Levantamentos recentes da LCA Consultores, com base no CAGED, deram conta de algo em torno de 600 mil desligamentos voluntários/ mês no Brasil, configurando desafio duplo aos gestores: criar meios de reter talentos e, ainda, evitar que qualquer rotatividade na equipe interrompa o cumprimento das demandas que exigem capacitação específica. Nesse cenário, pesquisa recente da FGV mostra que o investimento em educação corporativa melhora a retenção de até 94% dos profissionais na organização, suprindo a dupla necessidade: formar e manter a expertise “em casa”.
Segundo o estudo, que avaliou os investimentos educacionais corporativos por três anos consecutivos, essa retenção atinge 86% no terceiro ano da análise. Nas organizações que não investiram, no entanto, houve evasão maior: a retenção ficou em torno desse percentual já no primeiro ano observado, caindo para 74% ao fim do terceiro.
Conclusão semelhante é apresentada em estudo global conduzido pelo Linkedin Learning (2022 Workplace Learning Report). Segundo a pesquisa, há uma oportunidade muito interessante de conexão entre o desenvolvimento de competências e mobilidade interna. Empresas que fazem bem esta conexão, investindo em treinamento e oferecendo oportunidades de carreira aos seus colaboradores têm uma taxa de retenção de talentos que chega a ser o dobro das empresas regulares.
A percepção do colaborador é clara: oferecer programas de capacitação sinaliza preocupação da companhia com sua evolução profissional e pessoal. Delimita os conhecimentos necessários para cargos, funções, além de deixar mais transparente a mecânica de promoções e planos de carreira, ao ser parte de etapas necessárias a essa projeção.
Aumento da produtividade
Quando se trata do investimento em programas conhecidos como in company, é possível unir a experiência de instituições de ensino altamente credenciadas a projetos de educação na medida das necessidades da organização. Não se trata apenas de entregar ou aplicar treinamentos, mas de oferecer o completo diagnóstico do que a equipe necessita e mensurar os resultados atingidos no final. “Programas in company customizados podem ser direcionados para desenvolver competências estratégicas ou atacar problemas de performance, melhorando a competitividade da empresa”, afirma João Lins, Diretor Executivo do FGV in Company e Professor na área de gestão de pessoas.
“O diagnóstico assertivo dos principais gaps e oportunidades de desenvolvimento do time de líderes é a primeira etapa crucial para o sucesso de programas de educação corporativa”, entende, por sua vez, Karen Spencer, coordenadora acadêmica da FGV. “Neste contexto, a instituição de educação parceira que está construindo essa estratégia de desenvolvimento tem um papel importante junto ao RH das empresas.”
A fim de tornar mais efetivo esse diagnóstico, é possível contar, além da percepção da própria liderança e do RH, com ferramentas de avaliação 360, assessments e a própria avaliação de performance, instrumentos que embasam alinhamentos nesse sentido de maneira efetiva, destaca a docente.
Uma vantagem adicional desse trabalho em conjunto que se configura a partir do desenho de treinamentos e cursos in company é a produtividade mais que dobrada. Estudo da Association for Talent Development (ATD) registrou que organizações que investem em programas personalizados como esses se tornam 218% mais produtivas.
A aposta ganhou coro no Grupo 3corações, onde a modalidade segue em prática, com a própria FGV. “O programa FGV In Company é uma ferramenta de aprimoramento dos nossos executivos. É um instrumento de capacitação do colaborador, um trabalho personalizado, de dois anos, que inclui disciplinas relacionadas ao segmento em que a empresa atua”, destaca Pedro Lima, Presidente da companhia. “Além de agregar na formação profissional, o programa promove o desenvolvimento pessoal de cada participante”, completa.
Já Karin Schoner, Diretora executiva da Costa Leste da América Latina para o Grupo Maersk, revela os benefícios na outra ponta da organização. A empresa também utiliza o programa FGV In Company, de olho na necessidade de constante atualização do negócio.
“É de extrema importância para nós o investimento em nosso capital humano, para melhorarmos continuamente e agirmos como consultores para nossos clientes, analisando as necessidades e trazendo novas tecnologias e soluções” ressalta a executiva. “A nossa parceria com a FGV In Company tem sido de grande valia nesse sentido”, acrescenta Karin. “É necessário estudo contínuo para melhorar as nossas habilidades e ajudar os nossos clientes a crescerem seus negócios, navegar e se manterem competitivos neste ambiente tão complexo e em constante mudança.”
Cocriação
Os programas desenvolvidos pelo FGV In Company passam pelas etapas de planejamento e customização da solução ideal para as organizações, a execução do programa com foco nas metas definidas em conjunto, e avaliação de resultados e recomendações ao final do programa. A duração da execução varia, conforme as necessidades de cada time e organização.
É levada em conta a expertise da instituição em diversas áreas de conhecimento, considerando seus 77 anos de existência, 10 diferentes escolas pelo Brasil e 90 centros de pesquisa. Mas há protagonismo da organização contratante.
“Observamos em nossa experiência que os programas de desenvolvimento da liderança nas competências de gestão de pessoas são os mais demandados, particularmente gestão de talentos, comunicação, gestão de conflitos e inovação”, detalha Karen Spencer, da FGV. As estratégias são pensadas pelo corpo docente FGV e pela equipe de assessoria pedagógica sempre alinhadas às necessidades dos clientes, identificadas a partir de um modelo de cocriação que privilegia os diferentes estilos de aprendizagem. A metodologia aplicada considera diferentes abordagens, técnicas e recursos.
“O grande desafio do desenvolvimento dos chamados ‘soft skills’ é a mudança de comportamento a médio e longo prazo, por isto, programas que mesclam atualização de conteúdo e mentorias que auxiliam a liderança na resolução de problemas reais, tornam-se um diferencial na efetividade do treinamento”, ressalta Karen. “Quando auxiliamos a resolver os desafios práticos da liderança conseguimos de forma concreta mensurar esse investimento.”