Inovação

Escutar, experimentar e transformar: o legado do Melhor RH Innovation

Na gestão de pessoas, a inovação ganha força quando está alinhada à cultura e entrega valor com coerência

de Priscila Perez em 23 de maio de 2025
Melhor RH Innovation - encerramento Foto: gerada por IA

Ao longo do Melhor RH Innovation, vimos que inovação não acontece por acaso. Chegar ao fim deste ciclo é, também, reconhecer que as melhores ideias — sejam elas disruptivas ou incrementais — não nascem da tecnologia em si, mas de pessoas que trocam experiências, escutam umas às outras e se engajam nos desafios do dia a dia. Por isso, nada mais simbólico do que retomar a pergunta que guiou essa jornada até aqui: o que é inovação, afinal? Agora, a resposta ficou mais concreta — e os quatro projetos reunidos aqui ajudam a materializar esse conceito. Inovar tem a ver com gerar valor. São iniciativas que não apenas resolvem problemas, mas costuram pertencimento e propósito, com as pessoas no centro dessas transformações. Da Transpetro à Brasilata, o que se vê é o RH como motor de cultura.

Nos cases em destaque até aqui, vimos que nem toda inovação representa uma ruptura. Inovação não tem tamanho ou fórmula pronta — tem intenção. Às vezes, ela aparece em um detalhe: um processo que ficou mais simples, um ritual que devolve sentido ao cotidiano ou um pequeno ajuste na comunicação capaz de aproximar as pessoas. É assim, quase sem alarde, que muitas transformações começam no RH e ecoam por toda a organização. E, mesmo quando parece pequena, essa mudança pode ser profundamente significativa.

Por outro lado, há um valor indiscutível nas abordagens criativas que subvertem a lógica, abrindo caminho para novas formas de pensar e se relacionar. Nesses casos, a inovação pode até ser revolucionária, mas o propósito continua o mesmo. Mudar, ajustar ou transformar só faz sentido quando se sabe como e por que se faz isso. A inovação mais potente é a que se conecta às pessoas, aos objetivos do negócio e à essência da organização. É essa coerência que confere sustentação a qualquer mudança, o que torna o papel do RH ainda mais estratégico.

Transpetro no Melhor RH Innovation

Na Transpetro, essa atuação do RH como agente de transformação já é realidade. Com uma estrutura voltada para a cultura digital, o RH passou a fomentar não apenas a inovação, mas também o protagonismo das pessoas na construção de soluções para os desafios cotidianos. Isso inclui desde o letramento digital até o uso de dados para a tomada de decisões. O resultado é um RH que deixou de ser mero suporte para se tornar parte do negócio. Para se ter ideia, a empresa conta com uma gerência específica focada em Cultura Digital, criada justamente para estimular os colaboradores a experimentarem e se envolverem cada vez mais nessa jornada de inovação. A área atua de forma transversal, com iniciativas que fortalecem cotidianamente a cultura de melhoria contínua.

Segundo Shirley Arruda Zarife, gerente de Cultura Digital da Transpetro e responsável por articular a participação das diferentes equipes da companhia nas matérias especiais do Melhor RH Innovation, os projetos reconhecidos nas categorias Propósito de Marca, Revolution e Innovation — “Somos Transpetro pelos Quatro Cantos”, “Transpetro de Portas Abertas” e “Esteiras Ágeis de Processo” — refletem justamente isso. Para ela, os cases mostram como o RH tem valorizado a atuação dos colaboradores ao mesmo tempo em que constrói um ambiente que estimula o desenvolvimento deles, traduzindo a cultura da Transpetro no dia a dia. “Trata-se de uma gestão de pessoas profundamente conectada à estratégia da empresa, onde o foco está nas pessoas como parte essencial da companhia”, analisa Shirley.

Melhor RH Innovation
Shirley Arruda Zarife, da Transpetro, da Transpetro

Comunicação imersiva e com propósito: o que torna uma visita revolucionária?

Entre o que se diz e o que se faz, há um espaço que só se preenche com coerência. Para que a cultura de uma empresa se torne uma realidade tangível, é preciso alinhar discurso, prática, propósito e até a forma de se comunicar. E quando isso acontece de maneira criativa, com tecnologia e atenção às pessoas, a experiência ganha corpo e se torna revolucionária.

Foi isso que a Transpetro propôs com o Programa de Visitas Virtuais, vencedor na categoria Revolution e destaque em Tecnologia no Melhor RH Innovation. A ideia surgiu a partir de um desafio comum a empresas de grande porte: como apresentar a operação a diferentes públicos, internos e externos, sem depender de deslocamentos ou estrutura física? A resposta veio por meio de plataforma imersiva e acessível, que oferece imagens em 360°, liberdade de navegação, tour guiado e acessibilidade.

