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Assédio, desigualdade e sobrecarga: realidade das mulheres no mercado de trabalho ainda é preocupante, diz levantamento

Cai o assédio a mulheres no ambiente de trabalho, mas prática ainda atinge 73% das profissionais, diz estudo da Catho

de Redação em 24 de março de 2025
GGDeluxe99, via Freepik.com

Mesmo com avanços graduais em políticas de diversidade, o ambiente profissional ainda está longe de ser seguro e igualitário para as mulheres. É o que revela uma pesquisa da plataforma Catho, que ouviu quase 7 mil mulheres, a maioria residente da região Sudeste. Segundo o levantamento, o assédio no ambiente de trabalho atinge 73% das profissionais, uma queda tímida em relação aos 76% registrados em 2024.

O dado mais preocupante é que o assédio moral segue sendo o mais recorrente, apontado por 38,2% das respondentes. “Embora os números mostrem uma leve queda, o percentual de mulheres que ainda enfrentam assédio no ambiente de trabalho é alarmante. Precisamos continuar promovendo um local mais seguro e igualitário, onde todas possam desenvolver suas carreiras sem medo ou restrições”, afirma Patricia Suzuki, diretora de Recursos Humanos da Redarbor Brasil, grupo controlador da Catho.

Outro recorte importante da pesquisa diz respeito ao desemprego: houve um aumento de 32% no número de mulheres desempregadas em comparação à edição anterior do estudo. Além disso, 30% das entrevistadas não atuam nas áreas em que se formaram, um crescimento de 10% em relação a 2024.

A migração de carreira também se destacou na pesquisa. Entre as mulheres que consideram ou já fizeram uma transição profissional, 64% foram motivadas por melhores oportunidades e salários. Quando se trata de retenção de talentos femininos, 68% afirmaram não receber promoções ou reconhecimento em suas empresas atuais, o que contribui significativamente para a rotatividade e insatisfação.

Para Patricia Suzuki, as empresas precisam entender o impacto direto da diversidade nos resultados. “Ter mulheres presentes nas organizações é um fator essencial para inovação, diversidade de pensamentos e melhores resultados, visto que, com times mais diversos, é possível gerar soluções mais criativas e refletir melhor a sociedade como um todo”, destaca.

Além da falta de oportunidades e do preconceito estrutural, as barreiras continuam se acumulando. Mais de 60% das mulheres ouvidas relataram que precisam se qualificar mais do que os homens para chegar a cargos de liderança, enquanto quase 100% afirmaram já ter vivenciado algum tipo de preconceito no mercado de trabalho.

Muitas mulheres ainda enfrentam desafios constantes e se sentem desvalorizadas e sobrecarregadas quando o assunto é carreira e jornada de trabalho”, enfatiza Patricia.

Outros estudos reforçam o cenário

O levantamento da Catho dialoga com outras pesquisas recentes. Um estudo do IBGE divulgado em 2023 apontou que as mulheres brasileiras ganham, em média, 78% da remuneração dos homens — mesmo sendo maioria entre os graduados no ensino superior. Já o relatório Women in the Workplace 2023, da McKinsey & Company, mostra que apenas 1 em cada 4 cargos de liderança é ocupado por mulheres, e esse número cai ainda mais quando se observa mulheres negras e indígenas.

Além disso, o relatório da ONU Mulheres destaca que a carga de trabalho não remunerado — como cuidados com filhos, idosos e tarefas domésticas — é até três vezes maior para as mulheres do que para os homens, o que interfere diretamente em sua disponibilidade para ascensão profissional.

A falta de reconhecimento e as barreiras para o crescimento profissional geram frustração e impactam, inclusive, sua permanência nas empresas. Não podemos deixar de alertar para as companhias adotarem políticas inclusivas, investirem em qualificação e criarem ambientes que garantam oportunidades reais para ampliarmos a presença feminina”, finaliza Patricia.

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