Se o negócio da empresa é gente e tecnologia, então, RH é negócio. Quem afirma é Raphael de Carvalho, CEO da MetLife. E, para ele, a área precisa olhar para fora e conectar-se às demandas dos clientes
Quais são seus principais desafios em relação ao negócio?
Costumamos dizer que nosso negócio tem dois componentes: gente e tecnologia. Quando falamos de gente, falamos de nossos clientes e de nossos colaboradores. Os desafios são enormes, pois nosso negócio passa por grande transformação. Aliás, fiquei pensando se falaria em transformação, pois soa lugar comum dizer “transformação acontecendo”, mas essa é a realidade e não há palavra melhor para descrever o que está se passando. As expectativas dos clientes em relação ao serviço e suas necessidades de proteção têm mudado bastante. Sua percepção do que é valor mudou e não vamos parar por aqui. Quanto aos colaboradores, além da clara “ansiedade positiva” em atender às expectativas de nossos clientes, vejo cada vez mais que trabalhar por um propósito que considerem relevante e sentirem-se protagonistas do processo são os principais combustíveis para motivação e engajamento. Nosso desafio é manter uma cultura organizacional que estimule isso.
Como o RH o ajuda a enfrentar esses desafios?
Gosto de pensar no RH, principalmente os BPs (Business Partners) e time de comunicação interna, como as artérias que permanentemente levam o oxigênio para a construção e a manutenção de nossa cultura organizacional a todos os tecidos da empresa. Também em um RH com olhar para fora e conectado às demandas de nossos clientes, sabendo traduzir isso nas competências necessárias para atendê-las. Um RH integrado, onde mal se percebe onde começa uma área e termina outra.
E em relação ao tema pessoas, quais são os desafios?
Em geral, o primeiro e grande desafio no processo de gestão de pessoas é conectá-las ao propósito da companhia – e são as pessoas genuinamente conectadas que realmente contribuem com o sucesso dos negócios. O RH é importante para a construção de uma cultura com significado e identifica as melhores competências e pessoas atreladas ao propósito da companhia. Também deve prover um ambiente diverso, feliz e produtivo, fazendo com que as pessoas se sintam realmente valorizadas, engajadas e com oportunidades de crescimento. Conexão ao propósito, bem-estar e valorização da diversidade fazem parte da essência da nossa companhia.
O que espera da área e do profissional de RH daqui para a frente?Acredito cada vez mais em um RH conector das pessoas ao propósito da organização e visceralmente integrado ao negócio. Nosso negócio é gente e tecnologia; logo, o RH é negócio! Para que isso funcione bem, os profissionais da área, além da constante melhoria de suas “competências naturais”, cada vez mais precisarão trabalhar suas habilidades com dados e capacidade analítica bem como a “tradução” das novas formas de aprendizado e desenvolvimento de talentos. A relação das pessoas com o trabalho mudou (e segue mudando) e já não há separação entre a persona no trabalho e a persona social. Fácil de constatar, mas desafiador para os profissionais de RH nos temas do dia a dia com os colaboradores. Finalmente, a transformação digital mudou não somente as operações de RH em si como timing e expectativas dos colaboradores. Tempos interessantíssimos para ser um profissional de RH!
Como você é como gestor de pessoas?
O papel do gestor de pessoas é de engajamento, facilitação e integração, procurando construir um ambiente onde as pessoas genuinamente queiram colaborar, se sintam realizadas e sejam elas mesmas. Alguém que comunica, comunica e comunica. E quando acha que já comunicou tudo ou está sendo repetitivo, comunica mais ainda (risos). Tento focar minha energia nisso. Importante as pessoas percebam que a sua opinião conta, que não há barreiras hierárquicas para participar. Se a galera estiver leve e feliz dando o seu melhor, ganhei meu dia!