A rotina de home office gerou sobrecarga para grande parte dos profissionais, principalmente sobre os que tiveram que se dividir entre as atividades do trabalho e os cuidados com a família. A dificuldade em estabelecer um limite de horário para o início e o término do expediente também contribuiu para o excesso de tarefas e a inevitável fusão entre vida pessoal e profissional.
Para amenizar a pressão que surgiu naturalmente durante o período de trabalho remoto, muitas áreas de recursos humanos das empresas se dedicaram a criar ações, ou ampliar medidas já existentes, de descompressão, apoio psicológico e outros tipos de suporte demandados pelos colaboradores. Uma vez distantes e separados, as necessidades individuais dos funcionários evidenciaram que cada um possui uma realidade diferente e que precisam ser vistos como indivíduos inteiros, que são profissionais, mas que também têm uma vida pessoal.
Mas as áreas e profissionais de RH estavam preparados para uma mudança tão imediata? Por mais estruturada que uma companhia pudesse se encontrar no início da pandemia e da necessidade de isolamento social, a realidade imposta à maioria das equipes foi transformada repentina e drasticamente. A gestão de times inteiros à distância, em um cenário normal, demandaria semanas, ou até mesmo, meses de adaptação, mas diante de uma pandemia precisou ser implementada em um piscar de olhos. As empresas que já tinham processos bem estruturados e programas de saúde física e mental, certamente, saíram na frente.
Na Ticket, por exemplo, já tínhamos o canal “Conte Comigo”, que oferece apoio psicológico, social, jurídico e financeiro, com o suporte de profissionais qualificados, para resolver problemas do dia a dia e expor problemas pessoais de forma sigilosa; além da plataforma “Viva Melhor”, que cuida da saúde dos colaboradores por meio de uma Equipe Multidisciplinar de Saúde (médico da família, nutricionista, educador físico e fisioterapeuta).
A capacitação dos profissionais de RH para atender às novas necessidades do público interno (o que inclui o apoio aos gestores, que também se viram em meio a um grande desafio) nunca foi tão importante – e perdurará. As transformações causadas pelo atual cenário vieram para ficar e se uniram (e intensificaram) às adversidades que já existiam, principalmente as relacionadas a transtornos psicológicos e de bem-estar. No Brasil, 11,5 milhões de pessoas sofrem com depressão e, até 2030, essa será a doença mais comum no país, de acordo com levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
É o caso da Síndrome de Burnout, também conhecida como esgotamento profissional, um distúrbio psíquico de caráter depressivo, com sintomas parecidos com os do estresse, da ansiedade e da síndrome do pânico. A síndrome foi incluída na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019, em uma lista que entrará em vigor em 2022 e vem crescendo como um problema a ser enfrentado pelas empresas. De acordo com uma pesquisa realizada pela Ticket com trabalhadores brasileiros, 24.5% deles revelaram um aumento na preocupação com a própria saúde em 2021 e notaram que essa apreensão impactou, inclusive, sua saúde mental.
De acordo com especialistas, é extremamente necessário que a saúde mental dos trabalhadores seja um dos itens de maior atenção por parte das empresas, incluindo o treinamento dos líderes e a criação de novas ações para levar apoio emocional à equipe. Treinar e capacitar os profissionais de recursos humanos para que possam, com a ajuda de profissionais da área da saúde, acompanhar de perto o bem-estar de cada funcionário e criar mecanismos para prevenir e reverter problemas relacionados à saúde mental é fundamental para se estabelecer um ambiente adequado ao desenvolvimento profissional e pessoal dos colaboradores.