O segundo e último dia do 3º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores continuou a entregar ao público profissional de RH e de comunicação interna um rico legado de conhecimento aplicado, para o desenvolvimento das organizações e para a transformação social, via reconhecimento e motivação dos talentos da equipes.
Márcio Cardial, diretor do CECOM – Centro de Estudos da Comunicação e publisher das plataformas Negócios da Comunicação e Melhor RH, lembrou que exatamente há uma semana “nós estávamos celebrando a excelência e o compromisso das empresas em promover uma comunicação interna eficaz e impactante [ele se referiu à cerimônia do 2º Prêmio Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores, dia 23, no Teatro do CIEE em São Paulo]. O último dia do Fórum, segundo Cardial, repetindo o que falou no primeiro dia, enfatizando os resultados entregues, “foi um passo a diante, mergulhando ainda mais fundo nas práticas, desafios e oportunidades que permeiam esse universo tão crucial para o sucesso das organizações”. E aproveitou para agradecer aos speakers, que compartilharam seus conhecimentos, e aos patrocinadores que ajudaram a viabilizar o evento para um grande público – um encontro sem similar no Brasil. Comunicação interna que conecta, inspira e transforma, trazendo bons insights.
O segundo dia começou com o painel “Além do blábláblá – como conectar o propósito com a prática”, com Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future; Filipe Xavier, diretor de Comunicação & Branding para América Latina da GE Healthcare; e Adriana Wailemann Maia, diretora de Comunicação do Grupo IOB. Xavier abriu: “Nesses tempos de ChatGPT e outras IAs de geradores de conteúdo para a comunicação e tantas outras novidades, traz um grande desafio para nós não criarmos discursos impessoais. Para Adriana, enfrentar o grande obstáculo na percepção do público interno exige levar em conta que o propósito tem um grande grau de subjetividade: “Grandes empresas tem muitas visões diferentes, e nós da comunicação temos que saber como as mensagens chegam e como podemos interferir no processo”. Paola disse, por sua vez, que a proposta começa com um legado, “o que quero deixar para o mundo e não apenas aquela específica situação numa determinada organização”.
O próximo painel continuou o ponto do anterior: “Agenda de comunicação de amanhã – a integração de pautas e metas ESG na rotina do time”, com Carolina Prado, diretora de comunicação da Intel para a América Latina; e Fabiano Rangel, executivo de Desenvolvimento Organizacional e Institucional. Rangel chamou à atenção para pesquisas que mostram que, países com maior desigualdades tem menor projeção do PIB, o que leva a concluir a importância de programas de Diversidade e Inclusão e ESG. Equipes dentro das empresas, ainda segundo ele, tem buscado soluções que impactem positivamente a sociedade. “A comunicação busca ajudar os funcionários na amplificação dessa pauta”, Para Carolina, “tudo o que a gente faz permeia uma política de ESG”. Incluindo a Inteligência Artificial: “Olhamos para a IA na perspectiva de ser usada para o bem”, defende Carol, citando uma política de sua empresa.
A seguir aconteceu o painel “Que história você está contando? – Narrativas oficiais para engajar quem realmente importa”, com Carolina Paiva, gerente Executiva de Comunicação Interna e Engajamento da TIM Brasil; Mariana Augusto, gerente Sênior de Comunicação Corporativa – Brasil da Arcos Dorados; e Tânia Moura, gerente de Comunicação do CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola. Carolina trouxe o caso da campanha da nova identidade cultural da TIM, lançada no ano passado, para fomentar novos valores antenados com o futuro dos negócios. “Dentro do nosso plano e comunicação criamos um programa de reconhecimento espontâneo, com o objetivo de fomentar os novos valores”. Tânia conta que os colaboradores indicam projetos internamente: “Estamos partindo para uma globalização da informação, com toda a equipe”. No caso da Arcos Dorados, Mariana relata que o desafio foi engajar públicos diferentes, da administração, da linha de frente dos restaurantes, das liderança, etc. “Estamos em processo de escuta com várias áreas, e tudo começou um processo de maior engajamento, para darmos esse protagonismo.”
