Flexível sim, mas não ao ponto de virar um “RH contorcionista”. Na gestão de pessoas, flexibilidade é algo muito estratégico e tem tudo a ver com inovação – significa que a empresa está disposta a ajustar o que for necessário para acompanhar um mercado em constante transformação. Se, com a pandemia, o digital virou a nova regra, hoje está claro que voltar ao que era antes não é mais possível. O futuro depende, mais do que nunca, dessa capacidade de adaptação que se fortalece conforme as organizações entendem as reais necessidades dos colaboradores. E os modelos híbrido e remoto de trabalho, mesmo com todos os seus desafios, estão aí para provar que flexibilidade não é mais opcional, mas um fator de inovação.
Para empresas como o Grupo OLX e a Zenvia, o segredo está em moldar a cultura e a produtividade, com a devida flexibilidade e empatia, para que inovação e autonomia caminhem juntas. Mais do que simplesmente permitir horários alternativos ou modelos diferenciados de trabalho, é sobre criar um ambiente onde as pessoas tenham a liberdade necessária para pensar diferente – e o RH pode fazer muito para que isso se torne realidade.
Flexível com propósito e intencionalidade
Mas flexibilidade exige estratégia tanto quanto intencionalidade. Ou seja, não se trata apenas de abrir mão dos escritórios ou retomar o presencial a qualquer custo, mas de encontrar o “ponto de convergência” que faça sentido para as pessoas e para a empresa. Para Christiane Berlinck, vice-presidente de Recursos Humanos do Grupo OLX, engajamento e produtividade são fatores que podem ser maximizados por meio de uma gestão flexível e empática – uma combinação que, sem dúvida, potencializa a capacidade de inovação de qualquer organização. “Trabalhamos com o regime de trabalho flexível, no qual a ida ao escritório é feita com intencionalidade, ou seja, com base nas necessidades, no que precisa ser feito e nas conexões necessárias”, explica.
Por lá, o entendimento do que realmente funciona para engajar a equipe é levado muito a sério. Até a escolha do novo escritório, na Avenida Paulista, em São Paulo, foi feita com base nos endereços dos colaboradores, de forma a encontrar o local mais conveniente para todos. “Esse espaço é mais uma ferramenta dentro do nosso modelo flexível”, explica Christiane, destacando a infraestrutura que oferece tanto áreas colaborativas quanto locais para concentração individual – tudo para que cada colaborador encontre seu melhor ritmo.
Para a Christiane Berlinck, flexibilidade é criar um ambiente que respeite as necessidades de cada um, sem perder de vista os objetivos da empresa. “Investimos em um espaço que oferece a mesma experiência para todos os colaboradores, independentemente de onde estejam, para que possam se sentir parte da equipe”, completa.
Voz aos colaboradores
No fim das contas, a porta-voz do Grupo OLX acredita que é possível, sim, alinhar inovação, flexibilidade e metas de negócio, desde que todos os profissionais tenham voz na empresa, independente do perfil, nível, área ou função. “Ao fazermos isso, podemos entender o que é, de fato, estratégico para todos, e quais políticas de flexibilidade podem ser aplicadas”, ressalta, destacando a importância de ouvir para adaptar as políticas internas.
Mas essa combinação não depende só de abertura ao diálogo; segundo ela, é essencial unir o lado humano à tecnologia, permitindo que o RH acompanhe de perto o impacto das mudanças e verifique se elas estão realmente promovendo o progresso necessário. “Muitas vezes, trabalhar apenas com base em intuições pode resultar em ações que não trarão benefícios reais, resultando em desperdício de tempo e energia”, observa, reforçando que a inovação exige dados e estratégias bem embasadas para evitar esforços sem resultados.
Flexibilidade e inovação
Na Zenvia, especializada em Customer Experience (CX), em vez do híbrido, a cultura remote-first é o motor que a impulsiona diariamente rumo ao futuro. Para Katiuscia Teixeira, diretora-executiva de Gestão de Pessoas, o trabalho remoto, além de fazer parte do DNA da empresa, garante liberdade e flexibilidade na operação – fatores fundamentais para atrair e reter talentos. “Apesar de muitas organizações estarem voltando ao presencial, o que se vê em vários estudos é uma preferência clara dos profissionais pelo trabalho remoto ou híbrido”, comenta Katiuscia. E reforça: “um estudo da Gartner aponta que metade dos candidatos provavelmente escolheria maior flexibilidade em vez de salários 10% mais altos, dadas as ofertas de emprego idênticas”.
Porém, por mais vantajoso que o modelo remoto seja, ele impõe desafios importantes à organização, demandando uma gestão de pessoas genuinamente inovadora para funcionar. Katiuscia explica que não dá para simplesmente replicar o modelo de gestão presencial para o virtual, como se as necessidades fossem iguais. “Para funcionar, é preciso repensar o jeito de gerir”, afirma, enfatizando que os melhores resultados dependem de uma estratégia feita sob medida para o contexto remoto.
