Estagiário faz de tudo um pouco, não é mesmo? Desde verificar e-mails até servir o famigerado cafezinho – e, claro, acertar se é com ou sem açúcar. Mas a verdade é que esses jovens talentos são muito mais do que simples aprendizes. Eles são como esponjas: absorvem cada detalhe da cultura da empresa e, com o suporte certo, podem se transformar nos melhores embaixadores da marca. E é aqui que a comunicação interna mostra sua força: ela não só facilita a integração, mas também faz com que os estagiários se sintam parte do time e conectados a algo maior desde o primeiro dia.
Mais do que transmitir informações e esclarecer processos, a comunicação interna permite que eles se enxerguem como parte do time, entendendo seu papel na empresa e como cada ação, por menor que pareça, ajuda a fortalecer os valores da organização. Com o tempo – e, claro, uma comunicação engajadora e empática – eles deixam de ser “os novatos” e se tornam peças importantes na empresa, trazendo ideias frescas e aquele entusiasmo que transforma qualquer ambiente de trabalho.
Comunicação interna e integração dos estagiários
Quando o estagiário chega à empresa, ele sabe que os primeiros dias podem ser uma verdadeira aventura. Além de não dominar o “idioma” corporativo, tudo – dos processos às pessoas – exige uma dose extra de cuidado. Mas nem tudo precisa ser tão desafiador. Com a comunicação interna fazendo seu papel, é possível suavizar o impacto inicial e alinhá-los rapidamente à cultura organizacional, acabando com o estigma de “o estranho no ninho”.
Para Patrícia Bastos, diretora de Comunicação Corporativa e Marketing da Tetra Pak, referência em soluções de processamento e envase de alimentos, a comunicação interna é uma aliada indispensável para que os estagiários realmente entendam o funcionamento da empresa e se sintam parte dos acontecimentos – desde treinamentos e atividades internas até eventos externos e iniciativas de sustentabilidade. E segundo ela, não se trata apenas de compartilhar informações, mas de integrar e engajar, mostrando os valores que movem a organização. “De forma geral, as ações de comunicação interna contribuem muito para que os estagiários se sintam integrados às áreas e conquistas da Tetra Pak, gerando neles um senso de pertencimento.”
Em outras palavras, esse alinhamento é o que pode definir toda a jornada do colaborador – do estágio à senioridade. Patrícia ressalta que, quando a comunicação interna cria um ambiente onde os estagiários se sentem acolhidos, valorizados e com voz ativa, o impacto é duradouro. Com diálogo e acesso à informação, eles ganham liberdade para interagir com colegas de diferentes áreas e contribuir com soluções para os desafios do dia a dia. “Ao possibilitar um ambiente de acolhimento, a comunicação interna se torna parte integrante de uma importante estratégia de Employee Value Proposition (EVP), ou seja, daquilo que faz da empresa um lugar único para se trabalhar,” afirma a porta-voz da Tetra Pak.
Conexão emocional
Não é à toa que o trabalho começa muito antes da entrada dos estagiários. A comunicação interna precisa ser consistente, fortalecendo a marca empregadora para atrair novos talentos e, ao mesmo tempo, espalhando os valores e a cultura da empresa entre os colaboradores. Luciana Rodrigues de Oliveira, gerente-executiva de Comunicação da Tereos, líder no setor sucroenergético brasileiro, resume bem essa estratégia. “Com a divulgação de nossos programas de estágio, apresentamos aspectos de nossa cultura em campanhas desenhadas para comunicar nosso jeito de ser. No dia a dia, desde a ambientação dos nossos espaços de trabalho até as informações nos canais de comunicação, nossas campanhas trazem mensagens baseadas nos valores e propósitos do grupo”, explica.