Lançado em dezembro de 2023, o projeto começou como uma estratégia de comunicação e foi, aos poucos, ganhando espaço na Transpetro. As visitas virtuais foram, então, incorporadas a ações de onboarding, feiras, treinamentos e eventos — com direito a óculos de realidade virtual, totens interativos e versão em inglês. Segundo Lílian Rossetto de Carvalho, gerente de Comunicação Empresarial e Imprensa da Transpetro, a iniciativa criou uma nova forma de relacionamento entre a empresa e seus diversos públicos. “O projeto permite criar espaços de diálogo e aproximação com a nossa força de trabalho, por meio de formas inovadoras e lúdicas que ampliam o conhecimento sobre as atividades e os valores da companhia”, explica.

Experiência digital, pertencimento real

O diferencial do projeto está justamente nessa combinação entre criatividade e coerência. Não se trata apenas de digitalizar a visita à empresa, mas de ressignificar a prática a ponto de torná-la realmente acessível e mais significativa. Isso, segundo Lílian, é a combinação perfeita para gerar senso de pertencimento e integrar os colaboradores à cultura. Se, antes disso, tudo dependia de deslocamento, estrutura e tempo; agora, a experiência é imersiva e feita no ritmo de cada pessoa. E o melhor: com o mesmo conteúdo, a mesma linguagem e muito mais alcance. No fundo, o que aconteceu é uma mudança de mindset, principalmente a respeito do papel do RH como facilitador – não só de processo, mas de vivências.

Não por acaso, o projeto se consolidou como uma vitrine digital e uma ferramenta de cultura igualmente poderosa. Algo dessa dimensão gera conexão e reforça o posicionamento da empresa como marca empregadora e uma organização que investe em tecnologia com propósito. “A partir dela, é possível observar detalhes da operação de uma maneira muito realista, com o fortalecimento dos conceitos de capacidade técnica, segurança, inovação, eficiência e prestação de serviços de qualidade”, completa Lílian. Na prática, a solução também ajudou a reduzir custos com eventos presenciais e ampliar o alcance das mensagens da empresa, com milhares de visualizações já nos primeiros meses.

Melhor RH Innovation
Lílian Rossetto de Carvalho, da Transpetro

Inovação com método: quando o RH entra no fluxo do negócio

Se com as visitas virtuais o RH revolucionou a forma de aproximar as pessoas e integrá-las à cultura organizacional, com as Esteiras Ágeis de Processo foi possível inovar direto no centro da operação. Fluxos, entregas e o próprio alinhamento entre áreas passaram a ser vistos de outro jeito. Vencedor nas categorias Serviços de RH e Innovation do Melhor RH Innovation, o projeto levou o RH da Transpetro a ocupar um espaço mais estratégico, atuando diretamente dentro dos processos de negócio. As esteiras trouxeram, na prática, um novo jeito de fazer acontecer.

Mas para que isso ganhasse corpo, era preciso mudar o “modus operandi” por lá. O RH passou, então, a atuar junto das demais equipes em projetos diversos, com foco na otimização de fluxos e resolução de gargalos. A virada de chave veio a partir de um movimento interno baseado na aproximação e na experimentação. “Procuramos trabalhar em desafios de negócios de diversos portes e particularidades, desde soluções pontuais e específicas até diagnósticos de grandes fluxos de valor ponta a ponta”, explica Leandro Moreira de Araujo, consultor de Processos e Transformação Digital na Transpetro. Na prática, a atuação combinava repertório técnico, escuta ativa e uma mentalidade de entrega rápida e validada — e isso foi mudando, aos poucos, a forma como o RH era visto dentro da organização.

Em dois anos, o time atuou em 31 esteiras, lidando com temas variados — da gestão de empreendimentos ao retorno ao trabalho. A proposta era clara: mergulhar nos processos, ouvir quem estava na ponta e cocriar melhorias.  “É nosso veículo para gerar valor. Influenciamos diretamente o desempenho da empresa, impulsionando a inovação e melhorando a produtividade e satisfação dos funcionários”, afirma Leandro.

RH com autonomia e impacto

Segundo Leandro, o que viabilizou esse novo posicionamento foi o apoio da liderança e o empoderamento do time para operar essa transformação com a autonomia necessária. “A implementação das Esteiras Ágeis de Processo ofereceu um serviço de imersão nos processos de negócio, promovendo a otimização e adoção de novas tecnologias”, conta. E mais: tudo isso foi feito com recursos internos, sem orçamento adicional, o que reforça a potência da inovação quando aplicada de forma consciente e estratégica. “Mostramos que a inovação pode começar simplesmente com a melhoria de processo que potencializa ações mais tecnológicas”, destaca, reforçando que o RH pode, e deve, assumir um papel consultivo, técnico e sensível. O resultado disso é uma cultura fortalecida, que mobiliza as pessoas a fazem junto e melhorarem.

