Entrevista

O retorno da Unisys ao mundo pós-pandemia

O presidente da companhia conta como a realidade dos escritórios foi redesenhada para se adequar ao novo normal

No começo da crise de saúde, a Unisys passou para 93% o contingente de funcionários em trabalho remoto. Tudo em menos de uma semana. Dos cerca de 18 mil colaboradores ao redor do mundo, 15% já trabalhavam em home office antes da pandemia. O saber fazer com certeza facilitou nesse momento de urgências.

A verdade é que, pelo fato de já trabalhar com essas tecnologias de ponta, a companhia já estava preparada para essa migração, o que permitiu ter agilidade inclusive para ajudar clientes de todos os mercados a fazer o mesmo.

“Com o início do isolamento social em âmbito mundial, utilizamos nossas próprias soluções de digital workplace e segurança da informação — o InteliServe™ e Unisys Always-On Access™, com tecnologia Stealth™ — para prover as condições adequadas de teletrabalho a todos os colaboradores, conta Mauricio Cataneo, presidente da Unisys Brasil e Chief Financial Officer para a América Latina.  

O saldo desses meses de quarentena é positivo. Com boa produtividade e sem prejuízo no atendimento aos clientes, a volta aos escritórios está sendo feita sem pressa. De maneira gradual e segura, conforme Cataneo.

Um sistema de rodízio será implementado, em linha com as necessidades individuais de cada funcionário. Quem prefere trabalhar mais vezes no ambiente corporativo, terá a estrutura para isso, assim como quem prefere trabalhar mais de casa também poderá fazê-lo.  

Acompanhe, a seguir, a entrevista com o presidente da Unisys.

Como os escritórios serão adaptados à nova realidade?

Nosso escritório central em São Paulo já foi completamente remodelado. Reduzimos em 50% o espaço total, já que o movimento que estamos vivendo provou que o home office pode ser uma realidade e não gera impactos em nossa operação. Teremos espaços de convivência ainda melhores e maiores.

Também aumentaremos o rodízio de pessoas no escritório. Nós já praticamos o home office há anos, mas sabemos que, para muitos, ainda faz sentido trabalhar no escritório e acreditamos no modelo misto.

Depois da crise, ainda haverá posições para trabalhar no escritório, mas readequamos o espaço justamente porque a expectativa é que haja um rodízio maior entre pessoas em home office e estações de trabalho.  

Cataneo, da Unisys: “Já tínhamos e intensificaremos um sistema misto, em que as pessoas poderão dividir os dias da semana entre o trabalho em casa e no escritório, em uma definição feita pelas equipes”

Como pretendem preservar a cultura organizacional entre funcionários presenciais e remotos?

Enquanto companhia global, com enorme variedade de culturas e pessoas de todas as partes do mundo trabalhando juntas, já fazíamos uso de tecnologias para colaboração virtual entre equipes, teleconferências e claro, segurança da informação.

A tecnologia sempre foi nossa principal ferramenta e nosso principal produto e serviço ao mercado. Digo isso para ilustrar que nossa cultura foi construída através da tecnologia, o que facilita a adaptação ao momento pelo qual passamos.

Para a Unisys, a novidade foi que a covid-19 obrigou as pessoas a ficarem por muito mais tempo em casa e a redesenharem suas rotinas familiares. E como sempre, toda mudança requer um tempo de adequação. Além disso, todos seguimos alertas aos próprios comportamentos para conter a propagação do vírus.

Ou seja, nosso contexto atual acarretou a aceleração da adoção do teletrabalho para colaborar com o isolamento social, além de implicar em medidas claras de profilaxia, como constantemente lavar as mãos, uso de álcool gel e de máscaras, manter distância segura das pessoas, eliminar aglomerações e evitar ao máximo os ambientes fechados.

Felizmente, nossa adaptação a essa nova realidade tem sido muito tranquila. Quando chegar a hora, seguiremos trabalhando no modelo misto e tomando todas as medidas necessárias para manter a saúde e o bem-estar de nossos colaboradores.

Os recursos e canais de comunicação usados durante a quarentena devem permanecer? Em que medida?

