Entrevista

Passos simples para inovar

Para o consultor e acadêmico Fábio Josgrilberg, inovação vai além da tecnologia. E a construção de negócios inovadores passa pela diversidade e pelo trabalho essencial dos profissionais de Recursos Humanos

Fábio Josgrilberg, Head of Data Intelligence na GKS Inteligência Territorial, consultor, escritor, pesquisador e professor universitário da Fundação Getúlio Vargas (EAESP), especialista  em inovação, compreende o tema como algo que extrapola os aparatos tecnológicos e toma, também, uma importante dimensão humana. A capacidade de um indivíduo inovar, criar e conduzir transformações, para ele, é uma das peças-chave da inovação empresarial, potencializada por um ambiente colaborativo. A diversidade, por sua vez, estaria associada à maior criatividade nesse ambiente, a inovações e soluções completas do ponto de vista dos muitos olhares possíveis de uma equipe diversa sobre as dores do mercado. Essa visão coloca o RH em um papel central na construção de uma cultura de inovação nas organizações. A seguir, Josgrilberg fala sobre como construí-la, trazendo insights para a área de recursos humanos.

Como compreender inovação para além da tecnologia?

Inovar é abrir novos caminhos que gerem valor, ou seja, produtos, processos ou serviços que beneficiem ou sejam estimados por um grupo de pessoas. Dessa forma, não se trata apenas de tecnologia, mas de qualquer possibilidade nova que melhore a vida em sociedade, incluindo a performance das empresas. Pode ser algo disruptivo ou apenas um avanço nesse sentido.


Considerando essa definição, como implantar uma cultura de inovação nas empresas?

Para implantar uma cultura de inovação em uma empresa, deve-se garantir espaço para a proposição de novas ideias, testá-las, aprender com eventuais erros e ter um processo de validação das soluções para entrar em produção. Errar faz parte do processo, quando o ajuste de rota é rápido e traz soluções inovadoras.

Na prática, como isso pode ser feito?

Por vezes, as empresas tomam esse caminho por meio da criação de Labs [laboratórios multidisciplinares], ou seja, espaços controlados, mais restritos, para depois expandir a cultura e processos para outras áreas. No entanto, a meta é que a inovação não seja a obrigação exclusiva de uma área, P&D, TI ou outra, por exemplo, mas uma competência da empresa em todos os setores. A partir dos Labs, os processos podem ser escalados, replicados em outros departamentos e os erros, corrigidos. 

Nos parece clara a importância do RH nesse cenário, cujo trabalho consistirá em garantir o perfil necessário da equipe para essa configuração de trabalho, por meio de recrutamento, seleção e desenvolvimento de pessoas…

Sim, é essencial, não é possível pensar em inovação nas empresas sem a ajuda do setor. Mas é um auxílio que não se esgota em atrair, reter e desenvolver talentos com perfil inovador. É importante, também, na construção de um ambiente propício para a testagem de novas ideias e soluções. O RH também é chave para escalar cultura e processos criados a partir dos Labs ou ambientes controlados de inovação para toda a empresa. As lideranças são fundamentais na difusão desse modelo, mas o ambiente ideal à inovação é colaborativo.


Qual seria o perfil ideal do time para essa configuração? E como deve ser o ambiente para desenvolvê-lo?

Há a necessidade de competências específicas, mas também são necessários, principalmente, segurança psicológica para assumir riscos e acordos para garantir a dedicação de tempo e recursos voltados a processos inovativos.

A diversidade seria algo chave nesse processo?


Sim, uma equipe diversa traz benefícios nesse sentido. As soluções de problemas são mais criativas, são uma síntese de diferentes olhares sobre cada questão. A criatividade é algo inerente ao olhar diverso sobre o problema e se propaga no ambiente colaborativo, que é aquele que propicia a cultura de inovação.

Infográfico: Ponto A/ Fonte: Fábio Josgrilberg



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Mais sobre Josgrilberg: Além de professor e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), e sócio da consultoria GKS (gks.com.br), especializada em projetos socioambientais corporativos e de desenvolvimento socioeconômico, também é especialista em comunicação, com ênfase em processo criativos, frameworks ágeis, processos de inovação, gestão de stakeholders e reputação. Atua e atuou em projetos com empresas de grande porte como Vale, Nexa, BRK, União Química, Braskem, Grupo Rovema, Maroni Transportes, além de oferecer treinamento em diversas empresas como BRF, Aché, Grupo Fleury, Adecoagro, Telefônica, FEMSA Coca-Cola, Bungue, Johnson & Johnson, dentre outras. É jornalista pela Universidade Metodista de São Paulo, mestre em Estudos da Mídia pela Universidade Concordia (Canadá), doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado pelo @MediaLSE da London School of Economics and Political Science (LSE). Foi pró-reitor de pós-graduação e pesquisa e reitor interino da Universidade Metodista de São Paulo, membro do conselho do 100 Open Startups. Jurado no Prêmio Melhor RH Innovation. 

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