Nunca esquecerei o dia em que uma profissional de RH (quase 20 anos
atrás) ao reajir a um pedido meu para mudança de área, me olhou e
disse: “Você é um ótimo advogado, deveria continuar nisso.” Aquilo soou
como uma sentença de prisão, como se minha carreira já estivesse
definida para sempre que, ao analisar meu desempenho como advogado,
afirmou que eu deveria permanecer nessa função, pois era onde eu me
destacava. Essa perspectiva limitada me fez refletir sobre como, muitas
vezes, somos presos por rótulos profissionais que não correspondem a
tudo que podemos fazer, criar, ser, sonhar. Se eu tivesse aceitado essa
limitação, teria deixado de viver tantas experiências enriquecedoras.
Minha trajetória profissional foi tudo, menos linear – mais parecida com
um rio que muda de curso conforme encontra novos obstáculos e
oportunidades, em vez de uma estrada reta e previsível. Se eu tivesse
seguido um caminho tradicional, talvez não estivesse aqui hoje,
compartilhando reflexões sobre carreira, empregabilidade e mercado de
trabalho com milhares de pessoas.
Minha jornada pessoal (que se confunde com minha jornada profissional)
foi desde organizador de eventos; criador de portal de relacionamentos;
advogado; profissional de branding; educador; executivo de vendas e
parcerias; C-level das maiores organizações sem fins lucrativos do país;
especialista em educação profissional; fundador e sócio de startup de
sucesso; conselheiro e mentor de organizações até host de podcast e
especialista em mercado de trabalho no maior canal de televisão do país.
E o mais curioso? Cada uma dessas experiências me trouxe um
aprendizado essencial que me permitiu chegar até aqui.
Uma grande lição que aprendi é que sua profissão não pode ser uma
gaiola – como bem disse o futurista Alvin Toffler: “Os analfabetos do
século XXI não serão aqueles que não sabem ler e escrever, mas aqueles
que não sabem aprender, desaprender e reaprender.” Você está hoje em
uma posição, mas você não é essa posição. Sua trajetória não deve ser
definida por um rótulo profissional.
Dados recentes corroboram essa visão. Segundo um estudo da
consultoria Mercer, o número de níveis hierárquicos nas empresas
reduziu de 18 para 8 nos últimos 20 anos, refletindo estruturas mais
horizontais e menos oportunidades de progressão linear. Além disso, o
relatório “Futuro dos Empregos 2025” do Fórum Econômico Mundial
projeta que, nos próximos cinco anos, o mercado de trabalho global
criará 170 milhões de novos postos, enquanto 92 milhões deixarão de
existir, indicando uma transformação significativa nas funções profissionais.
Essas mudanças evidenciam que carreiras não lineares estão se
tornando cada vez mais comuns e valorizadas. As empresas buscam
profissionais capazes de transitar por diferentes áreas, adaptando-se às
novas demandas e desafios. Portanto, é essencial que cada indivíduo
assuma o protagonismo de sua trajetória, buscando constantemente o
desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos.
Se puder te dar um conselho, desconstrua a profissão e construa uma
trajetória!
O conceito de profissão engessa e limita. O mundo mudou e, com ele, as
oportunidades também. Em vez de buscar uma carreira fixa, pense em
quais problemas você quer resolver. Profissões desaparecem, mas os
desafios sempre existirão – e quem souber se adaptar continuará
relevante.
Em suma, não permita que sua profissão o coloque em uma gaiola.
Tenha sempre muita curiosidade, explore novas áreas e esteja aberta às
oportunidades que surgem fora do caminho tradicional. Afinal, é na
diversidade de experiências que construímos uma carreira rica e
significativa.
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