Sai ano, entra ano, e lá estamos nós, sempre de olho no amanhã, no depois e até no “e se?”. Curioso como o futuro parece algo distante, perdido em um oceano de possibilidades que só ele consegue suportar. E, como em toda virada de ano, os futurólogos de plantão já estão por aí, com suas bolas de cristal, tentando desvendar o que vem a seguir. Mas, quando o assunto é inovação no RH, o futuro já começou – basta olhar para as habilidades que estão moldando o porvir. Se vale o spoiler, pensamento analítico, criatividade e um olhar tecnológico estão no topo da lista das competências mais desejadas, não só para 2025, mas para enfrentar um mercado que exige soluções criativas e à altura de seus desafios.
Em um mundo em constante transformação, não é apenas a tecnologia que evolui – as pessoas também precisam se adaptar para acompanhar as mudanças. Na década de 1990, quando o computador se tornou essencial no trabalho, quem não se informatizou ficou para trás. E esse ciclo de transformações só vem acelerando de lá para cá. As mudanças agora acontecem em intervalos cada vez mais curtos, acirrando a competição e exigindo adaptação constante dos profissionais – daí as chamadas habilidades do futuro.
O que o mercado busca?
Nesse cenário, desenvolver o capital humano e suas habilidades inovadoras não é apenas uma tendência em RH, mas uma estratégia indispensável para construir o futuro das organizações com inovação e autenticidade. Aliás, de acordo com o Fórum Econômico Mundial, a crescente demanda por soluções disruptivas coloca skills como pensamento analítico, criatividade, influência social, resiliência e flexibilidade, curiosidade e empatia entre as dez mais procuradas até 2027. Mais do que conhecimento técnico, o diferencial estará na capacidade de resolver problemas de forma colaborativa, conectando pessoas e ideias.
Mas, afinal, o que torna essas habilidades tão indispensáveis para o futuro? A resposta está na crescente complexidade dos desafios que as organizações enfrentam diariamente. Um deles é a cultura de dados, que está cada vez mais forte. Para Ieda Coelho, diretora de RH, ESG, Comunicação e Marketing da Nuclea, saber interpretá-los é fundamental para tomar decisões mais assertivas, o que torna o pensamento crítico/analítico uma competência muito valorizada. Não por acaso, entender e utilizar tecnologias emergentes também são práticas indispensáveis no contexto atual, ainda mais com a ascensão da inteligência artificial. “A capacidade de analisar informações complexas e tomar decisões informadas será crucial em um mundo cada vez mais orientado por dados”, destaca. Além disso, ela reforça a importância de “pensar fora da caixa” para desenvolver soluções que deem conta dos problemas que colocam as organizações à prova.
Adapte-se!
Mas o futuro não depende apenas de competências técnicas. Habilidades como empatia, inteligência emocional, flexibilidade e adaptabilidade para lidar com as mudanças, colaboração, comunicação eficaz e coragem de aprender com os erros são igualmente determinantes. Segundo Ana Ferraz, gerente executiva de RH da CNH, a combinação entre habilidades técnicas e comportamentais, as chamadas power skills, é o que realmente move as organizações em direção à inovação – e o RH pode fazer muito pelas pessoas nesse sentido. “Precisamos de coragem e vulnerabilidade para podermos arriscar, experimentar e testar. Precisamos estar abertos a aprender com o erro e, assim, também colocar a empatia em prática, criando espaço para a inovação acontecer”, reflete a executiva.
Todavia, por mais valiosas que sejam todas essas habilidades, nenhuma organização será verdadeiramente inovadora sem uma cultura colaborativa que valorize o pensamento crítico e a diversidade de ideias. Para Ana, a base da inovação está em valores como confiança e respeito. “Precisamos criar um lugar seguro, onde as pessoas possam ter discussões produtivas, dando suas opiniões em conflitos saudáveis que busquem novas soluções”, analisa. Não à toa, para que a inovação se torne parte do dia a dia de todos, ela considera fundamental ter lideranças que se comuniquem com assertividade e transparência. É essa clareza que garante que os objetivos e os propósitos da organização sejam compreendidos por todos.
Ambiente seguro
Como parte dessa estratégia, a diretora de RH, ESG, Comunicação e Marketing da Nuclea, Ieda Coelho, reforça que construir ambientes colaborativos exige ações concretas que tangibilizem o mindset inovador. Disseminar a cultura de inovação, segundo ela, é o ponto de partida para que os colaboradores entendam os valores, os comportamentos esperados e as habilidades que precisam desenvolver – e o RH tem muito a contribuir sendo ele o guardião da cultura.