Em “A arte do feedback – como motivar de forma estratégica”, os speakers foram: Renato Acciarto, relações institucionais e especialista em Comunicação Corporativa, Interna e Digital; Regina Moura, diretora de Comunicação Corporativa, Digital e Eventos da Roche; e Paola Klee, CEO da YC – Your Career Future. Paola avaliou, falando de feedback, que em alguns aspectos “avançamos muito nas empresas no que se refere ao alinhamento estratégico. Hoje, existe quase 95% de conhecimento da estratégia, que cada colaborador conhece para atingir a estratégia. E isso passa pela liderança e pela comunicação. Por outro lado, existe um percentual expressivo de colaboradores que não recebem pelo menos 1 feedback por ano. Aí precisa melhorar. Não é só cumprir a tabela de programa de gestão de performance. Deve-se Incentivar via de mão dupla”. Regina apontou o papel do líder como fundamental no processo. “Na Roche adotamos a cultura ágil, baseada na liderança criativa x liderança reativa. E acompanhamos o dia a dia do colaborador, numa parceria, deixando claro o que se espera dele. Não temos mais reunião de feedback e sim encontros de alinhamento de expectativas e de repactuação para seguir em frente”. Acciarto ponderou apropriadamente que um funcionário não trabalha apenas com um líder, em termos de feedback, hoje atua com equipes multifuncionais, tem vários líderes ao mesmo tempo, dependendo do projeto. Precisa ter o olhar de outras equipes.
O painel “Be-a-bá da equipe – Roteiro prático para implementar o essencial“, trouxe as presenças de Guilherme Almeida, gerente de Comunicação Corporativa Senior da Edenred; Lucas Moura, gerente de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Construtora Tenda; e Caio Ferracina, coordenador Sênior de Comunicação Interna e Endomarketing da LATAM Airlines. Na visão de Almeida, a comunicação interna tem se destacado mais desde a pandemia, “e chegou em segundo lugar como uma das prioridades da liderança, segundo pesquisa da GPTW”. Para Ferracina, esse básico do papel da comunicação, o retorno mesmo ao essencial aconteceu durante a pandemia, “quando o isolamento das pessoas fez com que a área esquecesse as ferramentas e se preocupasse mais na importância de se comunicar com as pessoas, o verdadeiro papel da área”. Caio trouxe outra reflexão: entender onde estamos. “Eu, por exemplo, trabalho no setor de construção, e boa parte do meu público está no canteiro de obras, então, ter apenas canais digitais não é algo que não funciona”.
O próximo e penúltimo painel foi “Comunicando a mudança – CI para apoiar e consolidar transições organizacionais”, com Juliana Annunciato, gerente de Endomarketing, Comunicação e Employer Branding da Biolab; José Luís Ovando, sócio-diretor de Estratégia da Supera Comunicação; e Fábio Gomes França, líder de Comunicação Interna do TCU. Ovando lembrou, contextualizando o tema, que hoje todos nós, de uma forma ou outra, pessoas e organizações, estamos passando por mudanças profundas, seja do ponto de vista social, pessoal ou organizacional, fruto de nosso tempo. E as organizações são reflexos de nossa sociedade. Juliana, que atuou no reposicionamento de várias empresas que se fundiram, fala da importância de trabalhar o tema de transição e mudanças dentro do universo corporativo e como a comunicação ajuda no andamento desse processo de forma positiva. “Cultura não é só do RH, é a forma de como fazemos as coisas, e empresas que não se preocupam com isso alcança o resultado pelo resultado e não é a forma de ser da empresa. Ovando complementou que de fato a cultura não é só do departamento de RH e é um fator de responsabilidade do líder, porque sem ele nada muda. No setor público, França, disse que o TCU fiscaliza o uso dos recursos públicos, e a questão da cultura organizacional “é importante porque a cada dois anos temos uma troca de presidente”. E nessas transições França procura conversar com as novas gestões que assumem, “para divulgar o novo plano de ação, e darmos um norte para as equipes entenderem as mudanças, como foi na época de um ousado plano de rapidez no processo de digitalização do órgão”.
