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Negócios familiares: atrair talentos externos é um fator chave de crescimento

Para enfrentar os desafios do mundo moderno, a contratação de gerente externo à família é fundamental

No Brasil, os negócios familiares são um pilar da economia: segundo o IBGE, representam 90% das empresas no país e empregam 75% dos trabalhadores. Já se foi o tempo em que o patrimônio genético era requerido para acessar os cargos de administração: de acordo com um estudo Global Family Index de 2019, 55% das 500 maiores empresas familiares do mundo são lideradas por alguém que não faz parte da família.

As empresas familiares devem estar cientes de que, para enfrentar os desafios do mundo moderno, a contratação de gerente externo à família é fundamental. A abertura do conselho de administração a talentos que não pertencem à família fundadora evita que as emoções e afetos familiares atrapalhem o funcionamento da empresa. Também promove a agilidade e atratividade da empresa.

Governança

Questões de governança dentro de empresas familiares são particularmente complexas, muito mais do que em outras empresas. Por um lado, a dinâmica familiar transmite fortes valores fundamentais e um apoio inabalável que fortalece a empresa a longo prazo. Por outro lado, muitas vezes existe um problema quando a estratégia, a inovação e o aspecto social ou ambiental da empresa entram em conflito com as necessidades dos acionistas da família.

Na prática, porém, o plano de negócios vai além do círculo familiar e se estende a terceiros: funcionários, clientes, fornecedores, consumidores, etc. O papel da governança é garantir que questões familiares não surjam e atrapalhem o funcionamento do negócio.

Portanto, para o sucesso e a sustentabilidade da empresa familiar precisa separar a governança familiar da governança empresarial. “A governança da empresa tem que refletir o interesse social da empresa, seu bom funcionamento, e exige uma visão clara da família, feita de forma coletiva e unificada pelos membros da família”, explica Johan Gaulin, advogado sócio da empresa familiar da EY. A integração dos “não familiares” na empresa e nos seus órgãos de administração é essencial nas fases importantes da vida da empresa (gestão de crises, transferência, crescimento externo, desenvolvimento internacional, etc.).

Perspectiva externa

Muitas empresas familiares abriram seus conselhos de administração para terceiros fora do círculo familiar. Em 2019, em 500 das maiores empresas familiares do mundo, 77% dos membros do conselho não eram membros da família.

A chegada de conselheiros externos traz novas perspectivas, eleva o nível do debate e, acima de tudo, vai além de considerações sobre questões e conflitos entre familiares. Isso é extremamente importante, pois grandes diferenças ou conflitos históricos entre diretores do círculo familiar podem criar fortes obstáculos impedindo o conselho de funcionar de maneira adequada.

Um conselho de administração aberto, com membros de fora da família, promove também o crescimento dos negócios. Garante mais credibilidade para os parceiros e gera mais confiança.

Com o apoio de uma governança familiar estruturada e com uma sólida gestão corporativa, essa estrutura de conselho também contribui para uma maior fidelização dos funcionários. Essa abertura também cria oportunidades de longo prazo e alimenta um círculo virtuoso de atração de talentos, permitindo que a empresa cresça e progrida.

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Miruna Radu-Lefebvre

Miruna Radu-Lefebvre é professora em Audencia Business School e pesquisadora sobre “Empreendedorismo familiar e sociedade”