Conexão remota
Essa adaptação inclui rituais e momentos pensados para fortalecer a conexão entre os colaboradores – desde cafés virtuais, jogos e ações de reconhecimento, como o #PraiseFriday, em que os times celebram as contribuições uns dos outros, até um onboarding estruturado para integrar os recém-chegados à cultura da empresa. Apostando na intencionalidade, essas práticas criam vínculos mais profundos e reforçam o senso de pertencimento, mesmo à distância. “Repensamos a jornada do colaborador para garantir que, em cada marco, haja uma experiência de conexão verdadeira”, explica Katiuscia, citando esses momentos como oportunidades de falar sobre o negócio, o futuro e as pessoas – sendo verdadeiros pontos de alinhamento e engajamento.
O desenvolvimento contínuo também é uma prioridade na Zenvia. A empresa oferece capacitações que reforçam os valores organizacionais e desenvolvem habilidades essenciais, como autonomia, gestão do tempo e resiliência, todas fundamentais para quem atua remotamente. Além disso, o Zenvia Care, um programa completo de benefícios, foi criado para cuidar da saúde física e mental dos colaboradores, do bem-estar e até da rotina de suas famílias. Para Katiuscia Teixeira, flexibilidade também significa oferecer uma estrutura de apoio que atenda às necessidades de cada indivíduo, fazendo da inovação uma vivência possível.
Comunicação é a chave
Quando falamos em flexibilidade, ela até pode ser o combustível da inovação, mas sem uma comunicação eficaz, nenhuma organização sai do lugar. Em modelos híbridos e remotos de trabalho, é ela que mantém o time na estrada, garantindo que todos sigam na mesma direção. Porém, como bem lembra Katiuscia Teixeira, da Zenvia, “as pessoas não são iguais”, o que leva ao entendimento de que o RH precisa ter um “olhar multifacetado” para lidar com as diferenças, com ferramentas que vão além do básico.
Um exemplo? O Slack, que não só mantém a comunicação ativa, mas também conta com canais específicos, como o criado especialmente para as mamães da equipe. A empresa também implementou o Help Desk e uma newsletter semanal para garantir que todos os colaboradores, incluindo as lideranças, estejam bem-informadas e conectadas. “Buscamos estímulos diferentes, dependendo do tipo de impacto que queremos gerar. Essa construção foi feita a partir de pesquisas com nossos próprios colaboradores”, pontua.
Na OLX, a comunicação também é o elo que sustenta a cultura de flexibilidade e valoriza os talentos. Christiane Berlinck explica que, por meio do Workplace, a empresa oferece chat, grupos temáticos e transmissões ao vivo que reforçam o engajamento. Além disso, o assistente virtual Joca usa inteligência artificial para responder dúvidas, promovendo um ambiente de trabalho humanizado e conectado. “Sempre falo que tecnologia e escuta ativa fazem parte da nossa cultura no Grupo OLX”, comenta Christiane. Em outubro, 387 colaboradores já tinham acionado o Joca, com uma aprovação de 85%. Ao apostar em comunicação e tecnologia, empresas como a OLX e Zenvia mostram que o RH pode, sim, alinhar flexibilidade e inovação, garantindo que todos, de qualquer lugar, sintam-se realmente parte do time.
Bem-estar à distância: desafio ou missão impossível?
Mesmo assim, manter a produtividade e o bem-estar no trabalho remoto é um desafio e tanto para a gestão de pessoas. As necessidades são diferentes – e quem já tentou fazer uma pausa sem o clássico “cafezinho coletivo” sabe que a distância muda tudo. Christiane Berlinck, do Grupo OLX, aponta que manter a motivação e o engajamento à distância, gerenciar o desempenho e prevenir o esgotamento são alguns dos obstáculos a serem superados.
Para ela, um ambiente que estimule “a cultura de inovação, a criatividade, a colaboração e a adaptabilidade” é indispensável, além de soluções que conectem as pessoas e os valores da empresa. Essa abordagem, acredita Christiane, é o que ajuda o RH a manter o engajamento e a produtividade, independentemente de onde a equipe esteja trabalhando.
Katiuscia Teixeira, da Zenvia, complementa essa visão, reforçando que o RH precisa atuar estrategicamente para fazer o remoto dar certo. “Se na rotina presencial o suporte da área de Gestão de Pessoas é necessário, no trabalho remoto ele se torna imprescindível, especialmente no apoio e desenvolvimento das lideranças, que são a principal referência cultural para os times”, afirma. Para enfrentar os desafios do home office, a Zenvia adota uma estratégia focada no bem-estar das pessoas, com check-ins regulares, suporte à saúde mental e até lembretes para pausas, como “a importância de beber água”.
Além disso, o reconhecimento das conquistas, segundo Katiuscia, é fundamental para manter o engajamento e a inovação, enquanto políticas de flexibilidade permitem que cada colaborador encontre seu ritmo ideal de trabalho.
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