Segundo ele, o que tornou tudo isso possível foi o apoio da liderança e o empoderamento do time para operar com a autonomia necessária. “A implementação das Esteiras Ágeis de Processo ofereceu um serviço de imersão nos processos de negócio, promovendo a otimização e adoção de novas tecnologias”, conta. E tudo foi feito com recursos internos, sem orçamento adicional — o que só reforça a potência da inovação quando aplicada com estratégia. “Mostramos que a inovação pode começar simplesmente com a melhoria de processo que potencializa ações mais tecnológicas”, destaca. No fim das contas, o case mostra que o RH tem potencial para desempenhar um papel mais consultivo, técnico e sensível na gestão de pessoas. Afinal, quando há escuta e intencionalidade nas ações, a cultura também se fortalece.

Melhor RH Innovation
Leandro Araújo, da Transpetro

Cultura feita por muitas mãos com propósito e inovação

Depois de mostrar como a inovação pode transformar e apoiar a gestão de pessoas, a Transpetro encerra seu primeiro ciclo no Melhor RH Innovation com um projeto que traduz tudo isso com muito significado. À primeira vista, quem vê o case “Somos Transpetro pelos Quatro Cantos” pode acreditar que se trata de uma ação comemorativa pelos 25 anos da empresa. Mas basta conhecer o projeto para perceber que se trata de um movimento simbólico, criado para representar, de forma genuína, o propósito da marca.

Ao percorrer o Brasil, conectando pessoas, territórios e culturas, a companhia conseguiu construir uma peça artística por muitas mãos. Em cada unidade, os colaboradores puderam deixar sua marca — e, ao final do processo, os pedaços de tecido bordados em diferentes regiões foram, enfim, costurados em um único painel, revelado em um evento com a diretoria. O resultado foi uma obra viva, que hoje ocupa um espaço permanente na sede da companhia.

Mais do que uma celebração, o projeto deixou um recado claro a todos: a cultura precisa ser vivida de verdade, de dentro para fora. E foi isso que aconteceu. A iniciativa traduziu, de forma simples e criativa, o que é propósito — costurando identidade, escuta e pertencimento em uma obra feita por muitas mãos. Com baixo custo e alto valor simbólico, o painel virou um legado coletivo. Um gesto simples, mas poderoso.

Melhor RH Innovation: inovação contínua por quem vive o dia a dia na Brasilata

Encerrando os cases desta edição, o Projeto Simplificação, da Brasilata, mostra que inovar é, essencialmente, saber ouvir, aprender com o que foi compartilhado e transformar essa escuta em ação. Segundo lugar na categoria Innovation do Melhor RH Innovation, o case nasceu em 1987, muito antes da inovação virar trend no meio corporativo, como um canal direto entre colaboradores e direção. De lá para cá, tornou-se uma plataforma digital gamificada, onde qualquer pessoa pode sugerir melhorias. A cada ideia aprovada, o colaborador acumula pontos, que podem ser trocados por prêmios. Mas o valor do projeto vai muito além das recompensas: ele reforça o protagonismo das pessoas e ainda traduz a inovação como parte do cotidiano da empresa.

Melhor RH Innovation
Juliana Cordeiro, gerente de RH da Brasilata

Na prática, tudo começa com a observação. Um colaborador, ao notar que algo poderia funcionar melhor, registra sua sugestão no sistema a fim de evitar um retrabalho ou pular uma etapa desnecessária. Em seguida, a ideia é avaliada pela empresa de acordo com critérios como impacto produtivo, economia de espaço, segurança e retorno financeiro. Depois disso, se fizer sentido, ela é implementada. Até o momento, mais de dois milhões de sugestões já foram registradas, muitas com resultados reais na operação. E para manter o engajamento vivo internamente, a empresa tem apostado em ações como desafios mensais, premiação por unidade e uma loja virtual com recompensas.

Hoje, todos os colaboradores são contratados com a função de “inventores”, tendo em vista que a inovação faz parte do DNA da Brasilata. Observando o sucesso do case fica fácil entender uma das lições mais importantes que o Melhor RH Innovation expôs: nem toda inovação precisa de orçamento robusto ou soluções complexas. Às vezes, basta escutar com atenção e se propor a melhorar o que já existe. Quando isso vira hábito, o resultado aparece no engajamento, na produtividade e no orgulho de fazer parte de algo importante.

