Conseguir o primeiro emprego é o sonho de muitos jovens, mas é uma tarefa cada vez mais complicada com o passar dos anos. A falta de experiência, a necessidade de conciliação com os estudos e a intensa competitividade são impeditivos para o ingresso no mercado de trabalho.
Tanto que a exigência de experiência é apontada por 77% dos brasileiros como a maior barreira na hora de arranjar o primeiro emprego, segundo a pesquisa da Trendsity. Para complicar, entre aqueles que fazem um curso superior, apenas 9,2% estão estagiando, de acordo com a Associação Brasileira de Estágios (ABRES).
Em 18 de agosto foi celebrado o “Dia do Estagiário”, data instituída em 1982 e que relembra o decreto que regulamentou a lei sobre o estágio. Apesar do número baixo, ele ainda representa a porta de entrada dos jovens na carreira que desejam ingressar. Por isso, é preciso escolher bem qual profissão deseja exercer e, principalmente, buscar a qualificação necessária para se destacar nos processos seletivos e conseguir a tão sonhada vaga.
Mas não apenas as competências técnicas. Hoje, as empresas procuram e valorizam pessoas multidisciplinares, que possuem boa comunicação, criatividade, desenvoltura e, principalmente, que estejam antenados com o que acontece no setor e pensem em soluções inovadoras.
Em suma: a procura pelo primeiro emprego pode até estar mais difícil, mas quem se preparar e se dedicar com afinco não só conseguirá um trabalho, como também melhorará como profissional em suas carreiras. Confira algumas dicas:
Tecnologia ajuda, mas é preciso ficar atento
A busca pelo estágio passou por uma transformação nos últimos anos. Se antes era preciso bater na porta de empresas ou ficar de olho em feiras e congressos, hoje é possível se candidatar e até conseguir a vaga com poucos cliques na Internet.
“Conseguimos automatizar as buscas, mandando sempre, de forma segmentada, as melhores vagas com o perfil do candidato. Não é difícil conseguir o primeiro estágio, mas percebemos o pouco interesse dos jovens. Há um grande número de perfis incompletos e a falta em entrevista de estágio chega a 35%”, comenta Henrique Calandra, fundador do WallJobs.
Na falta de experiência profissional, valorize outras habilidades
A quantidade de perfis incompletos tem relação também com a falta de experiência profissional de muitos candidatos a estágio. Grande parte dos estudantes não possui histórico na área e nem uma grande quantidade de certificados que atestem seu domínio em um tema. Então, como é possível chamar a atenção de recrutadores?
“Há outros pontos que os avaliadores levam em consideração que vão muito além das informações apresentadas no currículo. É preciso desenvolver habilidades que façam a diferença no dia a dia da corporação, como extrair seu potencial criativo, analisar criticamente um fato, ser capaz de gerir o tempo e, principalmente, a comunicação”, pontua Maíra Pimentel, cofundadora da Tamboro.
Busque vagas que estejam alinhadas com seus objetivos
Uma alternativa para que a busca pelo estágio e primeiro emprego seja mais efetiva é filtrar vagas e anúncios que estejam alinhadas com seus objetivos e metas de vida. Em um cenário de crise econômica pode parecer loucura “escolher” um emprego, mas isso ajuda no seu crescimento profissional.
“Evite pensar na remuneração e nos benefícios, mas considere o fato de onde realmente gostaria que seu talento fosse desenvolvido. Reflita sobre o tipo de ambiente que lhe favorece para ser mais produtivo. Não dá para imaginar, por exemplo, que um vegetariano dê o seu melhor em uma distribuidora de carne”, exemplifica a coaching Allesandra Canuto.
Fique antenado às tendências e às profissões “do futuro”
O relatório “Futuro do Trabalho”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, indica que 65% das crianças que estão nos primeiros anos da escola irão trabalhar em empregos que ainda não foram criados. Estar antenado a estas tendências ajuda o estudante a se destacar no mercado de trabalho.
“Para os que ainda estão em dúvida na escolha da carreira, as melhores profissões são aquelas correlacionadas à sustentabilidade, infraestrutura, saúde e qualidade de vida, marketing e vendas e tecnologia da informação. Mas é necessário observar essas tendências, avaliando as oportunidades de mercado para direcionar sua carreira”, explica Edson Moretti Júnior, gerente de gestão de pessoas do Grupo Impacta Tecnologia.
Escolha uma formação que possibilite seu crescimento integral
Mas antes de sair procurando um curso que tenha possibilidade de crescimento, é preciso fazer uma avaliação interna: essa disciplina atende todas as minhas escolhas? Eu terei um crescimento profissional com desenvolvimento crítico e capaz de crescer em diferentes áreas? Essas questões precisam ser respondidas antes de se matricular em uma faculdade.
“Hoje, os jovens chegam muito cedo para a escolha de uma formação. O mais importante é ele perceber alguma afinidade daquele curso com seus interesses. Além disso, o curso deve buscar a formação integral do jovem, possibilitando a ele identificar como o curso pode favorecer suas escolhas”, afirma Nilson Leis, pró-reitor do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (UNISAL).