela concordou com a Luciana que devemos começar aos poucos e eleger uma das ODS para começar. Passo a passo, saindo da zona de conforto.

Fernanda abordou a dicotomia que as empresas vivem, em continuar a fazer bem feito o que já faz e inovar sempre. E olhar para o mercado de tecnologia, por sinal onde Tavane e Luciana passaram. . “A tecnologia está sempre inovando e tem por consequência um descarte maior das coisas. Que obriga a ser não verde. Mas tem iniciativas que podem mostrar para gente que, uma ação pequena traz resultados”.

No painel “Cadeia de valor – A importância de ter (e ser) um fornecedor alinhado às práticas ESG”, participaram Bruna Sabóia, head de Sustentabilidade da Americanas; Daniele Conrado, head de Pessoas e Organização da Naturgy; e Vera Bejatto, CEO da Avatar da Saúde.

Quando o Brasil se prepara para sediar, ano que vem, um dos mais importantes eventos de sustentabilidade e meio ambiente, o COP, Vera avaliou que, “apesar de tanta visibilidade e importância, ainda há pouca aplicação do ESG nas empresas aqui e fora de nosso país. Com recordes de desmatamentos que temos visto, resultando até uma queda de 50% do tema ESG segundo o Google, e apenas 17% das metas das ODS estão na direção certa. E os gestores de RH tem estudado e debatido o tema”.

Daniele afirmou que, para um fornecedor estar alinhado às práticas de ESG, ambientais, sociais e de governança, as empresas podem seguir algumas etapas. Primeiro, definir os critérios de ESG, quais critérios são esses, se são claros, baseados também nos valores da própria empresa. “Devemos depois avaliar se o fornecedor está alinhado ao ESG com processos, seleção de empresas. Para isso exigimos em uma das etapas a pegada de carbono, do quanto cada provedor tem de emissão de carbono e essa certificação. Foi uma solicitação novo, muito não tinham e adaptamos isso de acordo com a realidade de cada fornecedor.  Estabelecer um canal de comunicação constante também é fundamental. Temos Comitês de Qualidade, de S, segurança, de Saúde”.

Bruna destacou que, quando falamos de ESG estamos falando muito além do ambiental. “Muita gente acha que estamos olhando apenas para a pegada de carbono, mas tem outros indicadores que podem ser solicitados, e que estejam alinhado com o negócio. Quando falamos de impacto ambiental, estamos olhando também para a geração de resíduos, emissão de CO2, se o fornecedor tem ou não um plano de descarbonização. Tudo pilar o ambiental, mas tem o olhar social também, da comunidade, do S, e vemos aonde aquele fornecedor está inserido e o que pode contribuir para aquele local, suas práticas trabalhistas”.

Mais um painel: “Mudança na palma da mão – Como o RH pode (e deve) medir seu impacto social”, com Adriana Lo Preste, coordenadora de Comunicação e Responsabilidade Social; Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future; e Talita Franco, líder de Cultura & Bem-Estar do Bradesco.

Adiantando o tema do painel, Paola diz que será falado muito sobre como as áreas de RH e Comunicação podem contribuir medindo e comunicando o impacto social que as empresas trazem e refletem seu verdadeiro efeito na sociedade. “Esse impacto social tem 4 grandes pilares. Um principal é diversidade e inclusão, fala de diversidade de gênero, raça e inclusão que resultam em ambientes mais equitativos e produtivos. Temos o pilar da Educação, com todos os investimentos que as empresas fazem e o quanto complementam a educação formal. Saúde, que é a melhoria da saúde e do acesso médico com os benefícios oferecidos. E o quarto pilar é a sustentabilidade ambiental, programas para a melhoria do ambiente físico das comunidades que rodeiam as organizações”.

Adriana, abordou a questão de gênero e inclusão, e disse que estamos distante do mundo ideal. “Muitas ações tem sido tomadas, mas fogem muito do mundo real. Empresas tem nas suas metas, indicadores, a proposta de aumentar o número de mulheres, em especial mulheres negras, nos cargos de gestão, mas na prática estamos muito distante disso. Estamos vendo as empresas caminhando, mas ainda há uma discrepância nos números, por conta que as ferramentas não são assertivas. Na hora da execução falha, porque as escolhas são feitas pelo ser humano. Essa mudança tem de vir de cima para baixo. A alta cúpula tem que estar focada nesse objetivo”.

Talita, médica de formação, começou no RH na estrutura de saúde ocupacional.  Ela admite que sua empresa tem trabalhando de forma intencional nessa questão de gênero. “Nosso índice de população feminina são maiores que o mercado, temos 51% de mulheres dentro da organização, que é representativo para uma instituição como a nossa com mais de 90 mil funcionários. E olhando posições de liderança, e também trabalhamos com metas, o percentual fica muito aquém do desejado. E como trabalhar isso de forma intencional? Hoje estamos preparando as mulheres para posições de liderança, com programas específicos para capacitação delas. Também trabalhamos no ambiente, um programa específico para os homens, preparando o ambiente para que de fato ele seja inclusivo”.

