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Gerações Z e Alpha transformam o mercado de trabalho com demandas por flexibilidade e propósito

Jovens profissionais questionam modelos tradicionais, buscam equilíbrio entre vida pessoal e profissional e obrigam empresas a repensar recrutamento, benefícios e employer branding

de Redação em 1 de setembro de 2025

A entrada das gerações Z e Alpha no mercado de trabalho está desafiando modelos tradicionais. Não basta oferecer salários competitivos e benefícios básicos: jovens profissionais querem propósito, flexibilidade e ambientes mais humanizados.

Carolina Ferreira, diretora de Pessoas e ESG da Alelo

Segundo Carolina Ferreira, diretora de Gente e ESG da Alelo, a empresa adotou modelo híbrido de três a quatro dias presenciais, conforme a área. “Flexibilidade é mais que um benefício, dialoga com a marca empregadora. O que também comunica confiança e autonomia, e uma nova forma de medir a produtividade.”

Maria Sartori, diretora de Mercado na Robert Half

Maria Sartori, diretora de Mercado da Robert Half, reforça que o pós-pandemia mudou todas as gerações, mas com destaque para os mais jovens, ressaltando que o processo seletivo deixou de ser centrado em salários. “Essa nova atmosfera forjou toda uma geração a ser mais seletiva e crítica. Hoje, as perguntas dos candidatos se tornaram mais críticas, voltadas ao modelo de trabalho, se híbrido ou remoto, qual flexibilidade no trabalho, cultura e valores da empresa”, relata.

Recrutamento humanizado e novas tecnologias

Cia de Estágios – Tiago Mavichian
Foto: Germano Lüders

Tiago Mavichian, CEO da Companhia de Estágios, especialista no tema, pois sua empresa é focada em programas de entrada com seleção humanizada, diz que “antes considerava uma pessoa para a vaga pela sua formação, conhecimento, se morava próximo; e, do ponto de vista do candidato, este dizia apenas querer uma vaga de trabalho. Hoje, o candidato questiona mesmo o modelo e as condições de trabalho. Fizemos experiências no Metaverso e na Inteligência Artificial, encurtamos o processo de recrutamento em suas etapas e investimos mais em comunicação, pois todas as vagas da companhia são divulgadas agora no WhatsApp e nas redes sociais para gerar mais engajamento”.

Segundo o Mavichian, a forma de contratar mudou radicalmente nos últimos cinco anos. “Fizemos uma pesquisa que apontou que 96% dos jovens revelam ser muito importante o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Quando perguntamos sobre conquistas pessoais, casa, carro etc., 97% dizem que vão se esforçar muito para conseguir esses objetivos. Querem o melhor dos dois mundos. Buscam flexibilidade, desafios, reconhecimento e conquistas materiais”, considera.

A Companhia de Estágios já realizou experiências com Metaverso e Inteligência Artificial para agilizar processos e aposta em comunicação digital.

Employer branding: transparência é fundamental

Para Maria Sartori, da Robert Half, autenticidade e clareza são determinantes. “Muito se fala de employer branding, mas a palavra de ordem é transparência. É preciso detalhar cultura, expectativas e dar feedback em todos os processos.”

Mavichian complementa: “Perguntamos aos candidatos o que mais odeiam em seleções. No top 3 está a dificuldade de contato. Fizemos o oposto: ampliamos nossos canais de comunicação.”

“Aqui na Alelo falamos de flexibilidade com responsabilidade; humanização no modelo de gestão e nos processos; uma escuta genuína, colocando as pessoas como protagonistas.”
Carolina Ferreira, diretora de Gente e ESG

Benefícios sob nova ótica

O peso dos benefícios também está mudando. Pesquisa da Gympass citada por Renato Acciarto, da 2 Spread Comm, mostra que 82% dos profissionais trocariam benefícios por mais flexibilidade e bem-estar. “Os benefícios tradicionais estão ficando obsoletos, por isso devem ser mais flexíveis.”

Távira Magalhães, CHRO da Sólides

Na mesma linha, Távira Magalhães, CHRO da Sólides, alerta para um novo comportamento dos candidatos. “Hoje o recrutamento é uma via de mão dupla: a empresa escolhe o candidato e o profissional escolhe a empresa.”

Segundo a executiva, tudo deve ser transparente na hora da entrevista. “Quando falamos de felicidade, é uma discussão muito ampla, porque felicidade é um estado emocional. E o que provoca esse estado emocional numa pessoa é perceber o que traz valor para ela. Benefícios fazem a diferença e 70% das pessoas falam que podem ser melhorados. Mas entram na soma benefícios, facilidades e o ambiente”.

Pesquisa realizada pela plataforma de recrutamento apontou que o plano de saúde segue como benefício mais valorizado (19%), seguido de vale-alimentação (10%) e, em terceiro, segurança psicológica e horário flexível (9%).

Flexibilidade e felicidade corporativa

Para a executiva de RH Dani Plesnik, ainda há um equívoco sobre benefícios. “Piscina de bolinha ou pebolim não são mais diferenciais. O importante é respeitar o profissional e oferecer flexibilidade real.”

Ela cita um estudo citado no livro Why Workplace Wellbeing Matters, de Jan-Emmanuel De Neve e George Ward, publicado em 2025 [sem tradução no Brasil], com um levantamento feito com 20 milhões de colaboradores e apontou que a forma como o trabalho é desenhado, organizado e gerenciado afeta muito a decisão do candidato e do colaborador. “Flexibilidade afeta o bem-estar. Tem questão de causalidade, a independência do profissional é importante e, se não encontrar no local de trabalho, irá buscar em outras empresas. E, para cada perfil de funcionário, o tipo de benefício pode ter pesos diferentes; uns querem mais assistência médica, outros podem querer outro tipo de benefício”.

Para Carolina Ferreira, da Alelo, flexibilidade, propósito, autenticidade e benefícios personalizados deixaram de ser diferenciais e passaram a ser pré-requisitos. “Humanizar não é perder eficiência. É gerar conexão verdadeira”, finaliza.

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