Pesquisa

Para 43% das empresas brasileiras, garantir o comprometimento dos funcionários é desafio

Qualidade de vida no local de trabalho (60%) e questões de diversidade e inclusão (54%) são indicadores que possuem alto impacto na questão

de Redação em 22 de agosto de 2024
pxhere.com

De acordo com a edição de 2024 do Estudo Internacional Radioscopia aos Departamentos de Recursos Humanos do Grupo Cegos, 43% das empresas no Brasil enfrentam dificuldades para garantir o comprometimento e o desempenho dos funcionários. O levantamento foi realizado com organizações do setor público e privado, em março deste ano. Abrange 9 países da Europa (França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Reino Unido) e da América Latina (Brasil, México, Chile). Nesta edição, foram inquiridos 5.052 colaboradores e 554 decisores de RH de organizações do setor privado e público com 50 ou mais colaboradores sobre as questões e os desafios futuros em matéria de Recursos Humanos.

A pesquisa também aponta que qualidade de vida no local de trabalho (60%) e questões de diversidade e inclusão (54%) são indicadores que possuem alto impacto dentro da organização. Cerca de 30% das empresas possuem problemas para desenvolver as competências e a empregabilidade de todos os colaboradores.

“Uma das principais razões para esse cenário é a falta de comunicação eficaz dentro das empresas. Muitas vezes, os gestores não conseguem transmitir de forma objetiva as expectativas e metas da organização, o que acaba gerando desalinhamento e desmotivação por parte dos funcionários. Além disso, a ausência de feedback construtivo e o reconhecimento do trabalho dos colaboradores também contribuem para a baixa produtividade e engajamento”, comenta Fernanda Godoy, CEO da Prando Godoy.

Especialista em Design Instrucional e Educação Corporativa, Fernanda acredita que outro fator que impacta diretamente no comprometimento dos funcionários é a falta de oportunidades de crescimento e desenvolvimento profissional. “Os colaboradores precisam enxergar perspectivas de evolução na empresa e, quando isso não acontece, é natural que se sintam desmotivados e pouco engajados com as suas atividades. É fundamental que as organizações planejem de forma mais organizada os programas de capacitação, treinamento e plano de carreira para manter seus talentos motivados e comprometidos”, comenta.

Fernanda reforça que é essencial para as empresas estarem atentas aos sinais de desengajamento e baixo desempenho dos funcionários para que, ao identificar as causas, as medidas corretivas sejam implementadas, principalmente quanto ao impacto da cultura organizacional, que desempenha um papel fundamental nessa questão. Empresas que valorizam o bem-estar dos colaboradores tendem a ter equipes mais comprometidas e produtivas, mas organizações com uma cultura tóxica e competitiva acabam afastando os talentos e prejudicando seus desempenhos.

Cara inconveniência e impactos na saúde mental

O estudo do Grupo Cegos corrobora outro levantamento global realizado anteriormente, a versão mais recente do State of the Global Workplace, do Instituto Gallup. A pesquisa em questão indica que a falta de engajamento dos funcionários além de inconveniência, é grande prejuízo para a economia global, causando um rombo de de R$ 48 bilhões às companhias, o equivalente a 9% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Cerca de 62% dos colaboradores em todo o mundo estão desengajados.

Para Luciana Lima, professora do Insper e especialista em liderança e gestão de pessoas, “O baixo envolvimento dos funcionários é um problema complexo que requer uma abordagem multidisciplinar por parte das empresas”.

O estudo aponta para o impacto da solidão no ambiente de trabalho, com um em cada cinco funcionários sentindo-se solitário (majoritariamente profissionais com menos de 35 anos e trabalhadores remotos). 

A solidão crônica pode ter sérios impactos na saúde mental e no desempenho dos colaboradores. Portanto, é fundamental que as empresas adotem medidas para promover a conexão e o apoio entre os membros da equipe”, alerta Lima. 

O Gallup aponta ainda que colaboradores descontentes com suas ocupações são propensos a níveis elevados de estresse diário e emoções negativas. O ambiente de trabalho, observa a especialista, “é um fato nas avaliações da qualidade de vida e nas emoções cotidianas”, observa a especialista.

Outro aspecto destacado pela consultoria é a influência dos gestores no engajamento dos funcionários. Quando os líderes demonstram engajamento, os colaboradores têm mais probabilidade de se envolverem em suas atividades. “Isso ressalta a importância de as empresas terem líderes capacitados, empenhados e bem formados que estejam comprometidos com o bem-estar geral do negócio e da equipe“, observa Lima.

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