Cada vez mais, profissionais com alta qualificação ou com perfil empreendedor estão deixando o Brasil em busca de segurança profissional e pessoal nos Estados Unidos.
Levantamento feito pela consultoria especializada em expatriação JBJ Partners revela que nos últimos quatro anos cresceu a migração de pessoas com formação superior para os Estados Unidos. De acordo com a empresa, a parcela de migrantes com formação universitária ou pós-graduação passou de 83% para 93%.
A mudança de perfil ocorre no momento de crescimento intenso da emigração. De acordo com a Receita Federal, 21.236 pessoas preencheram em 2017 a declaração de saída em definitivo do país para diferentes destinos. No período de recessão, a saída de brasileiros cresceu 115,4% – levando-se em conta a saída de 9.858 pessoas em 2013. 95% dos pesquisados dizem não ter planos de voltar ao Brasil nos próximos três anos. As razões mais apontadas para a saída são violência, instabilidade econômica e corrupção.
De acordo com a JBJ, tem crescido o número de famílias inteiras que deixam o país. Há quatro anos, 41% dos expatriados pesquisados eram casados e, destes, 63% tinham pelo menos um filho, segundo a pesquisa. Hoje, o porcentual de expatriados casados subiu para 68% e, dentre eles, 83% são pais.
Além da escolaridade, a faixa etária dos expatriados também aumentou. Até 2013, a pesquisa mostrava que 61% dos que haviam se mudado para os Estados Unidos tinham até 29 anos. Hoje, a faixa de 30 a 49 anos – considerada a faixa mais apta a ter carreira consolidada e maior poder aquisitivo – já representa 57% do total.
Os dados levantados pela consultoria e o aumento das declarações de saída definitiva do país junto à Receita configuram uma verdadeira “fuga de cérebros”, afirma Jorge Botrel, sócio da JBJ. “A fuga de cérebros se caracteriza pelo crescimento do número de pessoas com PhD, doutorado e MBA, que saem em direção aos Estados Unidos.”
Desde 2015, o especialista atua na ponte São Paulo – Miami, onde presta assessoria a profissionais e empreendedores que mudam para os EUA. “Antes de 2013, 18% dos que migravam não tinham curso superior. Hoje, só 6%. O número dos que têm pós cresceu de 18% para 23%”, conclui.