Saúde

Cardápio em transformação

de Redação em 19 de janeiro de 2015

Aumenta o interesse do trabalhador por pratos mais saudáveis

O trabalhador brasileiro está mais preocupado com sua alimentação. É o que se conclui a partir de dados da Pesquisa Refeição Assert Preço Médio 2014, da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert). O estudo aponta que o aumento percebido pelos estabelecimentos no consumo de frutas no ano passado foi de 61%. No caso das verduras e legumes, houve um crescimento de 69%. E a preferência por sucos naturais subiu impressionantes 70% — em restaurantes executivos, a variação foi de 80%.

Pela segunda vez, a pesquisa da Assert monitora a percepção de alimentação saudável por parte de quem prepara a alimentação do trabalhador. E uma das conclusões mais interessantes é que os estabelecimentos que oferecem refeições associam a alimentação saudável a saladas (82% dos entrevistados) e a legumes (por metade da amostra ouvida). A preocupação com a oferta de produtos frescos e bem escolhidos é um quesito praticamente unânime (94%).

O brasileiríssimo arroz e feijão ainda não tem seu valor nutricional devidamente reconhecido: menos de um quinto dos entrevistados associa a dupla a uma alimentação saudável. Entre os estabelecimentos que servem o chamado prato comercial, esse reconhecimento é maior: 40% da amostra desse segmento. Independentemente disso, a mais brasileira das combinações gastronômicas é oferecida por 89% dos estabelecimentos.

Também foi apurado no levantamento o custo do almoço para os trabalhadores. Segundo o estudo, de segunda a sexta-feira, em restaurantes que trabalham com vales/tíquetes-refeição, nos sistemas comercial, autosserviço, executivo e à la carte, o preço médio da refeição composta por um prato mais bebida, sobremesa e café é de 30,14 reais. As variações regionais são pequenas e vão de 28,20 reais no Sul, até 31,44 reais no Centro-Oeste. “O montante que um trabalhador gasta por mês para se alimentar durante o trabalho é significativo, comprovando que o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) do Ministério do Trabalho e Emprego continua sendo um importante instrumento de inclusão social”, alerta Artur Almeida, presidente da Assert.

O PAT foi lançado em 1976 e é considerado um dos mais bem-sucedidos programas sociais do Brasil. “Atualmente, 17 milhões de trabalhadores com registro em carteira têm acesso ao benefício, sendo que 80% têm renda até cinco salários mínimos, o que nos dá a real dimensão desse benefício”, destaca. Sua relevância é mais acentuada justamente para a população de baixa renda, que sofre mais com a inflação dos alimentos – que foi a mais elevada em 2013. “A sociedade e a economia brasileira ganham muito com esse programa”, afirma Almeida. “Ao atender prioritariamente a população de baixa renda, o PAT assume um forte componente social de inclusão, pois garante o acesso à alimentação, que é um direito de todos os seres humanos, beneficiando a sociedade como um todo”, explica. “E ao elevar a produtividade dos trabalhadores, conforme já comprovado por estudos, o PAT contribui também para a competitividade da economia brasileira”, completa.

A boa notícia é que as refeições mais baratas também oferecem opção mais equilibrada do ponto de vista nutricional. “Em todas as cidades pesquisadas, o chamado prato comercial é a opção mais econômica”, destaca Almeida. Trata-se de prato típico da culinária brasileira, no qual a mistura feijão com arroz, rica nutricionalmente, se constitui em sua base essencial. O prato comercial geralmente consiste em arroz, feijão, algum tipo de carne (bife, frango, filé de peixe) e salada, mas, dependendo da localidade, podem constar outras opções. “Embora não ofereça a variedade de um buffet de autosserviço, onde o trabalhador encontra inúmeras opções de saladas, legumes e grelhados, o prato comercial tem uma excelente relação custo-benefício com boa perspectiva no equilíbrio nutricional e no preço”, ressalta.

