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A felicidade no trabalho como vantagem competitiva: um novo olhar para os RHs

Conheça cinco dos principais movimentos que impactam a promoção do bem-estar corporativo de maneira consistente e duradoura

de Fabiana Galetol em 16 de outubro de 2024
Drazen Zigic, via Freepik.com

No Brasil, a insatisfação no ambiente de trabalho, além de ser um tema que vem ganhando destaque, também se torna cada vez mais preocupante. Um recente estudo realizado pela Pluxee em parceria com a plataforma The Happiness Index, que avalia a felicidade e o engajamento dos colaboradores em mais de 100 países, revelou que os trabalhadores brasileiros estão 9% menos felizes quando comparado com a média global. Isso se reflete diretamente nos níveis de engajamento, onde o Brasil também está 10% abaixo da média mundial, criando um cenário alarmante para o futuro do trabalho no país. 

O desafio da felicidade no trabalho

Costumo dizer que a felicidade no ambiente de trabalho não é apenas um conceito abstrato ou meramente ético. Pelo contrário, é algo concreto e mensurável, com impacto direto na produtividade, no desempenho e retenção de talentos, e na inovação e resultados das empresas. Um estudo da Universidade de Oxford comprova que trabalhadores felizes são 13% mais produtivos. No entanto, no Brasil, essa felicidade está prejudicada, principalmente pela falta de reconhecimento, escuta ativa e oportunidades de crescimento. 62% dos trabalhadores brasileiros não estão engajados, segundo relatou outro levantamento da McKinsey, em setembro de 2023. Esse, infelizmente, é um reflexo de culturas corporativas que não estão respondendo às necessidades emocionais e profissionais de seus colaboradores.

Resgatando novamente a pesquisa feita com o The Happiness Index, outro dado relevante é a disparidade de felicidade entre gêneros: homens se mostram mais satisfeitos que as mulheres, principalmente no que diz respeito a crescimento pessoal e desafios no trabalho. Além disso, regiões como o Norte do Brasil registram maior felicidade e engajamento, enquanto o Sudeste, com mais oportunidades e maior competitividade, possui os piores índices de satisfação​.

Esses resultados apontam para desafios significativos tanto no contexto de vida pessoal dos trabalhadores, quanto para os profissionais da área de recursos humanos dentro das organizações. Mas, por que não olhar para este cenário – também – como fatores que podem gerar oportunidades? Apesar das dificuldades, os RHs podem encarar a felicidade no trabalho como um diferencial estratégico para transformar essa realidade – buscando melhorias nos índices de satisfação, além de gerar uma vantagem competitiva sustentável. 

Listo alguns exemplos de como é possível trabalhar nisso: 

  1. Diagnóstico preciso e escuta ativa: o primeiro passo é identificar as reais necessidades dos colaboradores. Pesquisas de clima organizacional devem ser utilizadas para entender o que realmente impacta o bem-estar das pessoas. Esse é um recurso já praticado por grandes empresas como forma de identificar pontos críticos, como a falta de reconhecimento e a desconexão entre expectativas e realidade. Isso permite antecipar e responder rapidamente às demandas do time, criando um ambiente de trabalho mais saudável e inovador, onde os colaboradores se sintam ouvidos e valorizados, o que, por sua vez, fortalece o vínculo com a empresa, reduz a rotatividade e aumenta a produtividade.
  2. Ambiente de trabalho inclusivo e flexível: a promoção de políticas de diversidade e equidade cria um ambiente mais justo, colaborativo e inovador, onde os funcionários se sentem valorizados e engajados. A inclusão amplia a retenção de talentos e promove a inovação, já que equipes diversas oferecem soluções mais criativas. Além disso, a flexibilidade no horário e local de trabalho responde a uma demanda crescente, permitindo melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Dar prioridade a esses pontos torna a organização mais adaptável e competitiva, pronta para enfrentar desafios futuros com uma equipe mais motivada e produtiva.
  1. Programas de reconhecimento e desenvolvimento contínuo: a ausência de crescimento profissional é um dos principais fatores que impactam negativamente a felicidade dos trabalhadores. Para enfrentar esse desafio, as empresas podem implementar programas estruturados de feedback contínuo e desenvolvimento de lideranças, alinhando o crescimento pessoal aos objetivos da organização. O reconhecimento pode ser simples e de baixo custo ou até sem custo, como elogios públicos ou premiações simbólicas, mas ainda assim é altamente eficaz na valorização dos colaboradores.
  1. Propósito e conexão com a cultura organizacional: esses são aspectos fundamentais para engajar as novas gerações, que valorizam mais do que apenas um salário competitivo. Eles buscam significado e alinhamento entre seus valores pessoais e o propósito da empresa. Isso significa que, além de oferecer um trabalho bem remunerado, as empresas devem demonstrar como suas atividades e objetivos contribuem para algo maior, como responsabilidade social, diversidade e inclusão, sustentabilidade ou inovação. Dessa forma é possível alcançar um ambiente de trabalho mais coeso e motivado.
  1. Investimento em programas de saúde mental e bem-estar: com a pandemia, as fronteiras entre o profissional e o pessoal se tornaram cada vez mais difusas. Por isso, investir em programas de saúde mental como suporte psicológico, orientação sobre estresse e estratégias para promover um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, não é apenas uma prática de cuidado, mas uma estratégia essencial para o sucesso organizacional.

O futuro do bem-estar corporativo

O futuro do bem-estar corporativo está profundamente ligado à capacidade de tratar os colaboradores como seres completos, cujas necessidades emocionais e profissionais estão interconectadas. Ao cultivar as práticas citadas – e outras delas –, as empresas podem transformar a insatisfação em engajamento, e ainda construir uma cultura que atrai e retém os melhores talentos. Afinal, colaboradores felizes são o verdadeiro combustível para o sucesso a longo prazo de qualquer organização, não é mesmo?

Portanto, a felicidade no trabalho não é uma utopia inalcançável, mas, sim, o alicerce para construir empresas mais fortes, inovadoras e preparadas para enfrentar os desafios de um mercado em constante transformação. Deixo um convite: vamos juntos transformar esses desafios em vantagens competitivas? 

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Fabiana Galetol

Diretora Executiva de Pessoas e Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee no Brasil. A executiva acumula passagens pelas áreas de RH, comunicação interna e externa, gestão de marca/publicidade e canais de distribuição, com vivência internacional nos Estados Unidos e países da América Latina. Possui vasta experiência em negócios, direcionamento estratégico, aconselhamento e planejamento de gestão de pessoas. Antes da Pluxee, atuou como Head de Comunicação na IBM Brasil, empresa onde permaneceu por mais de 29 anos. Formada em Economia pela Universidade Federal Fluminense, Fabiana também é pós-graduada em Comércio Internacional pela Fundação Getúlio Vargas e Marketing pelo IBMEC. É mentora voluntária na Leading.Zone, startup de desenvolvimento humano.