Póvoa, da Netshoes: alinhar à cultura da empresa |
Fabricante de latas e tampas para bebidas, a Rexam fez uma aposta há três anos: usar o Facebook como um canal de comunicação com seus funcionários. Após uma pesquisa que constatou que, naquela época, cerca de 80% do seu público interno, tanto operacional quanto administrativo, tinha acesso a computador ou redes sociais, a empresa resolveu criar um grupo privado em sua página para unir e promover a integração e compartilhamento de informação entre os funcionários espalhados pelas suas 13 unidades na América do Sul.
De lá para cá, o potencial da página cresceu e, hoje, a companhia comemora a inclusão do canal – iniciativa até então inédita como ferramenta de comunicação interna – no planejamento da maior parte das ações de comunicação e os índices de satisfação nas pesquisas internas. O último balanço registrou que 94% dos funcionários da Rexam entendiam, por exemplo, como seu trabalho contribuía para atingir a visão e os objetivos da empresa.
O grupo reúne hoje mais de mil pessoas, o que equivale a mais da metade dos funcionários da companhia, que acompanham desde projetos, programas e campanhas corporativas até recordes, resultados e conquistas das unidades. Sempre em português e espanhol, para adequar o conteúdo aos públicos de Brasil, Chile e Argentina.
“Além da capacidade colaborativa, o Facebook concede uma espécie de empoderamento ao funcionário ao permitir que ele se comunique livremente, sem hierarquias e sem formalidade, posicionando a empresa como parte da rede pessoal dos funcionários. A ferramenta estimula o compartilhamento de conteúdo, já que a interação dos demais colegas, por meio de likes e comentários, funciona como uma forma de reconhecimento que retroalimenta o ciclo de posts. Além disso, é o único canal capaz de entregar a informação em tempo real”, explica Thaís Moraes, supervisora de comunicação da Rexam.
Manual de boas práticas
Ela lembra que, quando o grupo foi criado, foi elaborada uma política de redes sociais e um manual de boas práticas nas redes sociais, que orientam os funcionários sobre a conduta esperada. “Todo o conteúdo é postado pelos próprios funcionários e para eles, no ambiente fechado do grupo. No entanto, a Rexam possui um programa de reconhecimento específico para o Facebook, que reconhece e premia aqueles que mais postam e, dessa forma, direciona as postagens para os temas que são relevantes para o negócio por meio da soma de pontos, distribuídos entre dez diferentes categorias”, diz a executiva. Nesse programa, os temas com maior pontuação variam mensalmente, mas alguns se destacam entre os mais postados: segurança, pela importância e foco que a empresa direciona ao tema; melhoria contínua, pelo fato de a filosofia Lean Enterprise (melhoria de processos) permear toda a companhia, desde a operação até o administrativo; e recordes de produção e conquistas das fábricas, pelo engajamento das pessoas e cultura de compartilhamento de suas conquistas.
A página é constantemente monitorada e, caso algo saia do planejado ou algum funcionário faça algum post que vá contra as regras, ou seja, de caráter ofensivo ou não ético, o post é moderado e o funcionário, avisado e devidamente orientado pela própria equipe de comunicação corporativa.
Para atrair a participação de mais colaboradores, o projeto ganhou adeptos de peso dentro da companhia. Líderes de RH transformaram-se em “postadores oficiais” das suas localidades e, para motivar a participação, o diretor de RH/Comunicação, Paulo Mota, liderou o início das postagens no grupo, tornando-se um importante porta-voz do canal junto à liderança sênior da organização. O esforço trouxe resultados. Se antes a equipe de comunicação era a principal responsável pela alimentação da página, atualmente mais de 70% das publicações provêm do quadro de funcionários.
“Eles [os líderes] são fundamentais para o processo: ao mesmo tempo que assumem, mesmo que indiretamente, o papel de ‘postadores oficiais’ por representarem seus times ou unidades, a presença deles na página é duplamente importante. Primeiro, porque, ao mesmo tempo que denota a importância de os funcionários fazerem parte do grupo, também fomenta a participação ativa e o compartilhamento de boas práticas; e, segundo, porque os “postadores’ trazem conteúdos importantes para o negócio e ainda geram engajamento ao reforçar positivamente a participação dos demais, por meio de likes e comentários nos conteúdos postados”, comenta Thais.
Não é Facebook, mas também é rede
Aumentar a transparência, melhorar a comunicação e disseminar o conhecimento. Imagine o tamanho do desafio a ser vencido quando pensamos em uma empresa com mais de 10 mil colaboradores que precisam receber informações com a mesma transparência e comungar da mesma cultura e objetivos. A complexidade fica ainda maior quando esses profissionais estão espalhados em 52 unidades.