Não é de estranhar, portanto, o aumento registrado em 2013 na procura por pratos com arroz e/ou feijão por parte dos consumidores. A variação da procura por pratos que tenham arroz e feijão como componentes foi de 30% na média nacional. Mas nas regiões Norte e Nordeste esse percentual ultrapassou os 40%.

+ Pesquisa
A Pesquisa Refeição Assert Preço Médio 2014, da Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador, foi conduzida pelo Datafolha por meio de 4.681 entrevistas com padarias, bares, lanchonetes e restaurantes que trabalham com os sistemas de refeição: comercial, autosserviço, executivo e à la carte que aceitam vales/tíquetes-refeição em 49 cidades das cinco regiões do país, sendo que 21 delas são capitais estaduais. Por meio de entrevistas pessoais, a pesquisa levantou 5.580 preços de pratos. O preço médio é obtido a partir de quatro tipos de pratos específicos, que caracterizam os seguintes estabelecimentos:

Comercial ($): estabelecimento de padrão médio, com preço baixo e serviço simples; representa 48% da amostragem (*);

Autosserviço ($$): estabelecimento que trabalha com preço fixo ou por quilo e no qual o cliente se serve; representa 63% da amostragem (*);

Executivo ($$$): restaurantes diferenciados, que têm garçom, maître, recepcionista, valorizam a ambientação e o atendimento; o prato executivo, também ofertado como almoço executivo, prato do dia, sugestão do chefe ou sugestão do dia, é servido em dias úteis, somente no almoço, com intuito também de aproveitar trabalhadores usuários do benefício-refeição; é apresentado geralmente em uma lâmina diferenciada no cardápio à la carte; representa 5% da amostragem (*);

À la carte ($$$$): estabelecimento que prepara na hora a opção do cardápio escolhida pelo cliente; ambiente mais sofisticado; representa 10% da amostragem (*).

* A soma dos percentuais dá mais que 100% porque há sobreposição nas categorias, com restaurantes executivos que também oferecem autosserviço, por exemplo.

 

Prato ideal
O que deve conter um prato balanceado? Para responder a essa questão, Renata Tseng, nutricionista consultora da Alelo, dá algumas dicas. “Ele deve conter uma porção de carboidratos (arroz, batata, macarrão, mandioca), uma porção de proteína (carne bovina magra, aves, peixes, ovos, feijão, lentilha, soja), dever ser rica em verduras, legumes, além de uma fruta ou suco de fruta, para suprir as necessidades de fibras e vitaminas”, explica, acrescentando que é também recomendável evitar frituras, alimentos gordurosos e doces.

Confira alguns exemplos de porção:

► 1 porção de carboidrato = 4 colheres (sopa) de arroz ou 2 batatas cozidas (médias) ou 1 xícara de macarrão sem molho ou 2 colheres (sopa) milho

► 1 porção de leguminosa = concha (média) de feijão ou 2 colheres de sopa de ervilha ou lentilha ou soja ou 1 colher de sopa de grão- de-bico

 1 porção de proteína (100 gramas) = 1 bife ou 2 filés de frango ou 2 filés de peixe ou 1 ovo cozido (limitar a 3 ovos por semana)

► 1 porção de legumes = 4 fatias de tomate ou 1 colher (sopa) de cenoura ralada ou 2 buquês de brócolis ou 3 fatias de beterraba cozida e unidade de pepino

► Folhas à vontade

 

Receita produtiva
Uma pesquisa divulgada pelo Journal of Occupational and Environmental Medicine – importante revista norte-americana na área médica – apontou que pessoas que comem refeições saudáveis têm melhor desempenho no trabalho.

Os dados do estudo apontaram que funcionários que comem alimentos saudáveis durante o dia são 25% mais propensos a ter melhor desempenho de trabalho.

“O desempenho profissional está diretamente relacionado à qualidade de vida. Por isso, os hábitos alimentares são capazes de influir, de forma boa ou não, no rendimento de cada pessoa e também nos resultados de uma empresa”, comenta a nutricionista Andressa Barbosa, que coordena o programa de educação nutricional Viva Melhor da Risa Restaurantes Empresariais.

 

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