Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral e da Talenses, realizada com 375 companhias no Brasil, aponta que mais de 70% das entrevistadas sinalizaram a intenção de adotar o home office parcial ou integralmente após a pandemia. Na indústria, o índice chega a quase 80%, enquanto na área de serviços ele é de 89%.
A Stefanini é um exemplo de que o home office veio para ficar. A multinacional brasileira pretende trabalhar com três modelos de trabalho remoto — home office total, parcial e de flexibilidade em relação a horários. Um projeto que chama de “Stefanini Everywhere”.
“O modelo de home office que estamos construindo permitirá que os novos colaboradores exerçam suas funções de onde estiverem, com a possibilidade de trabalhar em uma grande empresa”, explica Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura do Grupo Stefanini.
A expectativa da empresa é continuar crescendo com as novas aquisições, sem a necessidade de ampliação de escritórios. “A ideia do ‘Stefanini Everywhere’ é ser mais flexível e inclusivo, até porque há colaboradores que não se adaptam ao trabalho remoto e querem manter o formato tradicional”, afirma Pádua.
“Não temos um modelo fechado, pois estamos aprendendo com o trabalho a distância. Queremos testar novos formatos, analisar o que funciona mais e cocriar com a equipe. A pandemia mostrou que somos capazes de fazer em três meses o que havíamos planejado para o período de três anos”, destaca Marco Stefanini, CEO Global do Grupo Stefanini.
Implementação do onboarding digital
De acordo com Rodrigo Pádua, as plataformas digitais permitiram aos líderes se aproximar mais de suas equipes. “Entramos literalmente nas casas de nossos funcionários, conhecemos seus filhos e animais de estimação. Criou-se uma conexão de que estamos todos juntos numa mesma jornada”.
Com a utilização das novas plataformas, novas práticas farão parte do dia a dia do RH. Como o onboarding digital, em que o novo colaborador passa pelas entrevistas, testes e admissão, sem contato físico com a empresa. Os treinamentos com metodologias ágeis poderão auxiliar no mapeamento de talentos e identificação de colaboradores que estejam disponíveis para novos desafios. Pádua acrescenta:
“Com o trabalho remoto, as possibilidades se potencializam ainda mais. O mundo mudou, os negócios estão se transformando e todos nós aprenderemos com o novo normal”.
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Home office foi aprovado
por 89% dos integrantes da Ocyan
No caso da Ocyan, empresa do setor de óleo e gás, foi feita
uma pesquisa com os integrantes que trabalham nos escritórios em regime onshore
(em terra) sobre o home office adotado em função da pandemia. Como resultado,
89% deles sugeriram que a companhia considere esse formato como opção de Boa
Prática para quando acabar o isolamento social.
“A pesquisa identificou que a grande maioria dos colaboradores aprovou a novidade. É claro que o cenário atual é atípico e diferente daquele que vamos encontrar quando retornaremos ao escritório, que por sinal será diferente daquele que deixamos antes de iniciarmos o home office”, explica Nir Lander, diretor de Pessoas e Gestão da Ocyan.
Para o diretor, o trabalho remoto trouxe ganhos de produtividade para a empresa e representa uma experiência que não deve ser desperdiçada. A ideia não é pensar como será a volta ao trabalho e, sim, como será daqui para frente com essas mudanças incorporadas à rotina.
“Essas informações, aliadas à percepção do nosso Comitê Executivo, levaram-nos a refletir sobre as oportunidades que essa experiência de trabalho remoto nos gerou, nos impulsionando a aprofundar os estudos e preparativos necessários sobre o assunto”, avalia.
O que a pesquisa sobre home office apontou
As respostas sobre o esforço exigido para conciliar as agendas do trabalho e da vida pessoal foram otimistas para 85% dos integrantes – 17% consideraram muito fácil, 19% fácil, e 49% normal.
Apesar do otimismo com o novo modelo de atuação, cerca de metade (51%) dos respondentes admite que a organização da rotina traz desafios como administrar o horário do expediente, contemplando a realização de intervalos regulares durante a jornada de trabalho e encerramento das atividades.
Outros pontos levantados foram a presença de filhos e crianças em casa, além de dificuldades pontuais com ferramentas de TI. Já para 41%, o fato de não interagir pessoalmente com a equipe é a principal dificuldade enfrentada. Um dos depoimentos coletados lembrou que a “interação com time no face-to-face é muito importante para o desenvolvimento das relações do trabalho”.
Mas, mesmo com todas essas questões, uma expressiva maioria (73%) considera a nova rotina positiva em função do ganho de tempo diário ao evitar o deslocamento entre a casa e a empresa.
Não faltam exemplos de companhias que perceberam que, sim, é possível trabalhar remotamente sem perder a coesão entre as equipes, a produtividade e ainda ganhar em qualidade de vida. O novo normal certamente trará surpresas. Mas o lugar do modelo remoto está garantido. Ou seja, com todas as aparas necessárias que serão feitas com o tempo e de acordo com os objetivos de cada empresa, o home office veio para ficar.