Penúltimo painel: “Valor na tomada de decisão – Como construir lideranças social e ambientalmente conscientes”, com Camila Moraes Rodrigues, diretora da Unidade Jabaquara do Senac São Paulo; Juliana Barreto, head de Comunicação e Sustentabilidade da SuperVia; e Márcia Alexandre, sócia da Pitanguá Consultoria.

Juliana reconheceu que é uma agenda desafiadora, independentemente dos setores. Mas a agenda de ESG e de sustentabilidade é um passo que não dá mais para dar pra trás. Na Supervia essa área foi criada recentemente. “Atrelamos a sustentabilidade nas estratégias de negócios. E sustentabilidade pode estar da comunicação sim. É uma tendência de mercado, muitas empresas tem o diretor ou VP de Comunicação e Sustentabilidade. Qual o racional disso? É para fazer propaganda e divulgar. Sim é, mas divulgar as ações que são consistentes, que tenham impacto positivo no entorno. Reconheço que a sustentabilidade não é de uma área, mas podemos, na comunicação, dar uma diretriz”.

Camila é diretora de uma escola do Senac que faz formação para líderes em sustentabilidade. “Eu olho também a sustentabilidade de uma forma transversal, Precisa integrar os três pilares do ESG, e quando a gente integra precisamos entender que temos um novo olhar para o mundo, para as pessoas, meio ambiente, e os negócios”. Quando falamos de sustentabilidade, ensina, “temos que saber qual é o local que queremos coloca-la na empresa. E aí eu mando uma mensagem para meus colaboradores e a sociedade, que a sustentabilidade é uma premissa que será levada em conta para tomada de decisão”.

Márcia revelou que em 22 anos de trabalho no mercado, em diversas empresas, organizações e consultoria percebe que o maior desafio é como promover mudanças consistentes. “Para que possamos perseguir essa economia de baixo carbono, com justiça social, com maior transparência, e como isso está relacionado com a consistência na tomada de decisão. E essas decisões devem sempre estar baseadas na ciência e informações sólidas. mas levar em consideração a capacidade dos lideres e como eles lidam com a complexidade dos tempos atuais. O progresso até agora tem sido insuficiente. Então a habilidade para lidar com incertezas tem sido essenciais para que esse desafio que estão se apresentando tanto na nossa vida como em nosso trabalho”.

Último painel: “Bem-vindos à Era da Transparência – O que muda para o RH com novas regulamentações e tendências legislativas”, com Beatriz Cara Nóbregadiretora de Recursos Humanos da We Capital; Fabricio Stocker, pesquisador e professor da FGV EBAPE; e Sérgio Amad, CEO da Fiter.

Fabricio, deu um panorama inicial do impacto da transparência. “Falamos nesse fórum como as empresas ainda tem medo desse desafio, e como podem se adaptar. O ESG é uma coisa nova, mas trata de problemas antigos. Então quando falamos de RH e práticas de equidade salarial entre homens e mulheres, saúde mental, bom relacionamento, ambiente de trabalho inclusivo, são questões que nós já sabemos há 40 anos em teoria e olhando para administração, em outras áreas da ciência social aplicada, e quanto isso é benéfico para a organização pensando em produtividade, performance, e até mesmo uma cultura organizacional mais colaborativa. Nos últimos anos, com o surgimento, ou melhor, com a aceleração das práticas de ESG é de fato uma pressão dos stakeholders, partes interessadas, em saber mais sobre o que os negócios de fato estão fazendo”.

Amad complementou pontos falados por Fabricio, da pressão que o RH recebe de stakeholders, das lideranças da empresa, dos próprios colaboradores. Então o RH transita entre o técnico e a operação. “Voltando no tempo, o RH se aprimorou na revolução industrial, depois Maslow e Taylor perceberam que o ser humano não era só econômico, mas também tem sua satisfação, tem seu celebro e o RH, inspirado nas forças armadas criou a descrição de cargos, hierarquia, organograma, e temos ainda um legado de uma legislação de 1943, NRs, a nova lei de saúde mental, burnout. E voltando as ODs, e o ESG, as letras S e G são sem dúvida parte do RH das empresas.  Outra questão, como democratizar o ESG nas empresas grandes, médias e pequenas”.

Beatriz recomendou ter uma real avaliação da situação da empresa, com todos os indicadores e riscos, para poder monitorar e mitigar. “E o RH uma vez conectado com as estratégias, participando de reuniões do board, com compilance, jurídico, mais dados com a área de tecnologia, conectar tudo isso para garantir um ambiente de conformidade. Mas acima de tudo, fecha, é sobre comportamento.

Reportagem: Portal da Comunicação


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