A geração na casa dos 30 anos, da chamada “Geração Y” ou “Millenials”, deve ser o grupo que mais tempo estará no mercado de trabalho. E calcula-se que grande parte desses profissionais nunca se aposente. Essa é a opinião do especialista em gerações, autor de diversos livros sobre o tema e fundador da Escola de Mentores, Sidnei Oliveira. Ele esteve na Amcham – Curitiba na última terça-feira (17) para uma palestra sobre o tema.
Fenômenos como o aumento da expectativa de vida, menor número de filhos e o avanço da medicina, estendendo o tempo de vida das pessoas, estão impactando diretamente nas perspectivas de trabalho. No Brasil, segundo dados do IBGE, a expectativa de vida passou de 65,8 anos em 1985 para 74,4 anos em 2015. A média de filhos por mulher hoje é de 1,78, contra 3,45 em meados da década de 1980.
“A tendência é a expectativa de vida aumentar ainda mais. Daqui a 30 anos, provavelmente chegará a 90 anos. O impacto disso no mundo do trabalho é direto: pessoas que hoje estão se aproximando dos 30 anos, vão trabalhar quase 70 anos em suas vidas. Muitos, provavelmente, nunca irão se aposentar”, analisa Oliveira.
Na outra ponta, parte dos profissionais mais experientes estão se dedicando à preparação. No último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que dá acesso aos cursos superiores, realizado em 2017, 28% dos candidatos tinham mais de 45 anos. “Isso mostra que, além de estarem se preparando para ficar mais tempo na ativa, os “veteranos” dão sinais de que cada vez mais as pessoas terão que dedicar mais tempo à fase do aprendizado para continuar a entender o mundo. É provável que muitas pessoas nunca se aposentem e se reinventem ao longo de sua vida profissional, assumindo diversas carreiras e profissões”, diz.
Ambiente de trabalho
Além do impacto generalizado no mercado de trabalho, nas empresas a convivência entre gerações diferentes, com expectativas e experiências distintas, exige preparo dos próprios profissionais. “O mais comum hoje é vermos empresas em que convivem profissionais com 25 anos, em média, e outros na casa dos 40 ou 45 anos”, observa Oliveira.
Segundo ele, neste cenário o ideal é incentivar a competitividade entre esses profissionais, sem o lado predador, para que ocorra aprendizado mútuo. Sidnei Oliveira diz ainda que aos líderes, cabe desenvolver a maturidade dos mais jovens deixando que cometam erros, desde que sem consequências irreversíveis. Aos mais jovens, a recomendação é aprender com os erros e aceitar que, em muitos momentos, é necessário renunciar e saber lidar com eventuais implicações negativas das próprias escolhas.