No último painel do dia, “Discurso de valor – O desafio de fortalecer lideranças comunicadoras”, teve as presenças de Adevani Rotter, diretora-Presidente da Ação Integrada; e Rafael Oliveira, gerente de Comunicação e Marketing da Unimed-Rio. Em todos os painéis anteriores se falou muito no papel das lideranças, e agora se faz um arremate dessa questão. Adevani iniciou a conversa trazendo os resultados da pesquisa de comunicação interna que a Ação Integrada fez em parceria com a Aberje: “Pelo oitavo ano consecutivo, o líder, o gestor é o principal desafio da comunicação interna. Então a questão continua a ser como transformar gestores em líderes comunicadores”. Outro dado apresentado por ela foi uma pesquisa da Mackinsey Consultoria, que buscou em funcionários de empresas de todo o mundo, quais os drives de satisfação. E 36% disseram que a preocupação era a saúde mental. Apenas 25 % apontaram a satisfação no trabalho. Destes últimos, a grande maioria (39%) disse que é o relacionamento interpessoal que conta; destes, 86% disseram que é importante o relacionamento interpessoal com o líder direto. “O líder é o principal influenciador, e o que promove o bom ambiente de trabalho”, expliicou Adevani. Rafael avaliou esses números e os classificou como “alarmantes”. Por exemplo, a pesquisa da Aberje, que em oito anos aponta um problema crônico, pois as lideranças continuam a ser a grande chave impulsionada pala comunicação para a melhoria no ambiente de trabalho. “As áreas de comunicação e RH não estão dando conta de aparelhar as lideranças com ferramentas, técnicas e conceitos adequados e a própria liderança comunicadora parece não ter a percepção desses problemas. Saúde mental tem a ver com lideranças tóxicas, que induzem a demissões. E outras pesquisas apontam que a principal fonte de informação confiável dentro das empresas é o líder imediato”. Outro dado da pesquisa feita por Adevani, “apontou que 55% das empresas estudadas tem até três pessoas na área de Comunicação Interna. Para fazer muita coisa”. O diagnóstico dela é que os profissionais de comunicação interna estão “tão sobrecarregados em cuidar dos canais, corrigindo as vírgulas e verbos errados, cuidando das demandas diárias, exercendo o comando e controle de suas atividades que desejam centralizar, e que tanto criticam nas lideranças, que não enxergam o que é o mais importante – trabalhar a cultura”.
Liderança comunicadora, portanto, foi o grande mote do Fórum, em vários painéis, e trabalhar isso de forma adequada continua sendo o grande desafio. Os exemplos citados pelos especialistas, mais do que respostas prontas para um problema tão complexo, de realidades tão diferentes nas empresas, nos ajudaram a obter insights do que podemos fazer dentro de nossas organizações, e fazer o melhor com os recursos que temos, e utilizar o conhecimento obtido neste encontro.
Casa Hope
É bom destacar também que o 3º Fórum Empresas que Melhor se Comunicam com Colaboradores, assim como os eventos realizados nos últimos pelo Cecom – Centro de Estudos da Comunicação e Plataformas Melhor RH e Negocios da Comunicação, procurou apoiar a Casa Hope, uma instituição que cuida de crianças com câncer de forma gratuita e contando com a ajuda de colaborações de empresas e pessoas físicas. Um QR Code, divulgado embaixo das apresentações de cada painel, direcionou para uma página de doação financeira à instituição. Se você não efetivou uma colaboração, ainda é tempo de ajudar. Conheça o trabalho da instituição e ajude a viabilizar essa nobre causa.
Apoiadores comentam
As marcas que apoiaram esse evento também desejam fomentar a cultura da liderança comunicadora e de boas práticas de comunicação interna nas organizações e investem em iniciativas com esse propósito. Mariana Augusto, gerente sênior de comunicação corporativa da Arcos Dorados, destaca que “o compartilhamento de boas práticas é o caminho para construirmos um ambiente de confiança, engajamento e motivação em nossas empresas. Por isso, acredito que os cases apresentados no Fórum vão inspirar e apoiar os profissionais a aprimorarem suas práticas e fortalecerem os laços com seus colaboradores”.
“O FEMCC traz muitos benefícios para os setores de recursos humanos e comunicação interna, incentivando a excelência e o compartilhamento de melhores práticas, além de oferecer excelentes oportunidades de networking entre os profissionais desses setores”, acredita, também, Igor Gavazzi Vazzoler, CEO da Progic, outra empresa apoiadora do Fórum. “Esses eventos destacam a importância dessas áreas [RH e CI] na criação de um ambiente organizacional positivo, no aumento do engajamento dos funcionários e no desempenho geral das empresas.”
Sobre a importância do evento na agenda dos RHs e especialistas em Comunicação Interna, Paola Klee, CEO da You Career, apoiadora do evento, entende que “a iniciativa promovida pela Melhor RH em relação é única no país e deve ser cada vez mais divulgada e difundida para que empresas e profissionais de todas as regiões participem”. E “isso porque ressalta a importância da colaboração e compartilhamento de saberes que se complementam e despertam para possibilidades”, acredita a executiva.
Fernanda Dabori, VP of Planning and Business da Fundamento Grupo de Comunicação, atesta que o Fórum EMCC “serve como uma plataforma para compartilhar melhores práticas e inspirar inovação. Ao reconhecer, debater e trazer especialistas para falar sobre as iniciativas de comunicação, o evento promove a troca de conhecimento e experiências entre os profissionais da área, incentivando a aprendizagem e a melhoria contínua dos processos de comunicação interna”.
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Publicado originalmente em Portal da Comunicação