Entretanto, para que as mensagens tenham o impacto desejado, a comunicação interna precisa construir uma conexão entre eles e a organização. E isso não acontece magicamente, sem uma abordagem cuidadosa e um olhar atento ao engajamento dos mais jovens. Mas como manter os estagiários conectados ao core organizacional? Para Luciana, a chave está em se aproximar do público com uma linguagem moderna e que leve em conta as diferentes realidades dentro da empresa. “Na Tereos trabalhamos com diversos canais, nos quais usamos diferentes linguagens e formatos para nos aproximarmos de todo nosso quadro de colaboradores.”
Linguagem moderna
Com uma equipe tão diversa, que inclui desde colaboradores que trabalham no campo e os “pratas da casa” até representantes da Geração Z, Luciana explica que é preciso adaptar os formatos para alcançar cada um deles. Para se ter ideia, cerca de cem estagiários chegam à Tereos todos os anos. “Apostamos em e-mail marketing, newsletters, TV, podcast, WhatsApp e também em muitas ativações em nossos escritórios e unidades industriais para falar a linguagem mais jovem e criar essa aproximação”, conta.
Conforme explica Luciana, essa variedade de canais permite que a comunicação interna fale diretamente com cada perfil, além de abrir espaço para que os próprios colaboradores sejam protagonistas das histórias. “No nosso mural on-line, temos uma sessão dedicada a replicar os posts no LinkedIn nos quais eles marcam a Tereos e mostram o seu dia a dia”, exemplifica.
Além disso, a comunicação interna ganha força com iniciativas mais práticas, como o projeto de voluntariado “Fazendo Acontecer”, que leva os jovens a participarem de ações comunitárias – do plantio de mudas à reciclagem e doações. Segundo a gerente-executiva de Comunicação da Tereos, essa é uma oportunidade única de aproximar os estagiários e conectá-los com colegas de outras áreas, fortalecendo ainda mais o engajamento desses novos talentos. “O engajamento desses colaboradores faz toda a diferença para trazer energia e um olhar diferenciado sobre nossa atuação. Estimulamos a participação em nossas iniciativas e ativações, sempre abrindo espaço para a colaboração”, observa.
Engajamento jovem
Mas quando o assunto é engajamento, as redes sociais internas provam ser uma ferramenta poderosa. Quem disse que elas servem só para selfies e memes? Na Tetra Pak, Patrícia Bastos explica que essas plataformas são mais que uma vitrine da empresa, mas um espaço para que os estagiários se tornem colaborativos e mais ativos. “Muito além de terem acesso ao que acontece na empresa, eles podem ser propositivos ao fazerem suas publicações e interagirem com colegas de outras áreas”, afirma.
Além disso, a empresa disponibiliza conteúdos que os estagiários podem compartilhar em suas próprias redes sociais, caso achem interessante – o que tem elevado o engajamento e transformado esses jovens em protagonistas das suas próprias histórias. “Estamos falando de uma geração para a qual os meios digitais sempre foram uma realidade”, lembra Patrícia, destacando a importância de falar a mesma língua dos jovens talentos. E os dados só confirmam isso: a pesquisa Deloitte Global 2023 “Gen Z and Millennial Survey” revela que 46% dos jovens da Geração Z priorizam o propósito em suas decisões de carreira e que 60% preferem trabalhar em empresas que compartilham seus valores.
Com esse cenário em vista, Patrícia explica que a Tetra Pak usa a comunicação interna não só para informar, mas para integrar e dar voz aos estagiários, reforçando o senso de pertencimento. “Temos visto que este público gosta de ter voz e, também, de ser ouvido,” finaliza, ressaltando a importância de criar um espaço de diálogo onde esses novos talentos realmente possam se conectar com a cultura da empresa.
Transparência e feedback
Contudo, engajamento é apenas o primeiro passo dessa jornada. De acordo com as especialistas, fatores como transparência e feedback constante são indispensáveis para atrair a atenção dos estagiários. Para eles, saber que existe um canal direto com as lideranças significa que a organização está aberta ao diálogo. Assim, eles saberão, desde o princípio, onde estão e o potencial que têm.