Na Nuclea, entre as iniciativas destacadas por ela estão programas como o “Fala aí, Diretoria” e o “Café com o Diretor”, que fortalecem a comunicação transparente e a troca de ideias. Ieda também ressalta o impacto de grupos de afinidade, voltados para a diversidade e para a redução de vieses inconscientes, e de uma cultura que reconhece e valoriza talentos por meio de ações de engajamento e recompensas. “A inovação é um dos nossos valores fundamentais, e contamos com embaixadores da cultura para promovê-lo em toda a instituição”, conclui.
Além de promover um ambiente seguro, Ana Ferraz, da CNH, destaca a importância de criar espaços dedicados à inovação, onde a experimentação possa acontecer de forma estruturada. “Isso inclui não somente iniciativas mais formais, mas ações abertas que possam ser construídas ao longo dos aprendizados com as falhas e acertos”, explica. Entre os exemplos, estão os Hackathons, que estimulam criatividade e colaboração, e programas internos como o Go!, focado em produtos e processos, e o Precision Technology, voltado para soluções em agricultura de precisão. Para Ana, esses espaços oferecem a base necessária para que iniciativas internas tenham estrutura e gerem resultados concretos.
Habilidades do futuro, inovação e o papel do RH
Já imaginou tentar plantar uma árvore em um vaso – e ainda por cima rachado? Por mais fértil que o solo seja, ela não terá espaço para crescer. A mesma lógica se aplica à inovação: não basta criar um ambiente acolhedor se você não estiver disposto a desapegar de processos antigos e abrir espaço para o novo. Quando o assunto é inovação, o RH não pode limitar seus esforços a treinamentos técnicos, já que as habilidades demandadas pelo mercado exigem do colaborador coragem para experimentar e errar.
Essa transformação começa com o rompimento de padrões que já não fazem sentido. Para Ana Ferraz, da CNH, é preciso “aprender a desaprender” – a desapegar daquilo “que sempre deu certo”. “Esse processo é fundamental para liberar a criatividade e desapegar de práticas que podem não ser mais eficazes em um cenário de mudanças constantes”, reflete. Além disso, Ana destaca o feedback como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento humano. “Através dele exercitamos a nossa escuta ativa para nos percebermos e entendermos nosso comportamento e, assim, refletirmos e de fato apresentarmos novas atitudes e entregarmos resultados diferentes”, explica.
Para que as habilidades do futuro sejam realmente aplicadas no dia a dia e levem à inovação, o RH deve, junto com as lideranças, criar espaços que promovam a experimentação e a colaboração. “Não é apenas uma questão de como obter os dados, e sim, analisá-los e, com isso, ter um plano de ação para usá-los”, complementa Ana. Além disso, competências relacionais, como a capacidade de trabalhar em equipe e integrar vivências diversas, são indispensáveis para transformar criatividade em resultados concretos.
Maximizando o potencial humano
No RH, desenvolver pessoas vai além de treinar competências – é sobre criar um ambiente onde a inovação e o aprendizado caminhem juntos, permitindo que habilidades sejam aplicadas e aprimoradas continuamente. Uma das estratégias para isso é a metodologia 70/20/10, que valoriza as vivências no trabalho. “O principal aprendizado acontece nas trocas diárias e na passagem do conhecimento”, aponta Ieda Coelho, da Núclea, reforçando que o dia a dia é uma poderosa sala de aula para o desenvolvimento humano. Além disso, programas de mentoria, incluindo iniciativas focadas em diversidade, conectam talentos experientes a novas gerações, promovendo a troca de ideias e o desenvolvimento mútuo.
Fomentar a inovação também é indispensável para maximizar o capital humano. E não, ela não é exclusividade dos colaboradores “mais criativos”. Na prática, a criatividade pode – e deve – ser desenvolvida como uma competência estratégica. Na Núclea, por exemplo, “a inovação é uma das competências pelas quais todos os funcionários são avaliados e está profundamente enraizada em nossa cultura”, destaca Ieda. Ao mesmo tempo, ferramentas como feedbacks contínuos e avaliações 360 fortalecem o diálogo interno, enquanto grupos de embaixadores da inovação promovem o conhecimento e incentivam soluções criativas no dia a dia.
E o que vem depois?
Já dizia uma canção dos anos 2000 – “hoje aqui, amanhã não se sabe”. Pois é, não dá para prever com exatidão como será o futuro, mas uma coisa é certa: ele não será construído apenas por tecnologias ou estratégias complexas de mercado, mas pelo capital humano. Considerando que as organizações são feitas de pessoas, caberá ao RH criar os espaços e as condições para que as habilidades do futuro floresçam e se tornem parte do presente. Porque, no fim das contas, investir em gente é a única estratégia que nunca sai de moda.
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