Para suplantar esse desafio e aprimorar a maneira pela qual a companhia se relaciona com os seus funcionários, compartilha e organiza o conhecimento corporativo, a Totvs implementou uma rede social corporativa – isso há quatro anos. Formada, em sua maioria, por jovens colaboradores – aproximadamente 65% dos participantes pertencem à nova geração –, a rede social atendia ao comportamento e à dinâmica desses profissionais. Apesar disso, lembra Daniela Cabral, executiva de RH da Totvs, foi realizado um trabalho de engajamento e conscientização das pessoas para utilizarem a rede. “Isso porque a rede social corporativa é diferente da rede social pública”, comenta.
A rede absorveu a intranet da companhia e possibilitou uma interação de mão dupla, com a troca de informações e experiências entre os usuários. As discussões, muitas vezes, passaram a acontecer na rede, dando à empresa uma poderosa ferramenta de monitoramento do clima. Houve, inclusive, uma melhora na satisfação dos colaboradores desde a adoção da ferramenta. Na última pesquisa de clima realizada pela empresa, os quesitos relacionados à comunicação figuraram entre os 10 tópicos com maior crescimento na comparação ano a ano.
De acordo com a Totvs, com a rede social, a comunicação flui com mais simplicidade e velocidade, contribuindo para um aumento no engajamento dos colaboradores e na produtividade da organização. Além disso, agora, a empresa consegue consultar os funcionários antes de lançar um produto, identificar quando eles têm dúvidas sobre um programa de RH e mapear as lideranças informais, desenvolvendo ações para aprimorar essas questões.
Daniela, da Totvs: maior engajamento |
Atualmente, a rede social corporativa é o principal meio de comunicação entre a empresa e os seus funcionários. Nela, cada colaborador tem a sua página, como no Facebook, e pode participar de comunidades de seu interesse. São mais de 20 comunidades voltadas para a comunicação das novidades e mudanças nas diferentes áreas da empresa, que atendem às unidades e franquias da companhia e têm em média 479 mil visualizações de página por mês.
“Com quatro anos de utilização, a rede social corporativa, hoje, já é nosso principal canal de comunicação com os funcionários e traz, dentre outros benefícios: quebra de barreiras geográficas e hierárquicas; comunicação como via de mão dupla; disseminação da cultura empresarial; reconhecimento de funcionários; capacitação; gestão do conhecimento; integração entre colaboradores e empresa; e engajamento”, conta Daniela.
Para a rede não cair
E foi pensando em acessar todas as possibilidades de benefícios que uma rede propicia que a Nestshoes resolveu dar um upgrade na sua intranet, transformando-a em uma rede social corporativa. A novidade começou no fim de outubro e passou a permitir uma maior integração entre os colaboradores da empresa. “Nossa intranet já era colaborativa, já funcionava como uma espécie de rede, mas faltava aquele aspecto mais social”, diz Sérgio Póvoa, diretor de RH.
Além de criar um ambiente mais colaborativo, essa ferramenta pode ajudar o RH e os gestores da Netshoes em outras frentes, como nos processos de avaliação. “As pessoas poderão fazer recomendações de outras”, diz o executivo. Essa recomendação, diz o executivo, vai ajudar no desenvolvimento da pessoa. “Deixamos muito claro que não se trata de uma ação para ganhar um brinde ou qualquer coisa parecida. É uma ação de desenvolvimento”, frisa.
Ele conta que, por não haver nenhum filtro na rede (as pessoas têm total liberdade de se posicionarem), ela se torna uma espécie de termômetro do dia a dia na empresa. Em uma ocasião, ele lembra, foi oferecido um determinado benefício aos funcionários. E algumas pessoas não gostaram. “Nesse aspecto, se a organização coloca muitos filtros, as pessoas deixam de participar, deixam de expressar o que sentem e pensam. Meu papel como gestor de RH é garantir que esses filtros não existam”, diz Póvoa.
Além desse cuidado, e ligado a ele, há outra dica que Póvoa destaca para as empresas que desejam implantar uma rede social corporativa: que ela esteja alinhada à cultura organizacional. Assim, se em uma companhia não há uma cultura que permita aos funcionários se expressarem, darem suas opiniões e sugestões, uma rede social pode não trazer todos os benefícios possíveis, como um ambiente colaborativo. Nesse caso, efetivamente, a rede cai.
Rede própria para caçar talentos |
A Vikstar, empresa de contact center, abriu um canal de comunicação via WhatsApp com os interessados em vagas de emprego. Desde março, a equipe de recrutamento passa as primeiras informações para os candidatos na hora, com apenas um clique. Para se ter uma ideia do sucesso da ação, cerca de 300 mensagens são recebidas por dia. O aplicativo já é o responsável por 28% das contratações.
“Nosso público é jovem e precisa de informação rápida, em tempo real. Sabemos que eles não largam o celular, então pensamos em unir o útil ao agradável. Vimos uma oportunidade onde muitos veem um problema. Depois que passamos a utilizar o aplicativo, o trabalho de recrutamento e seleção foi facilitado. Hoje, não há espera; se o candidato se interessa pelas informações passadas, ele vem até a empresa e faz uma entrevista, tudo muito simples”, explica Flavia Heitelvan, diretora de RH da Vikstar. |