O que muda quando o RH decide fazer diferente?

No fim das contas, a pergunta que abriu este ciclo continua nos provocando: o que é inovação, afinal? Se tem algo que os cases mostraram, é que não se trata de modismo ou discurso. Inovar é pensar diferente, testar, ajustar e ter coragem para recomeçar — e tudo isso com intenção. Quando é assim, a inovação não só transforma o RH. Ela transforma a empresa inteira.

Reflexões de quem fez o Melhor RH Innovation acontecer

Employer branding e RH

“A diversidade impacta positivamente o engajamento, a criatividade e a construção de soluções mais conectadas com a realidade da sociedade”Juan Pablo Leymarie, da Beiersdorf

Employer branding e RH

“Ao convidar os próprios colaboradores a serem embaixadores da nossa cultura, criamos uma conexão genuína entre o que somos internamente e como queremos ser reconhecidos no mercado” Mariá Menezes, da Sankhya

Melhor RH Innovation

“É assim que se gera valor. Influenciamos diretamente o desempenho da empresa, impulsionando a inovação e melhorando a produtividade e satisfação dos funcionários” Leandro Araújo, da Transpetro

Recrutamento, RH e Onboarding

“O RH do futuro é aquele que une tecnologia e empatia para criar experiências relevantes, posicionar a marca empregadora e garantir a sustentabilidade do ecossistema de talentos médicos”Keila Mendes, da Afya

RH, ESG e Felicidade Corporativa

A felicidade corporativa desempenha um papel essencial, contribuindo para a criação de um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e engajador”Christiane Araújo, da Naturgy

RH, ESG e Felicidade Corporativa

Vale a pena estimular uma cultura que promova um ambiente de trabalho em que ideias e vozes podem e devem ser escutadas, além de um ‘orquestramento’ organizacional que ajude nesse debate de forma interdepartamental” – Christiane Berlinck, do Grupo OLX

Investir no cuidado com as pessoas não é uma tendência, é uma estratégia de longo prazo para impulsionar resultados e fortalecer a marca empregadora”Dioneia Canci, da Fiagril

“Tendências como IA generativa, People Analytics avançado e automação de processos estratégicos já estão moldando o futuro do RHVic Marchiori, da CI&T

RH, desenvolvimento de lideranças e gestão de desempenho

“Inovar no desenvolvimento de lideranças vai muito além de oferecer treinamentos pontuais; é construir um verdadeiro ecossistema de aprendizado contínuo”Bruno Szarf, do Grupo Stefanini

“Quando o RH se aproxima das pessoas, entende suas realidades e atua com intencionalidade, ele deixa de ser apenas uma área de apoio e passa a ser um motor de transformação”Leandro Figueira Neto, do Grupo Marista

O papel do RH é preparar as pessoas para enfrentar os desafios do mercado com mais assertividade”Alexandre Gregory, da PremieRpet

RH e desenvolvimento de pessoas

“Tivemos melhoria na performance por meio da governança de dados, da automação de tarefas , da facilitação das tomadas de decisões, da redução do retrabalho e da melhoria da eficiência” – Ana Cecília, da Vivo

RH e desenvolvimento de pessoas

“Sabemos que cada indivíduo é único e quando identificamos que algum dos consultores está tendo dificuldades, a personalização de treinamentos é o melhor caminho para que ele consiga identificar onde pode melhorar e o que pode fazer” – Carolina Ferreira, da Alelo

RH e desenvolvimento de pessoas

Nosso propósito é garantir a sustentabilidade de pessoas e suas carreiras, de modo que adquiram capacidade para se manterem em trajetória profissional contínua e equilibradaMonica da Silva Matias, da Zurich

employee experience e RH

Esse reconhecimento reflete o compromisso da empresa com a valorização de seus colaboradores, o alinhamento ao valor ‘Pessoas’ e o fortalecimento de uma cultura baseada na humildade, no respeito e na máxima eficiência”Ruben Guimarães, da Cocal

employee experience e RH

“Ao envolvermos as pessoas na construção dos espaços e no desenvolvimento das soluções, promovemos senso de propriedade e responsabilidade compartilhada” Edvaldo Picolo, da Volkswagen do Brasil

Fortalecer uma cultura inclusiva, que viabilize a construção de times diversos, enriquece e fomenta a inovação”Lais Souza, da Accor América

diversidade e inclusão no RH

Fomentar equipes diversas amplia as perspectivas, impulsiona a criatividade e impacta positivamente os negócios e resultados”Letícia Toledo Mathias, do Banco PAN

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail