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Conseguiremos manter a eficiência em home office com as liberdades do pós-pandemia?

de Bruno Grillo Castello em 6 de julho de 2020

É fato que a pandemia do coronavírus acelerou planos que, em algumas empresas, eram preocupações a longo prazo, como a digitalização e o temido home office. Em algumas companhias, o trabalho em casa era um tema polêmico e muitos gestores ainda se sentiam inseguros. De repente, viram-se obrigados a encarar o tabu de frente. E, hoje, celebram os bons resultados.

Com economia de custos e funcionários com performance acima da média, muitas empresas de diversos segmentos avaliam adotar definitivamente o formato. Contudo, assim como o início da pandemia nos empurrou para transformações bruscas, o final dela, a entrada no pós-pandemia, igualmente vai exigir novas atitudes para que seja possível manter os mesmos resultados.

Por isso, faço a provocação:

Como será a rotina de um colaborador em home office no pós-pandemia, quando ele tiver de volta suas liberdades como almoçar fora, encontrar amigos, ir ao shopping, faculdade etc?

Com essa pergunta, não tenho a intenção de desencorajar empresas a manter seus colaboradores trabalhando em casa. Pelo contrário, meu objetivo é ajudar a continuarem acreditando no home office, colhendo bons frutos e que seus medos e tabus do passado com o teletrabalho não se tornem realidade.

Um novo momento de transição

Para que seja possível essa continuidade nos resultados, o primeiro passo é ter a consciência de que, em breve, teremos esse novo momento de transição, o tão aguardado fim do isolamento social, e se preparar para ele.

Existem três principais pontos de atenção que já foram evidenciados durante a pandemia para evitar ao máximo o atrito nos processos de trabalho. No entanto, no futuro, deverão, mais uma vez, entrar no debate para a adequação ao novo ambiente corporativo que está sendo construído, com novas exigências:

Horário do expediente – Muitas empresas simplesmente mandaram seus funcionários para casa e exigem deles estarem disponíveis em horário comercial. Será que, para o seu tipo de negócio, isso vai funcionar? Será o melhor método para alcançar os resultados esperados?

Mais do que nunca, precisamos ter modelos de controle de tarefas e suas entregas. Como um exemplo, pode-se adaptar o modelo Scrum, que é uma metodologia ágil muito utilizada em gestão e planejamento de projetos de software, para a realidade da empresa.

Dividir as demandas em Sprints, em que são programadas as entregas semanais e/ou mensais para os membros da equipe, permitindo que cada um trabalhe, na medida do possível, em seus melhores e mais produtivos horários.

A metodologia ainda estabelece uma reunião diária de, no máximo, 15 minutos, para alinhar o andamento das atividades de cada integrante do projeto. Com isso, garante-se a troca entre os times e, de quebra, o comprometimento dos integrantes.

Estrutura de trabalho – Nesse momento, muitas empresas acabaram aprendendo na raça que o trabalho em casa traz algumas demandas como acesso a internet, telefone, computador, mobiliário ergonômico etc. Você está preparado para estes investimentos?

Pela Medida Provisória 927, em decorrência da pandemia, o home office transitório é permitido até dia 31 de dezembro de 2020, como medida paliativa, segue as mesmas regras da CLT em termos de carga horária.

No entanto, ainda não existe regra clara quanto a responsabilidade dos custos assumidos pelos colaboradores em casa, como internet, energia e afins. O ideal é que, da mesma maneira que a empresa economiza com despesas fixas e vale transporte, estude reembolsar o seu colaborador nos custos assumidos por ele.

Reuniões virtuais – As reuniões à distância, utilizando programas avançados de telecomunicação, exigem novos códigos de comportamento para ganharem eficiência, uma nova cultura corporativa que ainda está sendo construída e aprendida. Você já tem uma ferramenta segura e estável para estas reuniões? Será que sua empresa terá melhor retorno com a equipe apenas parte do tempo remota, revezando dias em casa e no trabalho?

Reuniões devem ser rápidas e objetivas, principalmente virtualmente. Com pautas bem construídas e discussões relevantes, levam ao engajamento da equipe durante esse processo. Outra questão importante são os horários: não é porque as pessoas estão em casa, que estejam 100% do tempo disponíveis para reuniões de trabalho. Agende em horários comerciais e tente não avançar para fora do expediente.

Busque ajuda de especialistas, entenda a legislação, as tecnologias e as ferramentas disponíveis para viabilizar uma nova relação entre empregador e empregado, na qual ambos os lados precisam ter seus benefícios estabelecendo a famosa e importante relação ganha-ganha.

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Bruno Grillo Castello

Bruno Grillo Castello tem parte de seus 15 anos de carreira construída no Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), sua última atuação antes de fundar a Bcast Consultoria. Como professor e palestrante em cursos de gestão formou mais de 2.200 empresários, e atuou ativamente como consultor ou mentor de aproximadamente 600 executivos e empreendedores. Hoje, dá suporte a empresas desde a criação de negócios startup até a gestão macro de pequenas e médias companhias.