Temos canais bem estabelecidos, desde bem antes da pandemia, que entendemos que podem passar a ser utilizados com mais frequência. Por exemplo, o Conte Comigo, canal externo de acesso via telefone (0800) com psicólogos, assistentes sociais, advogados e profissionais com formação de finanças que prestam apoio social, psicológico, jurídico e financeiro aos funcionários, serviço extensivo também ao núcleo familiar.

Há também uma ótima plataforma virtual Unisys University, que existe há anos, com treinamentos voltados ao autodesenvolvimento e ao desenvolvimento de habilidades técnicas. As pessoas têm utilizado cada vez mais e melhor esse recurso para aprender sobre liderança, melhorar o conhecimento de línguas, marketing, segurança da informação, entre outros tópicos. Entendemos que esse é um caminho sem volta. E ficamos felizes com isso.

Para a formação de líderes, temos uma inciativa local de treinamentos que já vinha sendo oferecida virtualmente, modalidade que será cada vez mais adotada. Também destacaria o uso do Yammer, rede social interna, e do Zoom. Ambos têm sido usados intensamente e devem continuar em um ritmo alto.

Quais controles foram implementados e qual a postura segura recomendada aos funcionários, uma vez que houve um aumento global significativo nos ataques de Vishing e Phishing?

Por ser uma empresa totalmente focada em segurança da informação, somos extremamente exigentes quanto a posturas corretas para manejo de dados. Durante a pandemia, intensificamos ainda mais nossos treinamentos, testes e dicas gerais para que nossos colaboradores não caiam em armadilhas externas.

Gosto de traçar um paralelo entre as ações de profilaxia que estamos sendo orientados a seguir e o ambiente cibernético. Essas ameaças de vírus no mundo real podem ser transpostas com bastante similaridade ao mundo digital.

Nesse sentido, temos uma máxima aqui que sempre repetimos: existem as empresas que foram invadidas e aquelas que não sabem que foram invadidas. Porque tanto empresas, quanto pessoas estão constantemente expostas a todos os tipos de invasões cibernéticas e vírus.

As empresas que tomam mais cuidados, estão mais protegidas, o que não impede que o vírus entre. Mas, uma vez contaminadas, essas empresas tem um grau de imunidade digital maior.

Outro ponto interessante. Nosso estudo Unisys Security Index 2020 apontou que o risco de violação de dados durante o trabalho remoto é muito importante apenas para a metade (52%) dos respondentes – mesmo com um significativo aumento de ataques cibernéticos durante a pandemia.

Ou seja, há uma falsa sensação de segurança digital ao trabalhar remotamente, o que é ainda mais surpreendente dado que, no geral, o Brasil registrou o maior crescimento ano a ano em preocupações na comparação com qualquer outro país avaliado.

Por fim, não poderia deixar de dizer que companhias e pessoas precisam adotar comportamentos para evitar ameaças ao invés de responder a elas reativamente.  É claro que muitas vezes não conseguimos prever uma crise, mas estar preparado para possíveis cenários é sempre o melhor caminho. No campo digital, recomendaria coisas básicas, mas que muito não aplicam em suas rotinas, como:

  1. Não clicar em links suspeitos. Eles podem ser porta para o roubo de informações pessoais e empresariais.
  2. Garantir que haja o HTTPS na URL em vez de HTTP. Esse mínimo “s” garante que as informações enviadas estão seguras e criptografadas.
  3. Evitar o wi-fi público. Em redes públicas, informações ficam vulneráveis ao roubo de identidade e isso pode comprometer dados confidenciais. A maioria dos pontos de acesso wi-fi não tem criptografia de dados, o que significa que as informações podem ser violadas.

Este é, em sua opinião, um desafio para a empresa? Especialmente no que se refere à conscientização da importância de entender e seguir recomendações? Como será feito o controle?

A Covid-19 é um desafio para todas as empresas e cidadãos do mundo. Por isso, é fundamental que façamos a nossa parte no que diz respeito a dar informações, implementar regras e tomar medidas para evitar que colaboradores sofram impactos negativos da crise de saúde.

Pelo fato de estarmos falando sobre algo novo e que pode ser transmitido por pessoas assintomáticas, o cenário fica ainda mais complicado, então se comprometer a fazer tudo conforme as autoridades de saúde indicam é o básico.

Quando chegar a hora, seguiremos trabalhando no modelo misto e tomando todas as medidas necessárias para manter a saúde e o bem-estar de nossos colaboradores. [Inês Pereira]

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