Para a comunidade LGBTQIA + não precisar esconder de colegas e gestores a sua orientação sexual ou identidade de gênero, mais do que liberdade, traz a possibilidade de conseguir se dedicar ao trabalho sem um peso nas costas. Mas quais são os desafios que as empresas enfrentam para construir um ambiente respeitoso, diverso e seguro? Quem debateu a questão, abordada durante o 3º Fórum Melhor RH Confiança, promovido pela Plataforma Melhor RH em janeiro, foi Daniela Cortezze, Gerente de RH da Barilla do Brasil, ao lado de Margarete Yanikian, Superintendente de Recursos Humanos da Atento Brasil S/A, e Lia Mors, Gerente de Recursos Humanos da BRK Ambiental.

De acordo com a Gerente de Recursos Humanos da BRK Ambiental, Lia Mors, a solução encontrada pela organização foi criar o Diversifica, um comitê liderado pela CEO e pelo vice presidente da empresa, com o objetivo de estruturar todas as ações voltadas para a diversidade. “Essa junta interage com 4 grupos temáticos, entre eles LGBTQIA+, cujo foco é trazer ações de acolhimento às pessoas LGBTQIA+ e conscientização para todos os colaboradores”, diz Mors. “Hoje, temos mais de 6 mil funcionários, dos quais 8% se autodeclararam LGBTQIA+. Desses, 20% estão em cargos de analista, dos quais 1% se autodeclara trans. Esses dados mostram o quanto a geração que vem está quebrando barreiras e precisamos estar prontos para recebê-la. Por isso que, atualmente, a comunicação de nossos programas de estágio mostram esse ambiente diverso da empresa e o quanto acolhemos todas as diferenças.”

Na Atento Brasil, a Diversidade já faz parte do DNA da empresa, com uma governança voltada para o tema com cinco principais pilares trabalhados em diferentes canais internos e redes sociais. “Dentro da temática LGBTQI+, focamos a questão da visibilidade para pessoas Trans, com a possibilidade do uso do nome social por identidade de gênero desde 2013, independe do documento civil modificado. Também estendemos o uso do nome social para o crachá funcional, e-mail corporativo. O uso do banheiro também é de acordo com a identidade de gênero. Medidas que estão previstas na política de diversidade e que são comunicadas para todas as lideranças”, garante a superintendente de Recursos Humanos da Atento, Margarete Yanikian. “Realizamos em 2022 uma pesquisa anônima e, de 45% do nosso público de colaboradores que responderam, 19% se autodeclararam LGBT e cerca de 450 pessoas se autodeclararam trans ou não binárias.”

Para a gerente de RH da Barilla do Brasil, Daniela Cortezze, o tema Diversidade é trabalhado em no grupo em todo o mundo desde 2013. No Brasil,  criou-se o Grupo Respeito, formado por 9 pessoas, e focado no treinamento da equipe em 4 escopos: Raça, Etnia, Deficiência, LGBTQIA+ e mulheres. “Além disso, atuamos em parceria com a Casa Florescer, de acolhida de mulheres trans em situação de rua e vulnerabilidade, voltado para a reinserção dessas mulheres no mercado de trabalho, e com a Casa João Nelli, de acolhida de homens trans”, informa Cortezze.

“Desde que criamos o grupo, mudamos para de endereço para um prédio inclusivo, com banheiros individuais e sem gênero, com acessibilidade, garantimos o uso do nome social no prédio e no escritório. Além disso, durante a pandemia, iniciamos o processo seletivo às escuras para evitar escolhas com viés inconsciente. Os responsáveis pela vaga não têm acesso a informações pessoais dos candidatos, como nome, endereço, estado civil e faculdade na qual se formou, nem fotos. Sabem apenas suas experiências profissionais e todo o processo acontece por telefone, sem chamadas de vídeo. Os resultados foram animadores: além das partes gostarem do processo, tanto recrutadores quanto candidatos, as pessoas selecionadas vieram, com skills totalmente adequados às necessidades da empresa, e perfis diversos”, garante.

OFERECIMENTO: