Inovação

Por que minha saúde (e a sua!) não aceita desculpas – e por que insistimos em não entender isso? 

Confira a reflexão de Flávia Drummond, diretora de Marketing da Dasa, sobre o abismo entre a informação e a ação quando o assunto é cuidar da própria saúde

de Flavia Drummond em 12 de novembro de 2025
Saúde na gestão de pessoas Veja como transformar intenção em atitude por meio de experiências, conteúdo e ação coletiva

Como profissional e, antes de tudo, como pessoa, observo um paradoxo que me faz refletir: apesar do avanço da medicina e da crescente conscientização sobre exames preventivos, ainda há um abismo entre o “saber” e o “fazer”. Mesmo com acesso à informação, nos vemos paralisados por inúmeras razões – da falta de tempo ao medo do diagnóstico – que nos impedem de agir. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 70% dos brasileiros não têm o hábito de fazer check-up anualmente. E, confesso, por um tempo, eu mesma fiz parte dessa estatística. 

Recentemente, a pesquisa “Como o brasileiro cuida da saúde” (janeiro de 2025) trouxe um olhar ainda mais detalhado: embora 69% dos entrevistados afirmem realizar check-ups periodicamente, um recorte notável mostra que a maioria (77%) desse grupo tem mais de 45 anos. Isso me faz pensar sobre como podemos engajar mais as gerações mais jovens com a cultura da prevenção. Mas há um sinal de esperança que me motiva muito: 82% dos entrevistados têm grande interesse em melhorar seus cuidados com a saúde e consumir mais conteúdos educativos sobre bem-estar. Percebo que a vontade existe; precisamos é facilitar o caminho. 

O preço das desculpas

As “desculpas” que damos para adiar o cuidado com a saúde são, na maioria das vezes, reflexos de rotinas sobrecarregadas, pressões diárias ou desconhecimento sobre a simplicidade de certos passos preventivos. Eu mesma já me vi usando algumas delas, buscando argumentos para priorizar outras coisas.

Mas aprendi que a saúde não admite adiamentos; o tempo é um aliado primordial no diagnóstico precoce e na eficácia dos tratamentos. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a detecção precoce pode aumentar as chances de cura de muitos cânceres em mais de 90%. O que parece uma “desculpa” hoje, pode se tornar um desafio imenso e de alto custo — humano e financeiro — amanhã, e é algo que eu não desejo para ninguém. 

Como transformar intenção em ação

A partir dessa compreensão, vejo como imperativo a criação de iniciativas corporativas e governamentais que não apenas informem, mas humanizem a prevenção, motivando uma verdadeira transformação. Para promover essa mudança de comportamento, considero que é fundamental atuar em três frentes principais: 

  • Experiências marcantes: ações para quebrar a rotina e a indiferença, gerando visibilidade para a causa da prevenção. Podem ser campanhas inovadoras, eventos interativos ou iniciativas de alto impacto emocional. Eu as vejo como o ponto de partida, o impulso inicial que nos leva a reconsiderar prioridades, despertando a curiosidade e o engajamento para uma reflexão coletiva sobre a importância inegável da prevenção. 
  • Plataformas de conteúdo: são como o coração da estratégia de informação e engajamento sustentado. Nesses canais, a discussão sobre prevenção é aprofundada por histórias inspiradoras, entrevistas com especialistas, dados relevantes, artigos educativos e ferramentas interativas. O interesse de 82% dos brasileiros em conteúdos educativos sobre bem-estar valida este pilar, que nutre a curiosidade inicial com conhecimento e confiança. 
  • Ferramentas de ação: são informações e recursos que nos capacitam a tomar decisões ativas e informadas sobre nossa saúde, transformando a intenção em ação. Isso inclui informações claras sobre como agendar exames, a explicação detalhada de cada procedimento, a localização de serviços, orientações sobre hábitos saudáveis e suporte para navegar pelo sistema de saúde. Essa é a ponte entre o “saber” e o “fazer”, removendo obstáculos e simplificando o caminho para a prevenção. 

Saúde é escolha coletiva

Além dessas frentes, acredito firmemente que a responsabilidade social em saúde se manifesta também através de parcerias estratégicas. Iniciativas que demonstram como o cuidado individual se integra a um bem-estar coletivo não só fortalecem a percepção de valor, mas ampliam o alcance da mensagem. 

A comunicação e a conscientização têm o poder de ir muito além de informar. Para mim, elas são a centelha que acende em nós a decisão de trocar desculpas por atitudes. Meu maior objetivo é que a prevenção não seja um fardo, mas a bússola para uma existência rica em energia, realizações e tempo de qualidade. Essa é a métrica mais valiosa. 

Referências: 

  1. “Como o brasileiro cuida da saúde”. Pesquisa de janeiro de 2025. Disponível em:  gente.globo.com

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