Na Tereos, por exemplo, a transparência é um pilar da comunicação interna, como bem destaca Luciana Rodrigues. Por lá, todos são constantemente informados sobre decisões e mudanças na empresa. Pesquisas de satisfação, segundo ela, são realizadas com frequência. “Abrimos espaço para que eles se manifestem e nos ajudem a buscar excelência”, comenta Luciana, reforçando a importância de construir um ambiente de confiança. Desse modo, a empresa não só entende melhor as necessidades dos colaboradores, mas também ajusta a comunicação para que esteja sempre alinhada com eles.
Combinando transparência e feedback contínuo, a comunicação interna é o que dá aos estagiários a chance de se desenvolverem e entenderem o todo. Patrícia Bastos, da Tetra Pak, descreve essa estratégia como crucial para que eles vejam além do seu departamento e compreendam a empresa como um conjunto integrado. “A comunicação interna permite que eles vejam a Tetra Pak muito além da caixinha”, afirma. No fim das contas, a CI complementa os feedbacks formais, contribuindo para que os mais jovens se familiarizem com todo esse universo e se mantenham atualizados sobre ele.
Desafios de comunicação
Mas, ainda assim, se comunicar com a Geração Z pode ser desafiador. Nesse cenário em que as “trends” mudam rapidamente, é preciso ser criativo para transformar os desafios em oportunidades. Luciana, da Tereos, observa que a Geração Z traz demandas específicas e que a comunicação precisa ser dinâmica para suprir essas expectativas. Um exemplo disso foi a Semana da Diversidade, em que a Tereos investiu em atividades interativas para atrair os jovens e provar que temas importantes podem ser abordados de forma leve e engajadora. “A comunicação não é apenas estratégia, é uma forma de conquistar essa nova geração”, destaca.
É nesse contexto que os estagiários também se tornam influenciadores internos. Quando bem orientados pela comunicação interna, esses jovens não apenas absorvem a cultura organizacional, como a “esponja” da qual falamos no início, mas a multiplicam exponencialmente, assumindo o papel de embaixadores da marca. Sejam nas redes sociais internas ou em campanhas, eles inspiram colegas e reforçam os valores da empresa de dentro para fora, fortalecendo a estratégia de employer branding. “A comunicação está se tornando mais descentralizada, passando a ser construída junto aos nossos interlocutores”, completa.
Na Tereos, o programa conta com 15 participantes escolhidos a dedo, segundo Luciana. “Tivemos o cuidado de selecionar pessoas de diferentes gêneros, funções, cargos, unidades e idades para realmente dar uma visão global do que é trabalhar na Tereos”, finaliza a porta-voz.
Impulsionamento
Não à toa, com uma comunicação interna bem estruturada, os estagiários podem ajudar a construir um ambiente colaborativo, impulsionando o employer branding. No caso da Tetra Pak, essa abordagem é fundamental para tornar a empresa ainda mais atrativa aos olhos dos novos talentos. “Uma estratégia de comunicação integrada que contemple todos os públicos é fundamental, uma vez que não existem mais barreiras entre o que é comunicado internamente e o que levamos para o público externo”, destaca a diretora de Comunicação Corporativa e Marketing, Patrícia Bastos.
A campanha “Um Mundo de Oportunidades” é um exemplo dessa atuação. Com temas como crescimento, inovação e proteção às pessoas, a campanha incluiu ações como vídeos curtos em que os estagiários compartilharam suas experiências. Essa abordagem, segundo Patrícia, confere à comunicação interna autenticidade e proximidade, dois valores que estreiam a conexão com público.
O impacto dessa estratégia foi tão grande que, em 2024, duas estagiárias compartilharam suas histórias nas redes sociais da Tetra Pak, convidando outros jovens a fazer parte da empresa. O resultado? Mais de 300 mil pessoas alcançadas e 400 mil visualizações, o que impulsionou o engajamento e aumentou significativamente as inscrições no programa de estágio. “Trazer o público jovem para o protagonismo da campanha, como embaixadores da marca, tem sido fundamental para engajar e atrair novos talentos”, conclui Patrícia.
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